SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A chamada pública do BNDES e da Finep para selecionar projetos de produção de combustíveis sustentáveis recebeu 76 propostas. Esses planos de negócio visam a criação de biorrefinarias dedicadas à fabricação de combustíveis para aviação e navegação, somando um potencial de R$ 167 bilhões em investimentos.
Entre as propostas, 43 são para combustíveis de aviação e totalizam R$ 120 bilhões. As outras 33, focadas em combustíveis marítimos, envolvem R$ 47 bilhões. A iniciativa busca fortalecer a posição do Brasil como referência na produção de energia renovável, além de atender às metas da Lei do Combustível do Futuro.
O Brasil busca não apenas atender ao mercado interno, mas também aproveitar a crescente demanda global por soluções de baixo carbono.
De acordo com Celso Pansera, presidente da Finep, o Brasil não será apenas produtor. “Há intenções concretas de desenvolver tecnologias para atender à demanda global por combustíveis sustentáveis, algo que apoiamos há décadas”, afirmou.
Com a possibilidade de exportar combustíveis renováveis, o Brasil pode se consolidar como um dos principais produtores de SAF (Sustainable Aviation Fuel, ou Combustível Sustentável de Aviação) e biocombustíveis marítimos, contribuindo diretamente para as metas globais de descarbonização e aumentando sua competitividade no setor energético.
“A qualidade das propostas recebidas demonstram que o Brasil tem, de fato, todas as condições para se tornar líder global na produção de combustíveis sustentáveis para aviação e para a navegação”, disse o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. Segundo ele, biocombustíveis podem reduzir em até 94% as emissões de CO2, já que a aviação e a navegação respondem por 5% das emissões globais.
Para Pansera, se esses investimentos avançarem com o apoio da Finep e do BNDES, o Brasil poderá se posicionar como líder global na redução de emissões de gases poluentes, tanto pela capacidade produtiva quanto pela liderança tecnológica.
O BNDES e a Finep disponibilizaram R$ 6 bilhões para apoiar os projetos aprovados, com recursos divididos igualmente entre as duas instituições. As propostas estão em avaliação para definir quais receberão apoio financeiro.
A partir do próximo ano, a União Europeia exigirá o uso de 2% de SAF em voos partindo do bloco. A meta será de 5% em 2030 e 63% até 2050.
No setor marítimo, a Organização Marítima Internacional estabeleceu a meta de reduzir em pelo menos 50% as emissões de gases de efeito estufa até 2050, com base nos níveis de 2008. Para alcançar esse objetivo, o setor aposta no uso de biodiesel, diesel verde (HVO, ou Óleo Vegetal Hidrogenado), etanol e biometano.
A chamada pública foi uma iniciativa da Nova Indústria Brasil, com prazo encerrado no fim de outubro.
GUSTAVO GONÇALVES / Folhapress