SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) foi o pré-candidato à Prefeitura de São Paulo com mais menções na internet de 29 de julho a 4 de agosto, antes do debate realizado pela Band. Apesar da liderança, os números não são inteiramente positivos para ele.
Os dados são de um levantamento realizado pelo Datafolha e a empresa Codecs com todos os pré-candidatos em São Paulo. O instituto considera menções em portais de notícias, blogs e fóruns e também posts em redes sociais, que correspondem a 97% do volume de citações.
No período pesquisado, dias após a eleição venezuelana, o psolista recebeu 60.398 menções online, mas em 38% das vezes em que foi citado, aparecia ao lado de termos como “Venezuela” e “Maduro”.
A crise política venezuelana também dominou as dez citações ao pré-candidato que geraram mais engajamento nas redes. As dez tratavam o tema negativamente.
As conturbadas eleições no país vizinho geraram cobranças a políticos de esquerda no Brasil, e a falta de posicionamento de Boulos até o final da análise foi explorada pelos seus adversários nas eleições de outubro.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) criticou a demora no posicionamento de Boulos, questionando o compromisso do adversário com a democracia. Pablo Marçal (PRTB) postou em suas redes sociais vídeos do presidente Lula (PT) cumprimentando Nicolás Maduro, ditador venezuelano.
Já José Luiz Datena (PSDB) aproveitou o debate realizado na TV Bandeirantes, na última quinta-feira (8), para alfinetar Boulos: “Você devia ser prefeito lá em Caracas”.
Em 1° de agosto, o psolista se manifestou sobre o assunto em uma nota à imprensa. Ele chamou a situação na Venezuela de “extremamente preocupante” e disse que é legítimo que existam demandas por transparência. Apesar disso, se esquivou de responder perguntas dos adversários sobre as eleições venezuelanas no debate na TV.
Ele também evitou responder diretamente uma pergunta sobre o tema durante entrevista no podcast O Assunto, dizendo que não era “candidato a prefeito de Caracas”, mesmo argumento que usou em uma entrevista à rádio CBN nas eleições de 2020, quando perdeu para Bruno Covas (PSDB) no segundo turno.
O país vizinho já faz parte do debate político brasileiro há vários anos. Antes de Maduro, o governo de Hugo Chávez (1999-2013) atraía críticas de candidatos de direita.
Mesmo que não seja um reflexo de popularidade, os resultados do levantamento espelham em certa medida a disputa pela liderança mostrada na última pesquisa Datafolha, divulgada na quinta-feira. Nunes e Boulos estão à frente em intenções de voto, enquanto Marçal e Datena aparecem em um patamar mais baixo e Tabata Amaral (PSB) e Marina Helena (Novo) estão em um terceiro pelotão, seguidas dos candidatos nanicos.
Marçal, que nessa disputa é de longe o candidato mais seguido no Instagram (com quase seis vezes mais seguidores que Boulos, segundo colocado), ainda não conseguiu liderar o levantamento de menções online, o que pode mudar na próxima análise com seu desempenho incendiário no primeiro debate.
Datena, apesar de aparecer na terceira colocação da pesquisa Datafolha, empatado numericamente com Marçal, surge no levantamento sobre as redes bem atrás do concorrente e também de Tabata.
BRUNO XAVIER / Folhapress