BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou nesta quarta-feira (7) de ato em Brasília para insistir em uma anistia ampla aos envolvidos na trama golpista, apesar de haver contraindicação da sua equipe médica.
A caminhada, da Torre de TV rumo ao Congresso Nacional, começou pouco depois das 16h. Mais cedo, o ex-presidente divulgou um vídeo convocando apoiadores para a manifestação. “Pretendo estar lá também e participar do início”, disse.
Em breve discurso, Bolsonaro disse que não vão “abaixar a cabeça” e que a anistia é prerrogativa do Parlamento, sem mencionar o STF (Supremo Tribunal Federal).
“O Brasil nasceu com vocação da liberdade. O que estamos vivendo no momento é muito triste e doloroso, mas não vamos perder esperança”, disse emocionado.
O Monitor do Debate Político do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e a ONG More in Common fez uma estimativa com base em imagens aéreas e afirmou que havia cerca de 4.000 pessoas na manifestação no horário de pico.
Ao receber alta no domingo (4), após 22 dias de internação para se recuperar de uma cirurgia no intestino, Bolsonaro foi orientado pela equipe médica a evitar aglomerações e a restringir o número de visitas em casa pelas próximas semanas.
Bolsonaristas afirmam que o ato serve para demonstrar à sociedade que a oposição continua mobilizada pela anistia, apesar da articulação feita pelos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), por uma proposta alternativa.
A proposta alternativa à anistia, articulada pelo presidente do Senado, permitiria a aplicação de penas mais baixas para aqueles que estiveram presentes nos atos de 8 de janeiro de 2023, mas não os planejaram nem financiaram. Uma minuta foi elaborada pela consultoria legislativa do Senado, subordinada a Alcolumbre. O texto ainda não foi divulgado.
O projeto dos bolsonaristas, por sua vez, prevê a anistia a todos os atos passados e futuros ligados aos ataques às sedes dos três Poderes.
A pedido de Bolsonaro, o PL agora estuda uma nova versão mais branda do texto, que possivelmente restrinja o perdão aos condenados. Entre parlamentares governistas e ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), há uma avaliação de que mesmo outro formato do texto pode manter brechas abertas para livrar líderes da tentativa de golpe, como Bolsonaro.
“O nosso mote, o nosso objetivo, é uma caminhada pacífica em prol da anistia humanitária, que teve a urgência apoiada pela maioria dos deputados. Esse é o nosso tema, que a anistia é um tema de competência do Congresso Nacional”, diz Malafaia.
Mesmo com o desgaste enfrentado pelo governo federal diante do escândalo de descontos ilegais em aposentadorias e pensões do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), parlamentares dizem ser preciso manter o foco na anistia.
MARIANNA HOLANDA / Folhapress