Brasil e Estados Unidos decidem suas taxas básicas de juros em momentos delicados e o que importa no mercado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Brasil e Estados Unidos decidem suas taxas básicas de juros em momentos delicados, mas bem diferentes entre si, governo vai atrás de quem pagou fiado para fazer as contas fecharem e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (20).

Aqui está o texto com os títulos em caixa alta, conforme solicitado:

**SELIC: A PANELA DE PRESSÃO**

Você é daquelas pessoas que têm medo de panelas de pressão? Apesar de importantes e muito úteis, elas podem, por um triz, explodir no fogão. A Selic anda mais ou menos assim.

A taxa básica de juros subiu em um ponto percentual, agora em 14,25%, por determinação do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central.

Com isso, o nível da taxa referencial se iguala àquele praticado durante a crise no governo Dilma Rousseff (PT).

PARA QUê?

A taxa básica de juros serve como instrumento para regular a economia de um país. Ela baseia a prática de outras instituições, como os bancos –a partir dela, eles decidem quanto cobrarão em financiamentos e empréstimos.

A tarifa é uma forma de (tentar) controlar a inflação, por exemplo. Para segurar a alta dos preços, eleva-se os juros, o que acaba esfriando o consumo. Cai a demanda, caem os preços.

TESTANDO A FÓRMULA

O que o Copom pretende ao aumentar a Selic é, justamente, enforcar a atividade econômica e desencorajar a inflação.

A economia está acelerada há algum tempo. Mais recentemente, o grande pepino do governo Lula (PT) é reduzir o preço dos alimentos, que está em alta desde o fim do ano passado.

Comida cara atrapalha a popularidade do governante. A pesquisa mais recente do Datafolha, divulgada em 14 de fevereiro, mostra uma reprovação recorde para os mandatos do petista: 41%.

O presidente costuma reclamar de taxas altas de juros, uma vez que encarece o acesso a crédito. É possível que ele não diga nada contrário desta vez, já que a inflação tornou-se um problema para sua imagem.

FUTUROLOGIA

O comitê deixou claro que ainda tem lenha para colocar na fogueira. Em outras palavras, escreveu que deve continuar o ciclo de alta da Selic na próxima reunião, em maio. O aumento, no entanto, deve ser menor.

Onde ela vai parar, depende da evolução da trajetória e das projeções da inflação.

Mesmo com o Copom tentando tirar o ar da atividade econômica brasileira, Lula prometeu um crescimento acima de 3% em 2025. Aguardemos os próximos capítulos.

**SUANDO FRIO**

Falar de economia americana tem feito alguns corações acelerarem de medo por aí. Isso porque a palavra gatilho foi acionada: estamos falando em recessão –possível, não confirmada, vale lembrar.

Ontem também rolou reunião do Fomc, que é o Copom dos EUA. Por lá, a decisão foi a manutenção da taxa de juros na faixa de 4,25% a 4,50%.

Você deve ter percebido: os juros americanos são determinados em intervalos, diferentemente daqui.

Parece inocente? Não é. Uma manutenção, no cenário americano atual, acende um sinal de alerta. As taxas de juros estão em um patamar historicamente alto e não optar pela queda sinaliza preocupação com a atividade econômica.

EFEITO DOMINÓ

Achou que não ia ler as palavras “tarifa” e “Trump” juntas hoje? Achou errado. Elas cumprem um papel importante na complicação da vida do americano médio.

Com elas, os produtos podem ficar mais caros nas estantes dos supermercados. Preços subindo é igual a inflação. Para segurá-la, o Federal Reserve, BC dos EUA, pode decidir aumentar os juros para forçar a contração dos preços. A atividade econômica é restrita, e então, recessão. Capiche?

“DOT PLOT”

É um gráfico que apresenta as projeções individuais dos membros do Fomc, comitê de política monetária americano, para a trajetória dos juros.

No documento, os especialistas reduziram a expectativa de crescimento do PIB este ano, aumentaram as projeções para a inflação e esperam uma taxa de desemprego mais alta no fim de 2025. Só alegrias.

“Há muitas coisas que não sabemos [sobre o tamanho e impactos das tarifas de Trump]. O progresso na inflação pode ser adiado por causa delas”, disse Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, em coletiva de imprensa ontem.

MUITA CALMA NESSA HORA

Deu para perceber que muita coisa ainda precisa acontecer para que uma recessão vire realidade. Por agora, o que nos resta é acompanhar os indicadores (e esta newsletter).

**COBRANDO O PIX 💸**

Não deixe de cobrar aquele Pix do seu amigo que ele ficou de te passar depois. Às vezes, faz diferença no seu orçamento. É isso o que o governo tem feito para recuperar um pouco do dinheiro que foi deixando pingar por aí.

A União assinou uma série de acordos de transação tributária com devedores e arrecadou R$ 61,3 bilhões no ano passado.

Só as companhias aéreas Gol, Azul e a massa falida da Varig renderam quase R$ 9 bilhões, somando dívidas com a União e pagamento de FGTS a trabalhadores.

DEVO, NÃO NEGO

O processo de recuperação da dívida ativa consiste no governo indo atrás de quem o deve –seja por ter deixado de pagar impostos, multas ou outros encargos com o poder.

É uma forma do estado recuperar dinheiro sem criar mecanismos de arrecadação. Calha que este governo em específico, neste momento presente, quer muito arrecadar.

REFRESCANDO A MEMÓRIA

Os gastos públicos têm sido uma pauta quente nos três anos de mandato de Lula.

De um lado, a oposição o acusa de ser mão aberta demais e distribuir dinheiro para programas sociais. Do outro, sua equipe argumenta que a agitação da economia gera lucros a todos.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, anunciou um pacote de medidas para cortar despesas do governo em novembro do ano passado.

A LOA (Lei Orçamentária Anual), que prevê as dívidas e os ganhos do estado durante o ano, ainda será votada no Congresso –sim, está muito atrasada. A primeira votação deve acontecer hoje.

NO VERMELHO (?)

A promessa para o ano passado era zerar o déficit primário–ou seja, igualar ganhos e perdas. Não rolou, mas quase. Ficou em 0,1% do PIB (sem contar os gastos com a calamidade no Rio Grande do Sul).

A ideia é continuar aumentando a receita, em vez de cortar os gastos, para deixar a conta no azul. Recuperar dívidas passadas é uma forma eficiente de fazê-lo.

EXPECTATIVAS

Para 2025, a expectativa da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional) é uma arrecadação de cerca de R$ 90 bilhões com a dívida ativa, com um aumento de 20% nas transações tributárias e mais R$ 30 bilhões com o PTI (Programa de Transação Integral). Um trocadinho.

**ENTRANDO NA TV 📺**

Há espectadores que não se contentam com a simples experiência de sentar em frente à TV e ver uma série. Sem vivê-la na pele, nada feito.

Sabendo disso, a companhia aérea Bangkok Airways está se preparando para comprar até 30 novos aviões na espera de um boom no turismo impulsionado pela popularidade da série “White Lotus”, cuja terceira temporada foi lançada pela HBO.

DOIS PASSOS DO PARAÍSO

A série mostra resorts de luxo peculiares e se passa em um lugar paradisíaco diferente a cada temporada. O palco atual é Koh Samui, uma ilha na Tailândia.

O governo tailandês prevê um recorde de 40 milhões de visitantes ao país inspirados pela trama.

A companhia aérea viu um aumento de 14% nas reservas antecipadas de voos para o segundo trimestre –época que costuma ser meio parada no calendário turístico nacional.

Ela pretende transportar de 10% a 20% mais passageiros do que os 2,7 milhões de 2024 nas rotas para Koh Samui, segundo o CEO, Puttipong Prasarttong-Osoth.

ENGORDANDO O PORQUINHO

Com o aumento do tráfego, a empresa deve começar uma reforma no aeroporto de Samui no segundo semestre, investindo US$ 45 milhões (R$ 253 bilhões).

Ainda, a companhia aérea obteve uma autorização para aumentar o número de voos de 50 para 73 por dia.

Até a Embraer pode sair ganhando com essa história, já que está no portfólio de fabricantes de aeronaves para quem a Bangkok pode recorrer.

EFEITO WHITE LOTUS

Por mostrar cenários deslumbrantes –ainda que coisas muito esquisitas acontecem neles– a série provocou efeitos no turismo da vida real.

O interesse em reservas no Four Seasons (rede global de resorts luxuosos) de Koh Samui aumentou 40% no site Hotels.com, segundo levantamento da BBC.

O mesmo aconteceu com o Four Seasons San Domenico Palace, em Taormina, na Sicília. O local das gravações da segunda temporada teve as reservas esgotadas por seis meses depois do lançamento dos episódios.

No cenário da primeira temporada, o Four Season Resort Maui, no Havaí, afirmou que viu as visitas no seu site aumentarem 425% na comparação com o ano anterior à série.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

Passo de tartaruga. IR 2025 atinge 1 milhão de declarações entregues na primeira semana, mas o ritmo está mais lento do que no ano passado –quando o número foi batido no primeiro dia do prazo.

Divergências. De um lado, Donald Trump defende que uma recessão pode até acontecer nos EUA, mas que valerá a pena depois. Leia aqui a opinião de economistas que discordam.

Números não mentem. Mesmo com recuperação e medidas no final do ano, a economia da Argentina encolheu 1,7% em 2024.

Medida emergencial: galinheiros. Cidades na França e na Bélgica estão distribuindo galinhas para combater o desperdício de alimentos.

LUANA FRANZÃO / Folhapress

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