Brasileira vira embaixadora da NFL e é destaque em novo esporte olímpico

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Há sete anos, Gabriela Bankhardt dava os primeiros passos de sua trajetória no flag football, modalidade “prima” do futebol americano que estará nas próximas Olimpíadas. nesta quinta-feira (5), ela é a primeira atleta brasileira a ser eleita embaixadora da NFL e sonha em fazer o esporte crescer tendo no horizonte os Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028.

PIONEIRA BRASILEIRA EM PROGRAMA DA NFL

Gabi Bank, como é conhecida, entrou para o rol dos seletos atletas que ocupam o cargo de embaixador global da NFL e da Ifaf, a federação internacional da modalidade. O anúncio foi feito durante o último Mundial, disputado na Finlândia, e em meio a um jogo do Brasil, fazendo com que o reconhecimento logo ecoasse na arquibancada: “Vai, embaixadora!”.

Ela conheceu o flag football em 2017, quando ainda cursava jornalismo, pegou gosto pelo esporte e nunca mais se afastou. Teve seu primeiro contato com a seleção brasileira feminina no ano seguinte e, desde então, é convocada e disputa competições internacionais. A recebedora de 28 anos se tornou, inclusive, uma das capitãs do time. É campeã sul-americana e tem dois Mundiais na bagagem, além de ter disputado o Intercontinental no ano passado.

Ainda se adaptando à nova função, Bank já agarrou a oportunidade com a missão de disseminar o flag no país. Ela quer “furar a bolha”, espalhar a modalidade ainda mais por todo o território nacional e que o Brasil ocupe cada vez mais espaços no meio internacional. Seus primeiros compromissos oficiais como embaixadora estão sendo nas atividades durante a semana do São Paulo Game da NFL, que será realizado na noite desta sexta (6), na Neo Química Arena.

Está sendo uma excelente oportunidade. Ainda estou descobrindo o tamanho e a relevância que é ser embaixadora, mas casa muito com o que eu quero para o flag, que é que ele expanda e que a gente fure essa bolha.

“Que a gente consiga fazer com que o Brasil inteiro conheça o flag, e a gente possa realmente aproveitar esse boom, seja da NFL, seja do jogo no Brasil, seja do fato de virarmos olímpicos, para que a gente possa realmente expandir. Acho que é muito representativo, eu fico bem feliz de poder ocupar esse espaço e espero poder representar muito bem o nosso flag”, diz Gabi Bankà reportagem.

GLAMOUR VS REALIDADE DO ESPORTE

Apesar de ser embaixadora da NFL e de estar na seleção, Bank rala como outros atletas de flag no Brasil e não é remunerada. A modalidade ainda é amadora e caminha lentamente, mesmo com a chegada de novos holofotes, rumo à profissionalização.

Ela trabalha como analista de comunicação e branding para se sustentar no esporte. O emprego em uma empresa de previdência privada é flexível e dá a ela a possibilidade de ajustar seus horários para conciliar treinos e demais atividades da seleção. “Em primeiro lugar vem a minha carreira profissional porque sem ela eu não me mantenho no flag, infelizmente. Mas em qualquer momento que eu não esteja trabalhando eu estou nessa jornada de atleta”, contou.

Natural de Santa Catarina, ela joga por seu time de Florianópolis e precisou também buscar uma equipe em São Paulo. Com somente uma competição nacional, que tem duas etapas e é disputada apenas em dois finais de semana, e poucos torneios estaduais atuando com o Desterro Atlantis, a atleta buscou se juntar ao Caniballs para estar em mais competições.

Costuma ir uma vez por mês à capital paulista, desembolsando cerca de R$ 500 a cada viagem —que chega a durar até 14h dependendo da locomoção. Cada participação nos campeonatos internacionais ultrapassa a casa dos R$ 5 mil.

Além da vida profissional e de atleta, também divide o tempo com a particular. Ela está noiva de um atleta, que atua na mesma cidade e pela seleção, e que dá a ela todo o suporte. No entanto, a família acaba “pagando o preço” da dedicação ao esporte. “Às vezes essa parte acaba ficando um pouco prejudicada”, admitiu.

Eu estou desde 2017 investindo muito tempo, muito dinheiro. E pela primeira vez, algumas coisas estão voltando e isso é muito bom. Muito gratificante também porque, de certa forma, até pra eles [familiares] eu consigo dizer: ‘Isso está valendo a pena’.

Talvez eu não estivesse naquele aniversário, no Dia dos Pais, eu sei, é triste, mas às vezes essas coisas valem a pena porque a gente almeja uma coisa muito maior. A gente está em busca de grandes colocações, de Olimpíadas, e a gente sabe que pra estar lá temos que abdicar de coisas agora.

Os desafios, no entanto, são recompensados com o reconhecimento crescente e pela esperança de uma nova realidade para o flag. A visibilidade trazida pelo jogo da NFL no Brasil, o primeiro da Liga no Hemisfério Sul, e pela modalidade ter se tornado olímpica jogam à favor. E Bank tem como um novo objetivo pessoal fazer de tudo para ajudar nessa jornada.

É surreal. Tanto a instituição NFL quanto essas primeiras conquistas, como o primeiro jogo no Brasil, com certeza estão abrindo caminhos para que a gente realmente possa mostrar o flag para mais pessoas. E que a gente consiga mais: a gente precisa de incentivo, de apoio, de patrocínio para que realmente possamos impulsionar a nossa seleção e estar nas Olimpíadas em 2028. Gabi Bank

Curiosidade: O que é o flag football? Modalidade adaptada do futebol americano, mais dinâmica e com contato e dimensões reduzidos (cinco contra cinco praticantes em um campo menor). Utiliza-se um cinto com duas fitas (flags) em vez de equipamentos de proteção como capacete e ombreira. A jogada é interrompida quando uma dessas fitas é retirada, substituindo a necessidade do “choque” para derrubar o adversário. O touchdown continua valendo seis pontos, mas não há field goals (chutes), e sim conversões para um ou dois pontos em marcas pré-estabelecidas. Para efeito apenas lúdico, é como se fosse o futsal do futebol de campo

ANDRÉ MARTINS / Folhapress

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