Boulos (29%), Nunes (26%) e Marçal (26%) empatam em votos válidos na véspera da eleição, aponta Datafolh

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Na véspera da eleição, o Datafolha aponta continuidade do cenário embolado no primeiro turno para a Prefeitura de São Paulo, com Guilherme Boulos (PSOL) registrando 29% dos votos válidos, seguido por Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB), ambos com 26%.

Os três estão tecnicamente empatados dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

No levantamento mais recente, de quinta-feira (3), os três candidatos apresentavam exatamente o mesmo percentual de votos válidos.

Com a proximidade das eleições, o Datafolha divulga neste sábado (5) as intenções de votos válidos dos eleitores, e não apenas os votos totais.

Os votos válidos excluem os votos inválidos (em branco e nulos) e são os únicos considerados pela Justiça Eleitoral para calcular os resultados. Para conquistar o cargo de prefeito, os candidatos precisam obter 50% mais um dos votos válidos, e não totais.

O levantamento indica que 22% dos eleitores ainda podem mudar de voto —outros 77% estão totalmente decididos a votar em seus candidatos (ou em anular ou votar em branco).

Desde a semana passada, Nunes vem recuando nas intenções de voto, e Marçal, avançando. Considerando os votos totais, o prefeito passou de 27%, no dia 26 de setembro, para 24% agora. Já o influenciador foi de 21% para 24%. Boulos, que tinha 25%, hoje tem 27%.

A pesquisa deste sábado (5) mostra que 3% dizem que ainda não sabem em quem vão votar. A porcentagem de nulo e branco é de 5%.

No segundo pelotão, Tabata Amaral (PSB) aparece com 11%, enquanto José Luiz Datena (PSDB), que vem variando negativamente nas pesquisas, tem 4%.

O Datafolha entrevistou 2.052 eleitores paulistanos nesta sexta-feira (4) e sábado (5). Encomendado pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo, o levantamento está registrado na Justiça Eleitoral sob o código SP-05101/2024. O nível de confiança é de 95%.

O quadro na pesquisa espontânea, quando o entrevistado tem que responder em quem vai votar sem ter acesso à lista de candidatos, também aponta vantagem para Boulos, que mantém a dianteira, com 24% dos votos totais, seguido de Marçal, com 19%, e Nunes, com 18%. Tabata tem 7% agora.

Há ainda 1% que declara voto no atual prefeito, sem especificar o nome, e 1% que menciona somente Ricardo, sem completar a resposta.

Como o trabalho de campo foi feito também neste sábado, a tendência é que a pesquisa tenha captado ao menos parte do efeito gerado com a falsificação de um laudo médico por Marçal, na tentativa de associar Boulos ao consumo de cocaína.

Na noite de sexta-feira (4), o influenciador publicou nas redes sociais um documento falso atribuído à clínica particular Mais Consulta, que dizia que o parlamentar estava em surto psicótico decorrente do uso da droga. O dono da clínica, o médico Luiz Teixeira da Silva Junior, tem vídeo publicado com Marçal e já atendeu o ex-coach em outro estabelecimento do qual é sócio.

Uma série de evidências levantadas nas horas seguintes à publicação, como mostrou a Folha de S.Paulo, indicam que o laudo foi forjado. A Justiça determinou a exclusão das postagens e a suspensão do perfil do ex-coach. Boulos pediu a prisão do influenciador e do dono da clínica por falsificação de documento.

O cenário de indefinição até a reta final é resultado do acirramento das últimas semanas, com Nunes e Marçal disputando o eleitorado à direita, ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e Boulos em estabilidade, mas com dificuldade para avançar entre eleitores do presidente Lula (PT), seu apoiador e incentivador da nacionalização da eleição paulistana.

Entre entrevistados que dizem ter votado em Bolsonaro no segundo turno de 2022, Marçal manteve a dianteira conquistada na última semana, com 49% entre o grupo, frente a 36% de Nunes. Na pesquisa feita de 24 a 26 de setembro, os percentuais eram de 43% para o influenciador e 39% para o prefeito.

Em relação à pesquisa de quinta (3), porém, o autodenominado ex-coach oscilou negativamente, e o emedebista, positivamente. Marçal passou de 51% para 49%, e Nunes, de 32% para 36%. A margem de erro para este segmento é de 4 pontos percentuais, para mais ou para menos.

A oscilação negativa do influenciador pode ter sido motivada por crítica mais enfática do ex-presidente contra ele, em live transmitida na sexta (4).

Bolsonaro, que manteve uma relação de morde e assopra com o dito ex-coach ao longo da campanha, desta vez chamou Marçal de “fofoqueiro”, dizendo que ele “mente descaradamente”. Ele pediu ainda para que os eleitores de direita da cidade votem em Nunes para evitar o que chama de “extrema esquerda”.

O influenciador aposta em ser beneficiado por um fenômeno de voto envergonhado na reta final. Segundo esta leitura, suas reais intenções de voto não estariam sendo captadas nas pesquisas por medo ou vergonha dos entrevistados de assumir que o apoiam, em razão do perfil controverso, que se traduz em sua alta rejeição (53%).

O ex-coach foi ajudado por dois fatores na última semana —o fim da propaganda gratuita e o apoio público de figuras relevantes da direita, como os deputados federais Ricardo Salles (Novo) e Nikolas Ferreira (PL).

Já Boulos manteve estável as intenções de voto entre eleitores de Lula: ele alcança 50% neste grupo, sendo que 18% dos que apoiaram o atual presidente há dois anos estão com Nunes.

O deputado tem tido dificuldade para atrair eleitores que apoiaram o petista em 2022 e que historicamente votam no PT, como os de baixa renda e moradores da periferia. Boulos tem 24% dos votos totais entre eleitores com renda até dois salários mínimos, que são tidos pela campanha como mais propensos a votar na esquerda e representam, na cidade, 32% do total do eleitorado.

Na semana passada, o deputado tinha 21%. A oscilação se deu dentro da margem de erro desse recorte, de quatro pontos para mais ou para menos. Ele empata nessa faixa com Nunes, que tinha 32% e recuou para 30%.

ANA LUIZA ALBUQUERQUE / Folhapress

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