Brasil tem 212,6 milhões de habitantes, diz IBGE

SÃO PAULO, SP E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A população brasileira foi estimada em 212,6 milhões de habitantes em 1º de julho de 2024, aponta projeção do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O número sinaliza um avanço de 0,4% na comparação com o contingente previsto para 2023 (211,7 milhões).

A projeção de 2024 foi publicada nesta quinta-feira (29) no Diário Oficial da União. Os dados já haviam sido estimados pelo IBGE na semana passada, quando o órgão anunciou que o número de habitantes do Brasil deve começar a cair em 2042.

Com quase 46 milhões de habitantes, o estado de São Paulo continua sendo o mais populoso do país. Concentra 21,6% da população brasileira.

A capital paulista, por sua vez, tem um contingente estimado de 11,9 milhões de habitantes. É o maior número entre os municípios do país.

As projeções do IBGE foram atualizadas a partir do Censo Demográfico 2022 e também levam em conta outras bases de informações sobre a dinâmica de nascimentos, mortes e migração.

As estimativas são utilizadas para o cálculo do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), fonte de recursos das prefeituras.

Para a data de referência de 1º de julho de 2022, ano do Censo, o IBGE projetou uma população de quase 210,9 milhões no Brasil. O número está 3,9% acima do registrado no recenseamento, de quase 203 milhões no mesmo dia.

A previsão não invalida os resultados do Censo e busca um ajuste para corrigir eventuais omissões de dados da contagem populacional, de acordo com o IBGE. A contagem de 2022 sofreu atrasos e restrições orçamentárias.

Após indicar uma estimativa de 210,9 milhões de habitantes naquele ano, o instituto projetou populações de 211,7 milhões para 2023 e de 212,6 milhões para 2024.

A estimativa deste ano (212,6 milhões) é 4,7% maior do que a encontrada pelo Censo em 1º de julho de 2022 (quase 203 milhões). Em termos absolutos, a diferença é de 9,6 milhões de pessoas.

O IBGE afirma que as projeções e o recenseamento diferem porque “partem de pressupostos diferentes”.

No caso do Censo, trata-se da contagem efetiva da população em determinado ano. Já os valores projetados ou estimados têm como ponto de partida a população ajustada do recenseamento, sobre a qual são aplicadas técnicas demográficas, incluindo variáveis como fecundidade, mortalidade e migração, aponta o instituto.

“Em outras palavras, a diferença entre as duas populações é explicada pela diferença entre o método de sua obtenção. É importante ressaltar que ambos os processos de trabalho não são excludentes, mas, sim complementares”, diz o órgão.

Depois de São Paulo (46 milhões), os estados mais populosos são Minas Gerais (21,3 milhões) e Rio de Janeiro (17,2 milhões), indicam as estimativas de 2024. Roraima tem o menor número de moradores (716,8 mil).

O IBGE diz ainda que o Brasil reúne 15 municípios com mais de 1 milhão de habitantes. Depois da capital paulista (11,9 milhões), aparecem Rio de Janeiro (6,7 milhões) e Brasília (3 milhões).

Das 15 cidades com mais de 1 milhão de pessoas, 13 são capitais. Quase 42,8 milhões de habitantes vivem nos 15 municípios. O número equivale a 20,1% do total projetado para o país em 2024 (212,6 milhões).

Por outro lado, o Brasil tem 26 municípios com menos de 1.500 habitantes. A cidade mineira de Serra da Saudade (a 260 km de Belo Horizonte) possui a menor população do país: 854 moradores.

Outras duas têm menos de mil habitantes, segundo as projeções de 2024. São os casos de Anhanguera (GO), com 921 moradores, e Borá (SP), com 928.

POPULAÇÃO DEVE DIMINUIR A PARTIR DE 2042

As projeções do IBGE mostram que a população brasileira deve começar a diminuir em 2042. O órgão espera que o número de habitantes cresça até o pico de 220,43 milhões em 2041 e, depois, passe a encolher.

O movimento de queda tende a se intensificar nas décadas seguintes, levando o contingente para menos de 200 milhões em 2070 (199,2 milhões).

“A gente vai ter a população crescendo cada vez a taxas menores, e o último ano de crescimento do Brasil seria 2041”, disse Marcio Minamiguchi, gerente de projeções e estimativas populacionais do IBGE, ao apresentar os dados na semana passada.

“A partir de 2042, a gente passaria a ter uma diminuição da população. Essa redução ocorreria em ritmo cada vez maior [até 2070]”, acrescentou.

O instituto divulgou a edição anterior das projeções em 2018, antes da pandemia de Covid-19, que pode ter influenciado parte da dinâmica demográfica, com redução mais intensa nos nascimentos.

Em 2018, o IBGE esperava que a queda da população começasse mais tarde, em 2048. O pico era projetado para o ano de 2047, estimado em 233,2 milhões –maior do que o previsto agora para 2041 (220,43 milhões).

Minamiguchi afirmou que o cenário atual é “um pouco diferente”. Conforme o técnico, a revisão ocorreu principalmente por mudanças no cenário de fecundidade no Brasil.

“Na projeção anterior, a gente vivia um período em que, aparentemente, se você olhasse para o gráfico da fecundidade, ela estava meio estável, apresentando até sinais de recuperação. Após isso, na verdade, a trajetória foi mais no sentido de queda”, afirmou.

Os idosos devem chegar a quase 38% da população do Brasil em 2070. Trata-se de um dos sinais do processo de envelhecimento do país, que tende a ser intensificado nas próximas décadas.

Segundo o IBGE, as pessoas com 60 anos ou mais representavam 15,6% da população em 2023. A proporção tende a saltar a 37,8% em 2070, mais do que o dobro do patamar do ano passado.

Em termos absolutos, o número de habitantes com 60 anos ou mais era de quase 33 milhões em 2023. A expectativa é alcançar 75,3 milhões em 2070.

Assim, o grupo dos idosos deve se tornar mais representativo do que as camadas de 40 a 59 anos (25,6%), de 25 a 39 anos (15,5%), de 0 a 14 anos (12%) e de 15 a 24 anos (9,2%) no ano final das projeções.

Conforme as estimativas, o processo de envelhecimento no Brasil já está em curso. Em 2000, o percentual de idosos na população era de 8,7%, subindo a 15,6% em 2023.

Com isso, a parcela dos mais velhos já superou a dos jovens de 15 a 24 anos, calculada em 14,8% no ano passado.

“A gente vê uma mudança de composição bem nítida ao longo desse horizonte das projeções, passando de um país jovem para um país mais velho”, disse Minamiguchi.

CRISTINA CAMARGO, FRANCISCO LIMA NETO E LEONARDO VIECELI / Folhapress

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