Bolsa fecha em estabilidade e dólar recua, com Petrobras e exterior em foco

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa brasileira fechou praticamente estável nesta sexta-feira (17), com recuo de 0,10%, a 128.150 pontos, em pregão marcado por mais perdas da Petrobras e foco no exterior, sobretudo China e Estados Unidos.

Já o dólar perdeu 0,54%, cotado a R$ 5,101 na venda.

O principal índice da Bolsa foi embalado pelo terceiro dia de perdas da Petrobras, após a demissão de Jean Paul Prates levantar temores de interferência política na estatal. Os papéis preferenciais recuaram 1,66%, cotados a R$ 36,69; os ordinários, 1,83%, a R$ 38,57.

Com isso, a petroleira perdeu R$ 57,5 bilhões em valor de mercado em três dias.

O impacto no Ibovespa, porém, foi contido pelo avanço firme de 1,96% da Vale, de peso semelhante à Petrobras no índice. A mineradora surfou na alta do minério de ferro na China, em resposta a “medidas históricas” tomadas pelo governo para estabilizar o setor imobiliário do país.

O governo chinês, em esforço de US$ 138 bilhões, anunciou a flexibilização das regras de hipoteca e incentivos à compra de imóveis não vendidos de incorporadoras —a “tentativa mais agressiva até agora” para recuperar o setor, de acordo com análise dos economistas da Guide Investimentos.

“Os formuladores de políticas estão trazendo um senso de urgência para revitalizar o setor imobiliário do país, após dados oficiais de sexta-feira mostrarem que os preços das casas registraram as maiores quedas mensais em uma década neste mês de abril, mesmo em meio à colocação de uma série de políticas expansionistas voltadas para impulsionar a atividade no setor”, afirma a Guide, em nota.

A atenção dos investidores também se voltou a falas de dirigentes do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), em momento de total atenção à qualquer pista sobre a trajetória da taxa de juros norte-americana.

A diretora Michelle Bowman, conhecida como uma das vozes mais conservadoras do colegiado norte-americano, afirmou nesta sexta que “continua disposta a aumentar a taxa básica em uma reunião futura, caso os dados recebidos indiquem que o progresso da inflação estagnou ou se inverteu”.

“Depois de observar um progresso considerável na desaceleração da inflação no ano passado, ainda não observamos nenhum progresso adicional neste ano”, disse Bowman em comentários para a Associação de Banqueiros da Pensilvânia.

O discurso seguem a esteira da divulgação de dados de inflação abaixo do esperado em abril. O CPI, na sigla em inglês, subiu 0,3% no mês passado, depois de avançar 0,4% em março e fevereiro. Nos 12 meses até abril, o índice teve alta de 3,4%, ante 3,5% em março.

Economistas consultados pela Bloomberg previam alta de 0,4% na base mensal e 3,4% na anual. O resultado sugere que a inflação norte-americana retomou a tendência de queda no início do segundo trimestre, o que elevou as apostas de um corte na taxa de juros em setembro.

Do lado de cá, falas de Roberto Campos Neto eram esperadas na 2ª Conferência do BC, em Brasília. Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o presidente da autarquia afirmou que não pode antecipar novos cortes na taxa Selic e que o BC precisa “de tempo, serenidade e calma para saber como as variáveis vão se desenrolar” até a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), em junho.

Em resposta, as curvas de juros futuros subiram, adicionando pressão ao Ibovespa.

No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,365%, ante 10,352% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,66%, ante 10,56% do ajuste anterior.

A taxa para janeiro de 2027 estava em 11,005%, ante 10,887%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,29%, ante 11,171%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,69%, ante 11,583%.

Em geral, a Selic mais alta torna o real mais atraente para uso em estratégias de “carry trade”, em que investidores tomam empréstimos em países de taxas baixas e aplicam esse dinheiro em mercados mais rentáveis, de forma a lucrar com o diferencial de juros.

Na cena corporativa, os papéis da 3R Petroleum dispararam 7,14%, após o conselho de administração da petroleira aprovar a incorporação da Enauta, formando uma companhia de petróleo com “alto” potencial de crescimento nos próximos anos.

Já Rumo recuou 1,43%, tendo no radar relatório de analistas do Goldman Sachs avaliando que a relação risco/retorno das ações melhorou após queda recente, mas reiterando recomendação “neutra” e reduzindo o preço-alvo de R$ 27 para R$ 24,50.

Os analistas destacaram que a safra em 2024 ainda deve ser menor ano a ano, o que poderá manter os preços do frete de caminhões sob pressão este ano e então levar a um resultado desfavorável nas negociações de preços da Rumo para o próximo ano.

Na véspera, a Bolsa fechou em alta de 0,20%, a 128.283 pontos, acumulando na semana uma variação positiva de 0,43%. Já o dólar recuou 0,10%, cotado a R$ 5,130, em baixa de 1,06% na semana.

Redação / Folhapress

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