Brasil, em alta, inicia caminhada dura na Copa do Mundo de basquete

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – É com confiança que o Brasil chega à Copa do Mundo de basquete, que terá início nesta sexta-feira (25). Japão, Indonésia e Filipinas recebem de maneira conjunta a competição, classificatória para os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024.

O desempenho recente deu ânimo aos comandados de Gustavo de Conti, que, no entanto, têm um caminho bastante complicado na Ásia. Chegar às quartas de final é uma tarefa possível apenas com triunfos sobre algumas das equipes consideradas favoritas.

A formação verde-amarela está na chave encabeçada pela Espanha, atual campeã. Superar Irã e Costa do Marfim para avançar ao lado dos defensores do título não parece ser um problema, mas aí novo grupo será formado com os dois primeiros colocados da chave que tem França e Canadá.

A Espanha, ainda que sem o armador Ricky Rubio, afastado para cuidar da saúde mental, tem um bom conjunto comandado por Sergio Scariolo. A França, de Rudy Gobert, teve nos últimos dez anos um ouro, uma prata e um bronze no Campeonato Europeu, além de uma prata olímpica, e busca seu terceiro pódio seguido no Mundial. O Canadá sentirá falta do lesionado Jamal Murray, porém conta com nomes relevantes da NBA: RJ Barrett, Dillon Brooks, Lu Dort e o excelente Shai Gilgeous-Alexander.

Não é tão estrelado o elenco brasileiro, que mescla a experiência de veteranos como Marcelinho Huertas, 40, com a disposição de jovens como Gui Santos, 21. Mas os resultados recentes foram positivos para o moral do time, que foi vice-campeão da Copa América no ano passado.

Nos amistosos preparatórios, a equipe bateu na Austrália a Austrália, bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021. Venceu também Sudão do Sul e Venezuela. Perdeu para Sérvia e Itália em jogos parelhos e desembarcou na Indonésia disposta a surpreender.

“Tivemos rivais duríssimos, e a maneira de que jogamos foi muito positiva. Pudemos fazer todos os testes, analisar o grupo, e temos um saldo muito bom da preparação. Vamos fortes para o Mundial, sabendo o tamanho do desafio, dos rivais, mas com muita confiança, porque o grupo já mostrou o que pode entregar”, disse De Conti.

“A confiança está muito grande em uma boa participação na Copa do Mundo. Queremos começar com tudo o torneio”, acrescentou o ala Léo Meindl.

A partida de estreia está marcada para a manhã brasileira de sábado (26), às 6h45, contra o Irã, na Indonesia Arena, em Jacarta. Os duelos com a Espanha e com a Costa do Marfim estão programados, respectivamente, para segunda (28) e quarta (30). A ESPN transmitirá o torneio, com jogos disponíveis também na plataforma Star+.

É um torneio no qual o Brasil tem relevância histórica. Bicampeã mundial, com triunfos em 1959 e 1963, a equipe verde-amarela forma com os Estados Unidos a dupla das únicas seleções com participação em todas as 18 edições anteriores do campeonato. Nenhum time marcou tantos pontos em um jogo do certame quanto o Brasil de 1978, que fez 154 a 97 na China.

Wlamir Marques, principal nome brasileiro da modalidade, bicampeão do mundo, entrou para o Hall do Fama da Fiba (Federação Internacional de Basquete) nesta semana, em cerimônia realizada em Manila. Aos 86 anos, participou da solenidade por vídeo, por questões de saúde, mas lembrou que seu país tem história no basquetebol.

Uma história à qual Raulzinho, Georginho, Benite e Bruno Caboclo tentarão fazer jus. O tri parece distante, e a vaga olímpica é complicada, porém os atletas fizeram o suficiente na preparação para acreditar no improvável.

A Copa do Mundo dará vaga nos Jogos de Paris aos dois melhores países das Américas. Estão na competição Estados Unidos, Canadá, Venezuela, Porto Rico e República Dominicana. Os que não obtiverem classificação direta, a depender de sua posição no Mundial, ainda poderão tentar a sorte nos torneios pré-olímpicos do ano que vem.

Na última edição da Copa, o Brasil sobreviveu à primeira fase, com vitórias sobre Nova Zelândia, Grécia e Montenegro, e caiu na sequência, com derrotas para República Tcheca e Estados Unidos. Teve de jogar um dos campeonatos pré-olímpicos, perdeu a final para a Alemanha e não foi a Tóquio.

Foram resultados que provocaram mudanças na seleção, novamente dirigida por um brasileiro após quase uma década e meia. Gustavo de Conti, hoje com 43 anos, foi o escolhido para suceder o espanhol Moncho Monsalve (2008 a 2009), o argentino Rubén Magnano (2010 a 2017) e o croata Aleksandar Petrovic (2018 a 2021).

Valorizado pelo bom desempenho no Flamengo, onde continua trabalhando, o jovem chegou buscando resgatar a identificação dos atletas com o time nacional, que faltou no período em que o país tinha representantes de maior relevância na NBA. Os resultados, até aqui, têm sido satisfatórios. Agora, vem um desafio maior.

MARCOS GUEDES / Folhapress

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