Bolsonaro nega racha na direita e critica Moraes ao lado de aliado alvo de PF e STF

GOIÂNIA, GO (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) acompanhou na manhã deste domingo (27) o voto de seu candidato à Prefeitura de Goiânia, Fred Rodrigues (PL). Na ocasião, esteve acompanhado do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), alvo de operação de busca e apreensão na última sexta-feira (25).

“Uma precipitação. Só tem em cima da direita, na esquerda não tem nada. Mas não está colando mais esse tipo de ação. E caiu para variar com o mesmo ministro do Supremo. É sempre ele, sempre o mesmo”, disse Bolsonaro, referindo-se a Alexandre de Moraes, ministro do STF que autorizou a ação.

O ex-presidente disse ainda que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) agiu como “partido político” nas eleições de 2022 e nas atuais.

O ex-mandatário também negou haver um racha na direita nas eleições municipais e disse que a máscara de Pablo Marçal (PRTB), que foi candidato a prefeito de São Paulo, “caiu”.

“Que racha? Dizem que Pablo Marçal teria rachado a direita. Já caiu a máscara. Não tem racha. A direita em grande parte são pessoas conscientes, sabe o que está em jogo”, afirmou, referindo-se ao candidato derrotado à prefeitura de São Paulo.

Ainda falando sobre Marçal, Bolsonaro deu a entender que o próprio candidato do PRTB induziu os bolsonaristas de forma errônea a achar que ele o apoiava. “Ainda disse pra ele: ‘Você é cara inteligente. Use a sua inteligência para o bem, só isso.”

Bolsonaro está em Goiânia acompanhando a votação de vários aliados no estado. Ele trava uma queda de braço em Goiás contra o governador Ronaldo Caiado (União Brasil).

Na cidade, o ex-mandatário afirmou que desconhece o ‘caiadismo’ e que Caiado sabe que o resultado de Goiânia é “mortal” para suas pretensões políticas.

“Desconheço o ‘caiadismo’. Bolsonarismo tem no Brasil todo. O Caiado é só aqui em Goiás”, disse o ex-presidente.

Na disputa entre Bolsonaro e Caiado em Goiânia, o governador tem como candidato o empresário Sandro Mabel (União Brasil) e almeja ser o nome da direita na disputa presidencial de 2026.

“O Caiado é muito do que ele quer. Se você está com o candidato dele, tudo bem. Se não tá, o bicho complica. Não vim aqui para peitar o Caiado, muito pelo contrário, eu o respeito. Mas ele sabe que é mortal Goiânia pra ele. [Se perder] Ele perde uma força muito grande.”

Ao votar ao lado de seu candidato neste domingo, Caiado minimizou a ida de Bolsonaro à cidade para apoiar o postulante adversário. ” Esse mimimi aí vou discutir depois das 18h”, disse sobre o ex-presidente. Ele falou que antes disso vai se concentrar nas eleições.

Bolsonaro cumprirá em Goiás uma maratona de votações, não só na capital, mas em Aparecida de Goiânia e Anápolis. Ele também irá acompanhar a votação de Gayer. A busca da Polícia Federal contra ele foi motivada por suspeita de desvio da cota parlamentar.

Declarado inelegível pelo TSE até 2030 por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral, o ex-presidente foi indiciado neste ano pela Polícia Federal em inquéritos sobre as joias e a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.

Além desses casos, Bolsonaro é alvo de outras investigações, que apuram os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado democrático de Direito, incluindo os ataques de 8 de janeiro de 2023.

Parte dessas apurações está no âmbito do inquérito das milícias digitais relatado pelo ministro Alexandre de Moraes (STF) e instaurado em 2021, que podem em tese resultar na condenação de Bolsonaro em diferentes frentes.

Caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa, Bolsonaro poderá pegar uma pena de até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos.

RANIER BRAGON / Folhapress

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