SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A implantação de uma fila virtual para motoristas de aplicativo, que começou a funcionar nesta quinta-feira (11) no aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, não se refletiu em melhorias para o passageiro que continua a enfrentar confusão e demora para embarcar nos carros. Foi colocado também à disposição um bolsão com 145 vagas para o condutor esperar sua vez de iniciar a corrida.
A reportagem esteve no local na manhã desta quinta e presenciou o mesmo cenário vigente antes da novidade: carros estacionados em fila dupla e motoristas parados na área de embarque tentando atrair passageiros para corridas fora do aplicativo. A prática é proibida.
Uma passageira foi cobrada R$ 120 por um deles para ir até a rodoviária do Tietê, na zona norte. A mesma distância custa cerca de R$ 60 no aplicativo. Ela negou a corrida.
De acordo com a Aena, a concessionária do aeroporto, a fila virtual visa reduzir o trânsito no entorno do aeroporto, formado por motoristas autônomos a espera de passageiros. O bolsão com 145 vagas foi criado a poucos metros da área onde as corridas são iniciadas, no subsolo. No terreno, funcionava uma locadora de veículos que foi reposicionada.
Em nota, a empresa afirmou que o mecanismo é o primeiro de uma série de melhorias previstas para melhorar o sistema viário no entorno do aeroporto, que irá incluir aumento de vagas para o embarque de passageiros em carros de aplicativo e nova sinalização para facilitar o encontro de motoristas e passageiros. Hoje, três pilastras servem de referência para quem aguarda.
Está prevista também a entrega de uma praça para o embarque de clientes de aplicativos na cobertura do atual edifício garagem, com áreas comerciais e sala de espera, semelhante ao disponível no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.
O bolsão, porém, só pode ser acessado por motoristas cadastrados na Uber. A leitura da placa é feita por uma câmera instalada abaixo da cancela que só abre se os dados baterem com o banco de dados da empresa. Dentro do bolsão, o motorista recebe uma mensagem no aplicativo sobre a sua posição na fila. Quando chega sua vez, tem a opção de recusar ou aceitar a corrida.
O sistema, segundo motoristas, evita práticas como a de motoristas que recusam corridas em série a espera de uma mais longa para lucrar.
Um deles, que pediu ara não ter seu nome divulgado, disse que quando chegou ao bolsão no fim da manhã desta quinta precisou esperar cerca de cinco minutos pela sua vez para aceitar uma corrida. Ele estava em 157º lugar na fila.
Segundo o motorista, o volume de corridas em Congonhas é alto, por isso, atrai tantas pessoas que dirigem para aplicativos. A Uber foi questionada sobre a quantidade de viagens registradas por dia a partir do aeroporto, mas não respondeu.
Em nota, a Uber informou que assinou contrato com a concessionária e a empresa responsável pelo estacionamento do aeroporto para que 80% das vagas do meio-fio sejam destinadas ao embarque de seus clientes. A empresa não respondeu sobre as práticas irregulares de motoristas que tentam atrair passageiros para corridas fora do aplicativo ou que ficam estacionados a espera de uma corrida.
MARIANA ZYLBERKAN / Folhapress