SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Bradesco anunciou nesta quinta-feira (23) que seu conselho de administração indicou Marcelo Noronha para o cargo de presidente-executivo da instituição, assumindo o comando do grupo no lugar de Octavio de Lazari Jr.
Segundo o banco, Lazari agora vai ocupar uma cadeira no conselho de administração do Bradesco.
“A mudança tem o propósito de iniciar um ciclo de projetos e objetivos estratégicos robustos para os próximos anos”, afirmou o presidente do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, em comunicado.
Após a divulgação da troca de comando, as ações do Bradesco registravam forte alta. Às 12h41, os papéis preferenciais (com direito a voto) subiam 3,43% e eram os mais negociados da sessão, enquanto os ordinários (sem direito a voto) avançavam 2,86%.
Lazari, 60, assumiu o comando do Bradesco em 2018. O executivo iniciou sua carreira no próprio banco em 1978. Noronha, 58, é atualmente vice-presidente do banco, posto assumido em 2015.
“A indicação do senhor Marcelo decorreu da sua vasta experiência profissional adquirida ao longo de mais de 38 anos no mercado financeiro, 20 dos quais dedicados à Organização Bradesco”, afirmou o banco.
Segundo o Bradesco, a nomeação acatou recomendação do comitê de nomeação e sucessão do banco.
Marcelo Noronha está no Bradesco desde 2003 e ocupou cargos em diferentes áreas do banco até alcançar a posição de vice-presidente para operações de varejo da instituição, em 2015. É formado em Administração pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e tem especialização em Finanças pelo Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais).
Analistas do JPMorgan citaram que a mudança no comando do segundo maior banco privado do Brasil foi incomum, uma vez que o Bradesco costuma manter seus presidentes por um período de cerca de dez anos.
Eles observaram que, embora durante o comando de Lazari o Bradesco tenha apresentado lucros maiores que o Itaú, o executivo comandou o banco durante um período de resultados mais fracos nos últimos dois anos, em meio ao cenário de piora no ciclo de crédito e fraqueza na renda das famílias.
“Embora consideremos que a cultura [do Bradesco] continuará a mesma, acreditamos que os investidores possam ver a mudança na administração como uma responsabilização pelos últimos anos”, afirmaram os analistas, em relatório a clientes.
O Bradesco encerrou o terceiro trimestre deste ano com lucro de R$ 4,6 bilhões, 11,5% a menos que no mesmo período de 2022, num resultado pior que o esperado pelo mercado, que previa R$ 4,68 bilhões.
Os números menores do que o esperado foram fruto de uma manutenção do nível de empréstimos concedidos pelo banco. A carteira de crédito expandida subiu 1% em relação a junho, para R$ 877,5 bilhões em setembro.
MARCELO AZEVEDO / Folhapress