BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Decidindo colocar em prática seu teste de popularidade, o ex-presidente Jair Bolsonaro fez uma longa caminhada nesta sexta (8) pela famosa rua Florida, no centro de Buenos Aires, ao chegar e ao sair do hotel onde se encontra o presidente eleito argentino Javier Milei. Eles se reuniram por volta das 10h, por mais de uma hora.
Do lado de fora, Bolsonaro afirmou que “foi uma conversa entre amigos”, comparou a equipe formada pelo ultraliberal com a sua própria e disse que ele assumirá um país em situação econômica mais crítica do que o Brasil. Também alfinetou o presidente Lula diversas vezes, dizendo que “vai convidá-lo para ser seu ministro de Turismo”.
Enquanto ele caminhava, jornalistas argentinos tentavam entender o que ele estava fazendo, sem estarem acostumados ao estilo improvisado de Bolsonaro. “Aonde você vai? Vai comprar troco [dólares]?”, brincava um, enquanto no estúdio um apresentador descrevia o esquema de segurança como “estranho” e fazia piadas: “Me manda sua localização que eu já nem sei onde vocês estão”.
Bolsonaro tem usado a viagem para a posse de Milei neste domingo (10) como demonstração de força, já que é seu primeiro grande evento político desde que deixou o Palácio do Planalto, após uma série de derrotas judiciais. Seus assessores classificaram o encontro desta sexta como “espetacular”.
“Foi uma conversa entre amigos, ele fez um breve retrato do que vive a Argentina no momento. A questão mais importante é a economia. Todo mundo sabe disso. A escola dele é a austríaca, a do [ex-ministro da Economia] Paulo Guedes é uma outra, a de Chicago, que tem os mesmos objetivos”, disse Bolsonaro ao sair.
“Ele vai ter que tomar medidas mais rápidas. Temos uma hiperinflação no horizonte. Ele pretende conter obviamente isso daí. O número de delegações que ele vai receber no domingo é muito grande e é um sinal de que a Argentina é um país muito importante para o mundo”, completou.
Ele deu ainda uma indireta ao presidente Lula (PT), que decidiu não ir à posse e enviar seu chanceler Mauro Vieira após receber um convite formal de Milei. “A esquerda quer a união pelo poder. Nós queremos a união pelo bem-estar da sua população e respeitando, obviamente, a autonomia de cada país.”
Em um vídeo do encontro publicado por ele, aparecem também o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o ex-ministro Gilson Machado Neto (Turismo).
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Do lado argentino, estão Patricia Bullrich, ex-rival de Milei e sua nova ministra da Segurança, e Giovanni Larosa, assessor de campanha de Milei. É ele quem faz o vínculo do ultraliberal com Eduardo Bolsonaro e a delegação de congressistas e governadores brasileiros que viajaram tanto para as eleições quanto para a posse.
Nesta quinta (7), Wajngarten afirmou à Folha de S.Paulo que os dois líderes da direita almoçariam juntos, o que acabou não acontecendo.
JÚLIA BARBON / Folhapress