SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa brasileira fechou em leve baixa nesta segunda-feira (11), em meio a um ambiente desfavorável a risco no exterior antes de uma série de decisões sobre juros no mundo nesta semana, incluindo as do Federal Reserve, nos Estados Unidos, e do Banco Central do Brasil. O Ibovespa terminou o dia em recuo de 0,14%, aos 126.916 pontos.
Já o dólar subiu, com investidores aguardando, além das decisões de juros, a divulgação de novos dados de inflação nos Estados Unidos. A moeda americana terminou o dia em alta de 0,16%, cotada a R$ 4,936.
Um operador ouvido pela Reuters pontuou que, em função da agenda esvaziada desta segunda-feira, os participantes do mercado brasileiro de câmbio ficaram em compasso de espera para o restante da semana. Durante a tarde, segundo ele, chamou a atenção o volume menor de negócios, tanto no segmento à vista quanto no futuro.
O foco dos investidores estava nos dados de inflação dos EUA de terça-feira, que precederão a decisão do Fed de quarta, em que o banco central deve manter os juros na faixa atual de 5,25% a 5,50%.
“Em dia de agenda esvaziada, os mercados globais exibem pouco fôlego, às vésperas das decisões de política monetária de importantes bancos centrais”, disse o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco em relatório, acrescentando que “os dados de inflação ao consumidor nos EUA contribuirão para a calibragem das expectativas para a decisão do Fed.”
Para a equipe da Azimut Brasil Wealth Management, o Fed deve reconhecer a melhoria do cenário, mas manter posição de cautela procurando atenuar o ímpeto dos mercados com relação ao ciclo de cortes. “Nessa linha, julgamos pouco provável que as projeções (SEP) mostrem uma trajetória agressiva de cortes em 2024.”
No Brasil, a expectativa é de que o BC realize um novo corte de 0,50 ponto percentual na Selic, levando-a a 11,75%.
Para Eduarda Schmidt, economista da Órama, o comunicado da autoridade monetária não deve trazer mudanças relevantes.
“A conjuntura internacional melhorou em relação ao último encontro, com forte recuo nos rendimentos dos juros de longo prazo. Contudo, ainda existem incertezas quanto à resiliência da economia americana, principalmente no mercado de trabalho”, afirma a economista.
No cenário doméstico, Schmidt afirma que os principais fatores de riscos elencados pelo BC devem ser mantidos. “Esperamos reconhecimento do avanço das reformas estruturais. Nos indicadores, apesar do comportamento positivo da desinflação, ainda vemos um mercado de trabalho forte, que pode representar um risco de reversão da trajetória dos preços”, diz ela.
A economista aponta, ainda, que a resiliência do mercado de trabalho e as expectativas de inflação, além de um possível descompasso com o banco central americano, diminuem o incentivo do BC para acelerar o ritmo de corte de juros no Brasil no curto prazo.
Na Bolsa brasileira, o dia foi de realização de lucros, ou seja, quando investidores vendem papéis que se valorizaram rapidamente para efetivar os ganhos com os papéis, após fortes altas do Ibovespa nos últimos pregões.
A maior queda do dia foi do GPA, que recuou 6,70% após anúncio de que a companhia contratou bancos de olho em uma potencial oferta primária de papéis da companhia da ordem de R$ 1 bilhão, bem como propôs uma nova formação para o conselho de administração. Dado o valor de mercado da empresa, de R$ 1,17 bilhão, o follow-on tem uma diluição potencial de cerca de 50% para os acionistas.
A Braskem aparece logo em seguida na lista de maiores perdas, com baixa de 4,71%, após o colapso de uma de suas minas em Maceió (AL) no domingo (10).
A Petrobras, segunda maior empresa da Bolsa brasileira, caiu 0,38% e ficou entre as mais negociadas da sessão, também pressionando o Ibovespa.
Redação / Folhapress