BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Preso ao tentar deixar o Brasil rumo à Argentina, o bolsonarista Allan Frutuozo da Silva tem histórico de violência contra mulher e porte ilegal de armas, segundo a Abin (Agência Brasileira de Inteligência). A informação consta em relatório do órgão enviado à CPI do 8 de Janeiro, ao qual o UOL obteve acesso.
O documento sigiloso aponta que Frutuozo “se identifica como jornalista independente, tem histórico de violência contra mulher e de porte ilegal de armas”. O relatório não especifica a fonte da informação nem detalha os casos.
A reportagem ainda não conseguiu contato com a defesa de Frutuozo.
Segundo a Abin, em vídeos após o 8 de janeiro, ele “incita pessoas contra a autoridade estatal, contesta os resultados das eleições presidenciais de 2022 e as medidas de polícia judicial executadas contra os invasores das sedes dos Poderes, além de alimentar teorias conspiratórias”. Mas diz não haver confirmação de sua participação nos atos de 8 de janeiro.
COMO FOI A PRISÃO
O bolsonarista foi preso no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, na quarta (26). Ele é um dos suspeitos de atacar a sede da Polícia Federal em Brasília em dezembro do ano passado.
Frutuozo tentava embarcar em um voo para a Argentina. Ele foi isolado pelos policiais quando tentava passar pela fila de emigração. Havia um mandado de prisão preventiva expedido contra ele desde dezembro do ano passado, pela Justiça Federal do Distrito Federal.
O bolsonarista é investigado por participar, divulgar e incentivar o ataque ao principal prédio da PF. Esse ato de vandalismo antecipou a destruição dos prédios da praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro.
Frutuozo também esteve presente no acampamento no QG do Exército em Brasília, segundo o relatório de inteligência.
A Abin localizou publicações em redes sociais nas quais o influenciador aparecia em estandes de tiro treinando com carabina automática e pistolas.
A Abin não confirma, mas “infere”, segundo diz no relatório, que Frutuozo tenha registro de CAC (caçador, atirador ou colecionador).
Em seu canal no YouTube, ele relatou em uma transmissão que estava detido numa sala da Polícia Federal no aeroporto e que aguardava definição sobre sua prisão. “Parece que realmente vão me recolher. Não percam a esperança no Brasil”, postou ele no Twitter.
Ele foi levado pelos policiais para a penitenciária de Benfica, na zona norte do Rio.
LEONARDO MARTINS, GABRIELA VINHAL E RAFAEL NEVES / Folhapress