Brasil, EUA e Canadá vivem pesadelo em cidade mais ‘mal-assombrada’ da Copa

MELBOURNE, AUSTRÁLIA (UOL/FOLHAPRESS) – Brasil, Canadá e Estados Unidos têm uma coisa em comum nesta Copa do Mundo: foram eliminados no estádio de Melbourne. Terror das grandes seleções, a cidade também oferece experiência mal-assombrada para a população e os turistas.

As brasileiras e canadenses caíram ainda na primeira fase do Mundial, enquanto as norte-americanas acabaram eliminadas nas oitavas de final, nos pênaltis. A cidade viu a reta final das carreiras de Marta, Christine Sinclair e Megan Rapinoe.

Mas dentro e até nas redondezas da parte principal da cidade, as pesquisas sobre o que fazer de diferente levaram a um tour de fantasmas, que imediatamente chamou a atenção. O bilhete custou 49 dólares australianos (R$ 157,25).

‘CAÇA’ AOS FANTASMAS

A reportagem participou de um desses passeios e foi conhecer mais detalhes de Williamstown, um lugar que fica bem próximo ao centro de Melbourne.

A Lantern Ghost Tours oferece outras diversas opções de passeios não só em Melbourne, mas outros lugares da Austrália. Há até uma opção de ter um jantar em um pub assombrado.

Melbourne tem algumas das construções consideradas entre as mais mal-assombradas do mundo, como o Old Melbourne Gaol, que foi usado como prisão. Por isso, esse tipo de passeio é popular. A minha excursão tinha quase 30 pessoas e são feitos apenas às sextas e sábados.

Repleto de museus marítimos e pontos de referências coloniais, Williamstown foi o primeiro assentamento portuário de Melbourne, famoso pela busca pelo ouro. Quando as embarcações chegavam, pessoas doentes eram jogadas aos montes para fora.

O bairro era considerado a Las Vegas de Melbourne séculos atrás, mas hoje é um lugar pacato, com alguns bares mais iluminados e ruas vazias, o que torna a experiência ainda mais imersiva.

COMO É O PASSEIO

A guia inglesa adota um humor sarcástico para guiar o grupo ao longo da caminhada. Mesmo com o frio doído, ela dispensa o casaco. Tudo dura cerca de uma hora e meia. Na primeira conversa, ela já pergunta se alguém teve experiências paranormais e pessoas relatam, inclusive, em outros passeios feitos pela empresa.

Antes de começar a caminhada, ela ajuda em uma espécie de limpeza espiritual coletiva respirando fundo e soltando com força. Depois um coro diz que estão abertos a espíritos e serem contatados.

Aí sim o passeio começa com a primeira ironia: logo depois de contar a história sobre um homem que jogava água de uma fonte benzida na cara das pessoas, pequenos pingos começam a cair. O primeiro instinto foi pensar que a experiência paranormal já havia começado, mas era só chuva.

A primeira passagem é por um beco onde ocorreu um assassinato de um membro de uma família rica e famosa de 19 anos. Os ladrões tinham 18 e 21 anos e quem passa pelo beco pode sentir tristeza, respiração aumentado ou coisas similares. Um deles foi enterrado perto da cova de Edward “Ned” Kelly, um assassino famoso do país. Por ter as mesmas iniciais, acabou tendo restos mortais roubados por engano.

Ainda próximo ao beco, ela conta que principalmente em noites muito frias há relatos de uma fila de pessoas em uma casa onde antigamente se servia comida aos mais pobres. No momento em que ela aponta para a casa, sai um homem de dentro e todo mundo ri de nervoso. Instantes depois, aponta para outra rua e um homem surge andando. A guia brinca: “timing perfeito. E eu nem combinei”.

As próximas duas paradas são no Stags Head Hotel e na frente de mais um beco. No primeiro, os relatos são de uma mulher que foi apelidada de Sara e geralmente aparece na esquina com um drink fazendo sinal para um brinde. Pessoas que trabalham no local têm diversas histórias estranhas. No beco, a guia pergunta se alguém sente algum cheiro diferente e, mesmo sem dar qualquer dica, alguns arrematam: esterco de cavalo. O local era onde os animais ficavam.

TORRE E NECROTÉRIO

“Tenha cuidado com o que vai achar”, diz a guia quando conta sobre um enorme campo aberto onde foram encontrados vários corpos durante uma escavação para aumentar a linha de trem. Ela relata que até os dias atuais, especialmente quando chove muito, tem cachorros que gostam de cavar por ali e acabam encontrando restos mortais.

A penúltima parada é uma torre, a Williamstown Timeball Tower, construída inicialmente como um farol. Ela conta que prisioneiros ajudaram a construir, mas frequentemente a estrutura tinha problemas. Quem supervisionava era John Price, um carrasco que usava muito um chicote com nove pontas para punir e acelerar os prisioneiros. No final, foi apedrejado até a morte por eles. Quinze condenados foram julgados por homicídio e sete foram enforcados.

Para entrar na torre, os grupos precisaram ser divididos porque o local é pequeno. O interior tem uma aparência bagunçada, com coisas aleatórias e lixo. Olhando para cima, algumas pessoas, inclusive eu, veem uma luz diferente. Mas a guia garante: não há nada disso efetivamente funcionando ali dentro.

A última parada é a que gera mais empolgação no grupo: o necrotério. Alguns historiadores acreditam ser o necrotério mais antigo da região. Não dá pra contar quantos corpos passaram por lá. Logo na chegada, um bar começou a tocar Dancing Queen, do ABBA, nas alturas, o que fez todos rirem e a guia brincar: “Tudo a ver com o clima”. Ela pergunta se alguém quer ser o primeiro a entrar e logo um rapaz se oferece.

A parte de dentro de uma das casinhas é encenada para assustar, com bonecos pendurados. Ela conta que os corpos ficavam assim para evitar ratos e diz que testaremos entrar em contato com espíritos. Primeiro ela pede que todos filmem ou tirem fotos do escuro para ver se algo aparece. Um homem ao meu lado mostra uma luz e eles passam algum tempo se perguntando se pode ou não ser algo diferente. No fim, acreditam que sim.

Por fim, ela entrega uma varinha em formato de L e diz que todos podem usar para fazer perguntas e verem se algo é detectado. O primeiro voluntário, o mesmo que se ofereceu para entrar no local antes, não consegue nada. Depois, uma menina começa a ter muita ação com as hastes se movimentando enquanto faz perguntas. Ela fica mais tensa e decide parar.

Eu resolvo pegar pelo bem da matéria. Fico um tempo segurando e nada acontece. Penso comigo, “beleza, se tem alguém aí move pra esquerda”. Imediatamente as hastes se movimentam rápido para o lado pedido. Eu rio de nervoso e falo “é, pra mim deu”. Vale lembrar que são objetos sensíveis e que podem ser manipulados mesmo sem querer. Acredita quem quer.

Minha conclusão é que, por mais que seja bem interessante, o tour nem se compara ao terror que passaram Canadá, Brasil e Estados Unidos na mesma Melbourne.

LUIZA SÁ / Folhapress

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