RÁDIO AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO Ícone TV
RÁDIO AO VIVO Ícone Rádio

Brasil dobrará número de médicos em uma década, mas desigualdade regional persiste, diz estudo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O número de profissionais médicos no Brasil cresceu acentuadamente nos últimos 20 anos, chegando a 597.428 em 2024, e deve dobrar na próxima década, segundo projeções. Apesar disso, a distribuição geográfica desses profissionais ainda permanece desigual, com a maior parte concentrada no Sudeste e maior presença no setor privado do que no SUS (Sistema Único de Saúde).

Os dados são do estudo “Demografia Médica no Brasil 2025”, lançado nesta quarta-feira (30), realizado pela AMB (Associação Médica Brasileira), o Ministério da Saúde, a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) e a Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo). A pesquisa traça o perfil e a distribuição dos médicos no país, bem como projeções futuras.

Segundo a análise, o Brasil tinha 205 mil médicos em 2000 e, até 2035, deve alcançar mais de 1,15 milhão de médicos. Assim, a densidade nacional superará cinco profissionais por 1.000 habitantes nesse ano, o que colocará o Brasil entre os países com maiores índices do mundo.

Com uma série histórica de 2004 a 2024, o estudo mostra que foram abertas, em média, 2.538 novas vagas de medicina por ano. A média de vagas disponibilizadas por escola aumentou de 97 para 108. O tema suscitou debate recentemente sobre a criação de um Exame Nacional de Proficiência em Medicina para avaliar a qualidade do ensino e da prática médica.

Enquanto em 2004 havia 132 cursos e 13.820 vagas, a projeção para 2024 é de 448 cursos e 48.491 vagas –os pesquisadores consideram o Mais Médicos, de 2013, como um marco importante dessa expansão. A maioria das vagas se encontra em instituições privadas.

Embora as capitais ainda concentrem o maior número de vagas, a distribuição geográfica tem mudado, com crescimento nas cidades do interior do país

Hoje, 34,8% das oportunidades concentram-se nas capitais, enquanto a maioria (65,2%) está disponível em cidades interioranas. Destas vagas, 21,6% encontram-se em cidades com mais de 300 mil habitantes, 28,8% em cidades médias com população entre 100 mil e 300 mil habitantes, e 14,8% em municípios pequenos com menos de 100 mil habitantes.

Ainda que o número de médicos tenha crescido, existe uma distribuição desigual de especialistas por estado e também por tipo de serviço. O Sudeste possui a maior razão por 100.000 habitantes, 3,77, seguido pelo Centro-Oeste (3,44), Sul (3,31), Nordeste (2,21) e Norte (1,70) em 2024.

O Distrito Federal destaca-se com a maior razão no território nacional, sendo 6,28 médicos por 1.000 habitantes, enquanto o Maranhão apresenta a menor (1,27). Até 2035, a projeção é que haja uma super concentração de profissionais em alguns locais como São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.

Em geral, as taxas de especialistas são mais altas para os beneficiários de planos de saúde em comparação com a população geral atendida pelo SUS. No Brasil, em 2023, a taxa total de especialistas por 100 mil habitantes era de 225,04, sendo 196,81 para o SUS e 312,38 para o setor privado.

Segundo os pesquisadores, um outro desafio na medicina é representado por uma disparidade entre a formação e programas de residência médica. “As residências médicas não estão sendo avaliadas de maneira apropriadas e a qualidade da formação fica comprometida”, afirmou Eloísa Bonfá, médica e diretora da FMUSP, em evento de lançamento do estudo.

Conforme o estudo, em 2024, havia 287 mil alunos e 47,7 mil médicos residentes. Ou seja, a residência médica não acompanhou a graduação. Mais de 60% dos residentes estão nas capitais, com concentração no Sudeste. Entre as dez maiores, nove estão em São Paulo.

“Precisamos enfrentar as duas realidades: de um lado a qualidade da formação medica na graduação e do outro ter uma expansão responsável com as principais instituições do pais em relação a especialização no Brasil”, disse o ministro da Saúde Alexandre Padilha, também presente no evento.

O ministro ressaltou a importância da colaboração entre instituições para elaborar ações para enfrentar os desafios elucidados, e afirmou que o Ministério da Saúde comanda a comissão interministerial para discutir a formação médica no Brasil, com primeira reunião prevista para a próxima quinta-feira com a AMB, o CFM (Conselho Federal de Medicina) e outras entidades medicas para acompanhar a implementação do Exame Nacional de Proficiência em Medicina no Brasil.

MEDICINA MAIS FEMININA E MAIS JOVEM

A população médica projetada para os próximos anos será mais feminina e mais jovem. A partir de 2025, as mulheres irão representar 50,9% do total de médicos, segundo este estudo. Em 2010, elas correspondiam 41% da população médica no Brasil.

Até 2035, elas serão 56% do total de médicos no Brasil. A crescente participação feminina na medicina é um fenômeno mundial. O Brasil tem menos médicas que a Argentina, mas mais que Colômbia, Chile e Peru, por exemplo.

A presença das mulheres é expressiva ainda no ensino da medicina. Enquanto elas representavam 53,7% dos matriculados em cursos de graduação, em 2023 esse número subiu para 61,8%.

Ainda assim, elas predominam só 20 das especialidades médicas, sendo a principal delas a dermatologia. Há também uma mudança no perfil etário, com uma população médica mais jovem. Em comparação com a média da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a população médica brasileira é relativamente jovem, com 26,8% dos profissionais com 55 anos ou mais em 2024.

VITÓRIA MACEDO / Folhapress

COMPARTILHAR:

Mais do Colunista

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.