SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após uma abertura frágil, a Bolsa brasileira firmou queda no fim da manhã desta sexta-feira (5), ainda sob pressão das ações da Petrobras, que eram as mais negociadas da sessão e caíam cerca de 1%, mesmo em dia de alta do petróleo no exterior.
Em meio a ruídos políticos, possíveis trocas no comando e incertezas sobre o pagamento dos dividendos extraordinários retidos em março, os papéis da estatal devem continuar sendo penalizados.
No câmbio, o dólar abriu estável, mas engatou alta no início da tarde, enquanto investidores repercutem dados de emprego mais fortes que o esperado nos Estados Unidos.
Às 13h45, o Ibovespa caía 0,31%, praticamente estável aos 127.028 pontos, enquanto o dólar subia 0,35%, cotado a R$ 5,069. Os papéis preferenciais da Petrobras caíam 0,84%.
Nos EUA, dados sobre o mercado de trabalho divulgados nesta sexta mostraram que o país criou 303 mil vagas de emprego em março, bastante acima dos 200 mil postos esperados pelo mercado.
Sobre salários, a média de ganhos por hora aumentou 0,3% em março, depois de alta de 0,2% no mês anterior, com o fim de algumas distorções relacionadas ao clima.
O aumento anual dos salários desacelerou para um patamar ainda alto de 4,1% em março, em comparação com 4,3% em fevereiro. O crescimento dos salários em uma faixa de 3% a 3,5% é considerado consistente com a meta de inflação de 2% do Fed.
“Esse dado surpreendeu o mercado e demonstra que o mercado de trabalho nos EUA ainda está muito aquecido, e isso pode ser refletido na inflação, tornando ela mais persistente e corroborando os últimos discursos de dirigentes do Fed”, diz Andre Fernandes, sócio da A7 Capital.
Já Gustavo Cruz, da RB Investimentos, destaca que o crescimento salarial de 4,1% veio em linha com o esperado e não deve faze pressão relevante sobre a inflação americana.
“Tanto a criação de vagas quanto os salários não apresentaram um crescimento relevante capaz de indicar uma retomada expressiva dos salários em meio à criação massiva de vagas. Essa ausência de crescimento salarial é importante, pois os salários em alta seriam a principal fonte de pressão inflacionária”, afirma Cruz.
Sávio Barbosa, economista-chefe da Kínitro Capital, também considera que os salários seguiram uma dinâmica benigna, mas afirma que o atual ritmo de geração de vagas tende a apertar o mercado de trabalho.
“Os dados de hoje não colocam qualquer pressa sobre a autoridade monetária para antecipar o ciclo [de corte de juros]. Os dados do mercado de trabalho estão surpreendendo para cima, assim, os dados de inflação precisam mostrar dinâmica muito benigna”, afirma Barbosa.
Na quinta (5), as ações da Petrobras registraram forte queda e limitaram os ganhos da Bolsa brasileira, que chegou a ultrapassar os 129 mil pontos, mas perdeu tração. Em meio a rumores sobre uma possível troca de comando, os papéis da petroleira foram os mais negociados e ditaram o tom das negociações.
Como pano de fundo, a coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, noticiou que o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, pediu uma audiência com Lula (PT) para conversar sobre ataques de integrantes do governo contra ele. Prates estaria considerando, inclusive, sair do comando da estatal.
Com a possível saída de Prates, passou-se a cogitar a possibilidade de o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, vir a suceder o senador na presidência da Petrobras.
Após os rumores, os papéis da companhia, que vinham num desempenho positivo, viraram para queda, mas rapidamente se recuperaram e voltaram a operar alta, com notícia da colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo, de que os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil) decidiram pagar os dividendos da petroleira que foram retidos no mês passado.
No fim do dia, no entanto, as ações voltaram ao terreno negativo, e os papéis da Petrobras terminaram a sessão em queda de 1,40%, e o Ibovespa fechou com oscilação positiva de 0,08%, praticamente estável aos 127.427 pontos.
No câmbio, o dólar até começou o dia em queda, em meio ao recuo nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, mas reverteu as perdas e fechou em alta de 0,22%, cotado a R$ 5,051.
Redação / Folhapress