SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Bolsa operava em alta firme nesta terça-feira (6), com foco na cena corporativa.
Por volta das 17h22, o Ibovespa avançava 2,04%, aos 130.259,69 pontos.
O dólar fechou em queda de 0,38%, cotado a R$ 4,962. A moeda norte-americana foi em linha com o exterior, em sessão marcada pela busca global por ativos de risco.
“Nos últimos dias, com a decisão de política monetária do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) na semana passada, o dólar acabou se valorizando, com um sentimento pessimista nos mercados”, avaliou Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, à Reuters.
“O (presidente do Fed, Jerome) Powell fez colocações no sentido de que o mercado não deveria ficar tão animado com cortes de juros no primeiro semestre, o que acabou jogando um balde de água fria nos investidores.”
Nesta terça-feira, o ambiente era de otimismo, com os investidores em busca de ativos de maior risco, como o real. Além de ajustes em relação aos movimentos mais recentes, as cotações refletiam, conforme Izac, declarações da presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester.
Para ela, se a economia dos Estados Unidos tiver o desempenho esperado, isso poderá abrir a porta a cortes na taxa básica de juros. Por outro lado, Mester disse que ainda não está pronta para oferecer qualquer cronograma para uma política monetária menos restritiva.
No pregão, operadores repercutiam o anúncio da Natura&Co da noite de segunda-feira. A empresa de cosméticos e beleza disse que seu conselho de administração autorizou a diretoria a estudar uma separação das marcas Natura e Avon, o que criaria duas companhias independentes e de capital aberto.
A possibilidade animava o mercado, com os papéis da Natura&Co liderando ganhos com 6,35%.
Ainda no mundo corporativo, a alta do petróleo Brent no exterior impulsionava Petrobras (1,35%), uma das empresas de maior peso no Ibovespa, e pares petrolíferas, como Petroreconcavo (4,45%), 3R Petroleum (4,41%) e Prio (3,73%).
Vale também registrava ganhos, a 1,80%, apesar de mais um dia de recuo nos preços do minério de ferro na China.
O setor bancário também exaltava os ânimos dos investidores. O foco estava no anúncio de oferta pública de aquisições de ações da Cielo, controlada pelo Bradesco e pelo Banco do Brasil. A operação, segundo cálculos da XP, pode movimentar até R$ 5,6 bilhões.
Bradesco subia 5,76%; Cielo, 3,98%.
Itaú também figurava no sinal positivo, com 3,96%, após publicar o balanço do quarto trimestre de 2023.
Da outra ponta, Embraer liderava entre as perdas, com queda de 3,57%, após o HSBC rebaixar a nota de “compra” de papéis para “espera”. Localiza vinha na sequência, com recuo de 2,88%, na esteira do corte de preço-alvo da companhia de R$ 82 para R$ 81 pelo JPMorgan.
Já na cena macroeconômica, a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central), divulgada nesta manhã, não trouxe grandes novidades para o mercado. A autoridade avaliou que o cenário doméstico tem evoluído como esperado, com um progresso desinflacionário relevante, mas que a incerteza internacional ainda impõe cautela à política monetária.
“Em suma, o Banco Central continua com sua abordagem prudente e relativamente muito confortável com a estratégia atual” de adotar cortes de 0,50 ponto percentual, sem espaço para acelerar o ritmo de flexibilização, disse Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez.
Na segunda-feira (5), o dólar fechou em alta de 0,27%, cotado a R$ 4,981. Para analistas, o movimento de queda desta terça reflete uma recomposição de perdas da divisa.
Já a Bolsa avançou 0,32% na véspera, aos 127.592,38 pontos. O pregão foi marcado pelas falas de Jerome Powell, presidente do Fed, no programa “60 Minutes” da CBS, no domingo.
Powell minimizou as chances de cortes iminentes na taxa de juros norte-americana, referência para os mercados globais.
“A atitude prudente a ser tomada é dar um tempo e verificar se os dados confirmam que a inflação está caindo para 2% de forma sustentável. Queremos abordar essa questão com cuidado”, disse.
Os operadores também digeriam dados do mercado de trabalho e de atividade do setor de serviços dos EUA, que superaram as expectativas dos analistas consultados pela Reuters.
O ‘payroll’ trouxe a abertura de 353 mil vagas de emprego no mês passado, ante projeção de 180 mil. Já o PMI de serviços aumentou de 50,5 em dezembro para 53,4 em janeiro, contra expectativa de 52,0. Leituras acima de 50 indicam expansão da atividade.
Os dados indicam uma economia forte e resiliente. “Então, o Fed tem que tentar conter esta inflação com juros”, afirmou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik, à Reuters
Quanto mais tarde o Fed começar a reduzir os juros, mais o dólar tende a se beneficiar, já que investimentos de renda fixa denominados na moeda ficam mais atraentes em termos de rentabilidade. Por causa disso, a moeda norte-americana, assim que os dados do PMI foram publicados, teve forte avanço e atingiu a marca psicológica de R$ 5 na sessão de segunda, perdendo força ao longo do dia.
Entre as altas na Bolsa, bancos registraram ganhos antes da divulgação dos balanços corporativos do último trimestre de 2023. Bradesco (2,02%) e Itaú (1,89%) foram destaque.
Petrobras avançou 0,44 %, na esteira dos preços do barril de petróleo tipo Brent no exterior.
Entre as quedas, destaque para Arezzo&Co e Grupo Soma, que formalizaram o acordo que deve formar a maior gigante do varejo de moda brasileiro, com faturamento de R$ 12 bilhões. Os detalhes do acordo, porém, frustraram o mercado.
Segundo Alexandre Birman, CEO da Arezzo&Co, o primeiro ano após a aquisição do Grupo Soma será focado na reorganização da empresa e na identificação de sinergias. A expectativa é que a nova companhia comece a crescer em receita a partir do ano que vem. Os acionistas da calçadista serão titulares de 54% de participação, e os restantes 46% serão do Grupo Soma.
Com isso, Soma teve a maior queda do pregão, a 6,74%, enquanto a Arezzo fechou com recuo de 5,59%.
A Vale também estava no foco. Uma das empresas de maior peso no Ibovespa, a mineradora fechou em queda de 0,86%, na esteira do recuo do minério de ferro na China e a persistente cautela em relação ao setor imobiliário chinês.
A agenda do Congresso Nacional deve ser destaque ao longo dos próximos dias, já que os parlamentares retomaram suas atividades na segunda.
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido), disse que o governo está disposto a discutir a reoneração da folha de pagamentos de 17 setores por projeto de lei, em meio a uma disputa entre a equipe econômica e o Legislativo sobre o tema.
A semana trará ainda os dados de janeiro do IPCA.
Redação / Folhapress