SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um dia após ouvir calado Jair Bolsonaro (PL) questionar o resultado da eleição de 2022, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou que confia no sistema eleitoral e que o próprio ex-presidente foi eleito pela urna eletrônica.
A declaração foi feita em sabatina da revista Veja nesta quarta-feira (23). A jornalista Marcela Rahal questionou se Nunes concorda com as alegações de fraude do sistema feitas pelo padrinho político.
“Nunca fiz nenhum questionamento em relação às urnas. Qualquer sistema precisa ser acompanhado, precisa ter toda atenção, mas acredito nelas. […] Nunca fiz nenhum questionamento. Aliás, o presidente Bolsonaro foi eleito em 2018 pela urna”, disse Nunes.
Bolsonaro participou, na terça-feira (22), do seu primeiro evento na campanha do prefeito.
Em entrevista após o encontro, Bolsonaro voltou a repetir suspeitas infundadas de manipulação na eleição de 2022, e o prefeito se manteve em silêncio.
Questionado em seguida pela Folha se concordava com o padrinho, Nunes desconversou: “Tudo pode ser analisado, mas eu não acompanhei esses casos com relação à votação.”
Em seguida, sob orientação da sua assessoria, pediu licença e se retirou da entrevista com jornalistas. Ele afirmou que já tinha outro compromisso, uma sabatina na GloboNews.
Nesta quarta, na sabatina, Nunes ainda comentou sobre a presença acanhada de Bolsonaro em sua campanha e voltou a dizer que o ex-presidente teve que se dividir em inúmeras viagens para alavancar candidaturas em todo o país.
O prefeito voltou a fazer críticas ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a quem chamou de “descompromissado”. Há duas semanas, um apagão deixou 3,1 milhões de endereços sem luz na cidade.
“Agora virou uma guerra. É a cidade de São Paulo e o povo de São Paulo contra o ministro e contra a Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica]”, disse Nunes.
Na semana passada, o candidato já havia chamado o ministro de “mentiroso”. Nunes se referia à participação de Silveira em um evento em Roma com o diretor da Enel para o resto do mundo, Alberto De Paoli, na sexta-feira (11), dia do apagão.
O evento tem sido usado pelo prefeito para dizer que o governo federal discutia ampliar a concessão da empresa em São Paulo, o que Silveira nega.
VICTÓRIA CÓCOLO / Folhapress