CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro mencionou nesta sexta-feira (15) em Curitiba a fala do presidente Lula (PT) sobre a aprovação de Flávio Dino a uma cadeira de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
“A gente vê agora a alegria dele, diz que está feliz que colocou um comunista. Me lembro dos discursos do Fidel Castro. Os caras sempre lutam pelo poder. Roubar a liberdade é a mais importante cartada deste povo”, afirmou o ex-mandatário.
O petista afirmou na quinta-feira (14) que seu governo conseguiu colocar o primeiro “ministro comunista” no Supremo. O rótulo foi usado pela família Bolsonaro para tentar ampliar as resistências a Dino, que recebeu 31 votos contra na votação em plenário, o segundo maior número –perdendo apenas para André Mendonça.
Bolsonaro chegou no final da manhã desta sexta em Curitiba para receber o título de cidadão honorário do Paraná na Assembleia Legislativa estadual. A uma plateia de apoiadores, fez um discurso de 25 minutos sobre seu período no Planalto, com ataques à atual gestão petista e à quantidade de ministérios.
“São 38. Ele não deve nem saber os nomes. E não dá para comparar Paulo Guedes com Haddad”, disse ele.
Durante a solenidade, ainda ouviu vaias ao senador Sergio Moro, “página virada da história do Paraná”, reagiu o deputado estadual Ricardo Arruda (PL), autor da homenagem a Bolsonaro.
O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), que é aliado de Bolsonaro desde 2018 e tem flertado com a possibilidade de sair candidato a presidente em 2026 pelo campo da direita, participou da homenagem.
O projeto de lei da cidadania honorária a Bolsonaro foi proposto no início do ano por aliados e aprovado no mês passado na Assembleia, com protestos dos parlamentares do PT. O texto acabou sancionado na sequência pelo governador.
No segundo turno da eleição para presidência, ano passado, Bolsonaro fez mais de 4 milhões de votos (62,40%) no Paraná, contra mais de 2,5 milhões de Lula (37,60%) no estado.
Bolsonaro nasceu no município de Glicério, interior de São Paulo, e após a derrota nas urnas do ano passado tem recebido homenagens semelhantes de aliados em outros estados.
No Paraná, o projeto de lei que concede o título a Bolsonaro foi proposto por um grupo encabeçado por Arruda, ligado à Igreja Mundial do Poder de Deus e um dos mais ferrenhos defensores do ex-presidente na Assembleia.
Entre os projetos de lei propostos por Arruda na Casa, estão o que estabelece a data de 20 de novembro como o “Dia Estadual do Patriota” e o que institui a Semana Estadual de Incentivo ao Estudo Bíblico. No mês passado, ele promoveu uma audiência para discutir a obrigatoriedade de vacinação contra Covid-19 para crianças a partir de seis meses até os cinco anos.
No final de outubro, o gabinete de Arruda na Assembleia foi alvo de mandado de busca e apreensão no âmbito da Operação Fração, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), braço do Ministério Público Estadual. A suspeita é de prática de “rachadinha”, o que o parlamentar nega.
CATARINA SCORTECCI / Folhapress