Brasileiro que subiu da base do River torce e quer jogar pela Argentina

BUENOS AIRES, ARGENTINA (UOL/FOLHAPRESS) – O River Plate tem um brasileiro de 18 anos, nascido em Curitiba, que recentemente estreou no time principal. Mas em dia de Argentina e Brasil no Monumental de Núñez, casa do River Plate, não se engane a respeito de Giorgio Costantini. Ele tem dupla nacionalidade só por uma questão burocrática:

“Ele é mais argentino do que brasileiro”.

Quem conhece bem o meio-campista lançado por Marcelo Gallardo no time principal do River é Rodrigo Bellão, técnico do sub-20 do Botafogo e autor da frase acima.

O caminho dos dois se cruzou no Athletico, onde Giorgio jogou antes de aparecer na base do time do coração da família toda. Por isso, fala com tanta propriedade sobre a preferência no jogo desta terça-feira (25), pelas Eliminatórias.

Bellão treinou Giorgio no sub-15 e no primeiro ano de sub-17. Teve que aguentar o jogador zoando o resto da galera por causa de Messi e Cia. na Copa do Mundo do Qatar.

“Sempre brincamos muito com ele em relação a derrotas da seleção da Argentina para o Brasil. Mas quando ganharam a Copa, ele zoou todos nós. Foi uma época bem legal e ele aproveitou muito aquele título da Argentina”, lembra o treinador à reportagem.

Como referências da posição, Giorgio até se divide. Gosta de Bruno Guimarães e Enzo Fernández. Mas o jogador nunca escondeu dos colegas que quer um dia jogar pela seleção argentina e tem isso como um sonho.

A raiz albiceleste se explica. Giorgio é filho de pai brasileiro e mãe argentina. O avô dele é um renomado cardiologista, Costantino Costantini – que já tratou Washington Coração Valente e Cuca.

O River é o time do coração da família e Giorgio não fica fora disso. Por isso foi o caminho natural após sair do Athletico, em junho de 2023.

O meio-campista é canhoto, tem 1,85m e qualidade técnica. Pode ser um volante mais recuado ou mais avançado. Quem o conhece diz que chuta bem de longa distância.

“Giorgio é um jogador muito inteligente. Tem uma grande leitura de jogo, tanto que em todos os vídeos ou palestras sempre teve uma boa colocação a fazer para todos, com uma excelente leitura”, disse Bellão.

No Athletico, Giorgio compunha um meio-campo de uma geração que tinha João Cruz, que nesta terça-feira (25) tem convocações para a seleção sub-20 do Brasil e é uma das principais revelações do time paranaense —apesar do mau momento geral, com rebaixamento à Série B e derrota na semifinal do estadual.

Mas o rapaz estava insatisfeito, jogando pouco e aí a família achou um caminho para o River. O contato foi de Fernando Cinelli D’Onofrio, sobrinho do ex-presidente do River, Rodolfo D’Onofrio.

“Consegui que ele fizesse um teste e, a partir daí, dependeria dele. Ficou uma semana. Pediram para ficar outra e assim seguiu no Riiver”.

A família do jogador conseguiu que o Athletico fizesse a liberação de graça para concretizar a mudança de ares.

As características positivas abriram espaço para Giorgio no River Plate. Depois de passar pelos times de base, ele teve participações desde 2024 em alguns treinos e na pré-temporada com o time principal.

No jogo da estreia, Enzo Pérez estava suspenso. Isso abriu uma brecha para Giorgio ser relacionado. E no jogo contra o Atlético Tucumán, Santiago Simón, meio-campista que entrou no segundo tempo, ainda foi expulso.

Tudo isso pavimentou o caminho para Giorgio estrear no time principal em 9 de março, já nos acréscimos da vitória por 1 a 0.

Depois dessa rápida aparição, o clube tem tentado blindar o jogador, que desde então fez mais dois jogos, só que pelo time reserva do River.

Foi só o primeiro passo de uma carreira que ainda nem decolou direito. Nas próximas semanas, os representantes do jogador esperam formalizar um contrato de três anos com o clube argentino.

Mas não deixa de ser curioso que, em um momento do mercado no qual jogadores de países vizinhos ao Brasil busquem melhor remuneração por aqui, Costantini tenha optado pelo mercado argentino para se projetar como profissional.

“A questão dele tem muito a ver com a nacionalidade de sua família, assim como seu sentimento. Ele se sente mais argentino do que brasileiro. Faço um paralelo ao contrário com o Fernando Meligeni (tenista). Nasceu argentino e sempre serviu o Brasil em competições internacionais”, completa o técnico do sub-20 do Botafogo.

Giorgio tem um irmão mais velho que também é jogador. Facundo Costantini é um zagueiro que passou pela base de Coritiba e São Paulo, por exemplo. nesta terça-feira (25), aos 25 anos, joga no AEL Limassol, do Chipre.

Curiosamente, Facundo já completou um treino da seleção, em 2019, durante a Copa América. Ah, e foi na seleção brasileira.

IGOR SIQUEIRA / Folhapress

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