Bolsonarista Gustavo Gayer é alvo de buscas da PF sob suspeita de desvio de verba

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O deputado federal bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO) é alvo de busca e apreensão nesta sexta (25) em uma operação da Polícia Federal sobre desvio de cota parlamentar na Câmara dos Deputados.

As buscas são em um endereço do deputado em Goiânia e no apartamento funcional em Brasília. A PF também faz busca na residência de um assessor do deputado —no local, os policiais encontraram cerca de R$ 72 mil em dinheiro.

As medidas foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Em um vídeo postado em sua conta no Instagram após a busca da PF, Gayer atacou a corporação, o ministro Alexandre de Moraes e disse não se envergonhar de ter sido alvo da operação.

“Não me envergonho de ter recebido a PF na minha casa hoje, mas me envergonho das pessoas, senadores, que poderiam estar lutando para acabar com essa ditadura e optam por não fazer nada”, afirmou.

Segundo a PF, a ação tem como objetivo “desarticular associação criminosa voltada para desvio de recursos públicos (cota parlamentar), além de falsificação de documentos para criação de (Oscip) Organização de Sociedade Civil de Interesse Público.”

Durante a apuração, a PF que o grupo tentava comprar uma associação com mais de 10 anos para transformá-la em Oscip, que receberia as verbas da Câmara dos Deputados.

Como somente Oscips já atuantes por um determinado tempo podem receber esses valores, e a criada por eles não atendia a esse critério temporal, eles teriam falsificado documentos utilizados pela organização.

A apuração da PF mostrou que valores provenientes de verba parlamentar seriam remetidos para a Oscip.

A PF também encontrou provas de que o parlamentar utilizava verba pública para custear o aluguel de um imóvel em que funcionava uma escola de inglÊs de propriedade de sua família.

Sobre essa irregularidade, a PF encontrou uma conversa entre assessores de Gayer em que eles demonstram preocupação com o uso ilegal dos valores.

“Ou seja, a escola tá sendo paga com recurso público e tá sendo usada pra um fim totalmente que tipo não existe né, num tem como ser assim e aí eles vão levando. ou seja, ainda não entenderam a gravidade”, disse um dos assessores durante a conversa.

No mesmo diálogo, eles citam o fato do deputado estar pregando como bolsonarista uma forma de agir enquanto praticava os desvios.

“O Gustavo hoje ele é uma vidraça, ele é um alvo e se for pra cima, moço, infelizmente, a gente tá tipo errado né, nesse sentido a gente tá pregando uma coisa e tá vivendo outra. Infelizmente a gente tem muitas coisas erradas acontecendo aí”, disse.

Segundo o parlamentar, a operação a dois dias da eleição teve como objetivo prejudicar Fred Rodrigues, candidato bolsonarista que disputa o 2º turno em Goiânia contra Sandro Mabel (União Brasil). “Vieram na minha casa, levaram meu celular, meu HD, meu USD. Essa Democracia relativa ta custando caro para o país.”

Sobre Moraes, o parlamentar afirmou que o ministro transformou a PF em “jagunços de um ditador”.

“Alexandre de Moraes, não sei se o senhor já percebeu, mas quando você manda fazer busca na casa de alguém, essa pessoa é como se recebesse naquele momento o carimbo de honesto. Como se naquele momento estivesse recebendo o carimbo de pessoa idônea, honesta que luta pela democracia e para libertar o Brasil”, afirmou.

As busca são cumpridas por cerca de 60 policiais federais. Além do mandado contra Gayer, a PF cumpre outras 18 ordens de busca autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal em Brasília (DF), Cidade Ocidental (GO), Valparaíso de Goiás (GO), Aparecida de Goiânia (GO) e Goiânia (GO).

São investigados os crimes de associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e peculato-desvio.

A ação da PF foi batizada de “Discalculia”, como é chamado o transtorno de aprendizagem relacionado a números.

A escolha, diz a PF, se deu em alusão a falsificação na Ata de Assembleia da constituição da OSCIP, onde foi colocada a data retroativa (ano de 2003). A falsificação, no entanto, ficou exposta uma vez que os integrantes do quadro societário eram crianças de 1 a 9 anos à época.

FABIO SERAPIÃO / Folhapress

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