SÃO PAULO, SP E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O BRB (Banco de Brasília) adquiriu 58% das ações do Banco Master e passa a ser o novo controlador da instituição. O acordo foi aprovado pelo conselho de administração do BRB nesta sexta-feira (28) e informado ao mercado via fato relevante.
O valor exato da operação, antecipada pelo jornal O Globo, não foi revelado, mas o negócio gira em torno de R$ 2 bilhões, segundo pessoas a par da operação.
O comunicado informa que o preço de aquisição será equivalente a 75% do patrimônio líquido consolidado do Banco Master, ajustado por eventuais baixas de ativos ou reconhecimentos de apontamentos no balanço.
“A operação tem como objetivo a incorporação do Banco Master ao Conglomerado Prudencial do Banco BRB, em linha com sua estratégia de expansão e fortalecimento de sua posição no mercado financeiro”, disse o BRB no comunicado ao mercado.
Com a venda, o atual presidente e dono do Master, Daniel Vorcaro, vai para o conselho de administração do BRB, cujo maior acionista é o Governo do Distrito Federal.
A interlocutores, Vorcaro disse que a operação é ganha-ganha para os dois bancos e que terá uma cogestão com o BRB no banco. O Master passará ter acesso ao funding do BRB, considerado mais barato e de longo prazo pelo banco de Vorcaro.
A expectativa de dirigentes do Master é que o banco fique menos dependente da oferta de aplicações em CDBs, que tem como estratégia a promessa ao investidor de grande rentabilidade por meio do seguro do FGC (Fundo Garantidor de Crédito). O fundo cobre até R$ 250 mil por CPF em casos de problemas com a instituição financeira.
Esse tipo de operação com a propaganda do FGC está na mira do Banco Central e é motivo de reclamações dos grandes bancos, que fazem aportes maiores ao fundo. O Master foi um dos bancos que mais cresceu com esse tipo de operação, chamando a atenção dos analistas do sistema bancário e dos concorrentes.
O BRB tem um funding que não depende do FGC, de acordo com executivos do Master, e esse seria um dos interesses do banco em fazer a operação com o BRB.
A parceria do BRB com o Master começou em julho do ano passado, quando o banco de Vorcaro fez sessões de carteiras de crédito consignado para o banco do governo do Distrito Federal. As conversas para aquisição do Master pelo BRB começaram no final do ano passado.
Um atrativo para o negócio é que, com a junção dos dois bancos, o conglomerado passaria a ter R$ 10 bilhões de PL (Patrimônio Líquido). Um executivo do Master ressaltou o ROE (Retorno sobre o Patrimônio) do BRB está abaixo da média de mercado e que, com a operação, o banco vai ampliar o resultado
O BTG Pactual também havia feito uma proposta pelo banco, que preferiu fechar negócio com a instituição brasiliense. Na oferta do banco de André Esteves, Vorcaro teria que sair da instituição.
A operação ainda depende aprovação do Banco Central e do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
BANCO MASTER
Após a reorganização e na data de fechamento da operação, o Master terá como controladas somente as seguintes sociedades: Banco Master Múltiplo S.A. (e suas controladas Will Holding Financeira S.A., Will Financeira S.A. Crédito Financiamento e Investimento e Will Produtos Ltda.) e Maximainvest Securitizadora S.A.
Ainda segundo o comunicado, as empresas manterão as estruturas das empresas apartadas, porém, irão compartilhar “governança, expertise, sinergias e coordenação estratégica e operacional.”
O Master tem forte operação em cartão de crédito consignado, câmbio, mercado de capitais e atacado. Já o banco digital Will Bank foca um atendimento mais ágil e eficiente ao público de baixa renda. Sua atuação fortalece a estratégia de inclusão financeira e potencializa a capacidade de rentabilização da base de clientes, diz o BRB.
Outro destaque do Master são os seus CDBs, que estão entre os mais rentáveis do mercado. Segundo analistas, a remuneração mais alta reflete um maior risco de crédito, característico de bancos menores.
O banco de Vorcaro informou ter, em 30 de junho de 2024, um lucro líquido do primeiro semestre daquele ano de R$ 501 milhões, com um ROE (indicador que mede a rentabilidade de bancos) de 32,2%, acima da média do setor.
Já o Banco BRB teve um lucro líquido recorrente de R$ 92,2 milhões no mesmo período e um ROE de 10,2%.
O banco brasiliense expandiu sua atuação regional focada em crédito consignado para 20 estados, com 8,9 milhões de clientes, R$ 61 bilhões em ativos, com atuação no varejo bancário, crédito imobiliário, agronegócio, setor público, meios de pagamento, seguros e investimentos.
QUEM É DANIEL VORCARO
Novato na Faria Lima, Vorcaro ganhou a atenção do mercado financeiro desde que comprou 80% do projeto Fasano Itaim, que reúne hotel, torre residencial e restaurantes, no fim de 2022. Em 2024, ele voltou a surpreender o setor com a aquisição do Banco Voiter e do Will Bank.
Considerado por seus pares mais experientes como um jovem de empreendedorismo agressivo, o mineiro de 40 anos, que assumiu o controle do Banco Máxima em 2019 e o rebatizou como Master em 2021, tinha um plano de negócios arrojado para a instituição.
O objetivo era chegar a R$ 10 bilhões de patrimônio líquido em 2026 -em 2018, o patamar girava em torno de R$ 30 milhões, segundo a instituição.
Seu nome também repercute no noticiário pela realização de eventos luxuosos, que incluem conferências com ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) no exterior e a festa de 15 anos da filha com show do DJ Alok.
JÚLIA MOURA E ADRIANA FERNANDES / Folhapress