Brasileiro lamenta melhor resultado da história no triatlo

PARIS, FRANÇA (UOL/FOLHAPRESS) – Miguel Hidalgo conquistou, nesta quarta-feira (31), o melhor resultado da história do Brasil no triatlo olímpico. Mas como ele se sente alcançando esse feito e sendo o 10º melhor dos Jogos Olímpicos?

“É uma porcaria”, disse ele, visivelmente frustrado, minutos após a prova, ainda debaixo de um sol escaldante em Paris.

Aos 24 anos, Miguel chegou aos Jogos como nono colocado do ranking olímpico, mas sem nunca ter subido ao pódio de uma grande competição do circuito. Isso não o impedia de sonhar grande.

“Eu sei que eu nunca peguei um pódio mundial, mas eu fiz uma preparação para tentar ganhar a prova. Pra mim, eu poderia ter feito uma prova mais conservadora e talvez ficado uma colocação um pouco melhor, mas eu fiz tudo o que eu pude para pegar a medalha”, afirmou.

Acabou em décimo, uma posição abaixo do que fez Sandra Soldan em Sydney-2000, na estreia do triatlo como esporte olímpico, mas não ficou feliz. Entende que, no Brasil, é medalha ou nada, e ele acabou sem nada.

“Ninguém lembra do quarto em diante. Eu sei que para mim (o décimo lugar) não mudou nada na minha vida, mudaria alguma coisa na minha vida se tivesse sido medalha e sei lá, eu acho que a cultura do brasileiro é essa. Não vou ser eu que vai mudar, o brasileiro gosta de ver o atleta ganhando e eu que lide com isso”, disse.

Hidalgo inclusive concorda com essa postura do torcedor médio. “Dou razão para o brasileiro. Um país que teve ídolos como Ayrton Senna, Guga, Pelé, está acostumado a ganhar e é isso, não vou ser eu que vou mudar essa história, eu que ganhe da próxima vez.”

Hidalgo permaneceu com um pelotão de cerca de 30 atletas durante toda a parte de ciclismo, e viu somente dois adversários descolarem na parte corrida: o britânico Alex Lee e o neozelandês Hayden Wilde. Com uma média progressiva (ficando mais veloz a cada volta), foi se mantendo na disputa por medalhas.

Na abertura da última volta, estava em quinto, a menos de 5 segundos da dupla francesa que disputava a medalha de bronze. Mas aí a energia acabou. “Mentalmente eu estava buscando a medalha o tempo inteiro e simplesmente a energia acabou. Eles mantiveram o ritmo e meu ritmo caiu. Eu fiz tudo o que eu pude para a medalha e no final acabei lutando só pelo top 10”, comentou.

O brasileiro, porém, acredita que sua história com os Jogos Olímpicos está só começando. “Eu sei que eu ainda tenho muito apra amadurecer como atleta e em 2028 eu quero fechar esse gap e eu tenho certeza que eu vou ganhar ainda. Do top 10 eu era o mais novo, talvez até do top 20. Triatlo é um esporte de endurance que você demora um pouco mais para amadurecer mesmo e é isso: décimo lugar e vamos pra Los Angeles.”

DEMÉTRIO VECCHIOLI / Folhapress

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