SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Jair Bolsonaro (PL) acumulou uma série de reveses desde a reunião com embaixadores na qual atacou o sistema eleitoral brasileiro e que é alvo de julgamento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O encontro é objeto de ação iniciada pelo PDT que acusa o ex-presidente de ter praticado abuso de poder na ocasião.
O julgamento do TSE começou na última quinta (22) e, após voto do relator na terça-feira (27) pela inelegibilidade de Bolsonaro até 2030, continua na manhã desta quinta (29).
Veja cronologia de reveses do ex-presidente:
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Fato originário (18.jul.2022)
Bolsonaro faz apresentação a embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada para repetir teorias da conspiração sobre urnas eletrônicas. No mesmo dia, há reações contra o episódio, entre elas do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Reações dentro e fora do país (19.jul.2022)
Instituições e sociedade civil reagem às falas de Bolsonaro. A Embaixada dos Estados Unidos diz que as eleições brasileiras são um modelo para o mundo e que os americanos confiam na força das instituições do Brasil.
Manifesto pela democracia (26.jul.2022)
A “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito” é aberta ao público para adesões, já com assinatura de personalidades.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) confirma sua participação em manifesto elaborado por entidades da sociedade civil intitulado “Em Defesa da Democracia e da Justiça”.
Vídeo removido (10.ago.2022)
O MPE (Ministério Público Eleitoral) pede ao TSE para multar Bolsonaro por propaganda eleitoral antecipada e a retirada da internet de discurso contra as urnas durante reunião com embaixadores. O YouTube derruba vídeo com a fala.
Demonstração de força (11.ago.2022)
A “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros”, já com mais de 970 mil adesões, é lida na Faculdade de Direito da USP, assim como outro manifesto, endossado por mais de cem instituições, como Fiesp, Febraban e centrais sindicais.
Atos em defesa da democracia ocorrem nas cinco regiões do Brasil.
Caso de polícia (26.set.2022)
A Folha de S.Paulo revela que a Polícia Federal encontrou no telefone de Mauro Cid, principal ajudante de ordens de Bolsonaro, mensagens que levantaram suspeitas sobre transações financeiras feitas no gabinete do presidente.
Fogo amigo (23.out.2022)
Roberto Jefferson (PTB) reage a ação policial com granadas e fuzil e fere dois policiais federais. Diante do potencial de estrago eleitoral, o então presidente tenta descolar sua imagem da do aliado e diz não ter nem foto com ele, o que não é verdade. Rapidamente são divulgadas diversas imagens dos dois juntos.
Derrota no TSE (26.out.2022)
O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, nega pedido da campanha de Bolsonaro para investigar alegação inconsistente de supostas irregularidades em inserções eleitorais por emissoras de rádios.
Armamentismo (29.out.2022)
A um dia da eleição, Carla Zambelli (PL-SP), aliada de Bolsonaro, aponta arma em rua dos Jardins, em São Paulo.
Desbloqueios e derrota (30.out.2022)
Moraes convoca o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, e obtém dele compromisso de interromper todas as abordagens em ônibus de passageiros que vinham ocorrendo no Nordeste no dia da eleição.
Bolsonaro perde a eleição com 49,1% dos votos válidos; Lula (PT) obtém 50,9%.
No bolso (23.nov.2022)
Moraes nega ação movida pelo PL que visava invalidar votos depositados em parte das urnas no segundo turno das eleições e multa o partido de Bolsonaro em R$ 22.991.544,60 por litigância de má-fé.
Vandalismo (8.jan.2023)
Golpistas apoiadores do ex-presidente depredam as sedes dos três Poderes, em Brasília, e aumentam a pressão sobre bolsonaristas.
PF fecha o cerco (10.jan.2023)
– Bolsonaro divulga e depois apaga vídeo atacando o sistema eleitoral. O presidente passa a ser investigado no inquérito sobre autores intelectuais dos ataques de 8 de janeiro.
– Polícia Federal encontra na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, uma minuta de decreto para o então presidente instaurar estado de defesa na sede do TSE. O objetivo era reverter o resultado da eleição.
Diamantes sob suspeita (5.abr.2023)
De volta ao Brasil, Bolsonaro presta depoimento à PF na condição de investigado por causa de joias recebidas de autoridades da Arábia Saudita e barradas pela Receita.
Revés no Ministério Público (13.abr.2023)
A Procuradoria-Geral Eleitoral defende em manifestação no TSE que seja declarada a inelegibilidade de Bolsonaro em processo movido pelo PDT sobre a fala a embaixadores.
Fraude na vacina (3.mai.2023)
A PF cumpre mandado de busca e apreensão em endereço de Bolsonaro e de prisão contra alguns de seus mais próximos ex-assessores, entre eles Mauro Cid. Segundo a PF, os suspeitos teriam realizado tentativas de inserção de dados falsos sobre vacinação da Covid-19 no sistema do Ministério da Saúde.
Redação / Folhapress