Brookfield compra 97% dos apartamentos no retrofit do 1º arranha-céu da América Latina

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A gestora de ativos Brookfield fechou um acordo com a incorporadora paulista Azo para a compra de 97% dos apartamentos que integram o projeto de retrofit do edifício histórico A Noite, no centro do Rio de Janeiro. O prédio é considerado o primeiro arranha-céu da América Latina.

Com o acordo, a Brookfield ficará com 434 unidades das 447 previstas, além de lojas e restaurantes que devem ser instalados no local.

Os outros 13 apartamentos continuarão com a Azo, que segue responsável pelas obras. O valor do negócio não foi divulgado pelas empresas.

O plano da Brookfield é destinar as unidades para locação, em um conceito chamado no mercado de “multifamily”.

Nesse modelo, um mesmo investidor compra os apartamentos de um complexo imobiliário para colocá-los em aluguel. A multinacional canadense afirma já ter mais de 5.700 unidades do tipo, sendo 2.340 em operação, no Brasil.

Uma obra de retrofit é a modernização ou a restauração de um edifício antigo, preservando parte das características históricas. O investimento para a reforma do A Noite é estimado em R$ 188 milhões.

A recuperação do prédio está em linha com o plano da Prefeitura do Rio de reocupação do centro da cidade. O município havia comprado o edifício da União em março do ano passado, já com a ideia de revendê-lo. O negócio com a Azo foi anunciado na sequência, em julho de 2023.

A incorporadora de Campinas (SP) disse que segue como a detentora da marca do A Noite. A previsão atualizada é iniciar as obras no começo de 2025, após autorização do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para os serviços de desmontagens internas.

O retrofit apostará na construção de estúdios. A estimativa para a entrega do prédio é de até 30 meses, o que significaria meados de 2027.

A Azo afirma que o projeto segue dentro do programado, embora tenha divulgado em setembro que planejava iniciar as obras em novembro.

Inaugurado em 1929, o A Noite ficou conhecido dessa forma por ter abrigado o jornal carioca de mesmo nome. O arranha-céu de 102 metros de altura também foi palco dos anos de ouro do rádio brasileiro ao sediar a Rádio Nacional.

Ao longo das décadas, o prédio ainda recebeu servidores de diferentes órgãos públicos, mas passou a conviver com esvaziamento. O local esteve fechado nos últimos anos.

A Folha entrou no edifício no primeiro semestre do ano passado. À época, poucos profissionais se revezavam na manutenção do imóvel, que acumulava espaços vazios, escuros e com muita poeira.

Além de transformar a construção em um residencial, o retrofit também prevê a instalação de um mirante com vista para a baía de Guanabara.

O nome oficial do A Noite é Joseph Gire, o arquiteto francês que assina a obra original. Gire ainda foi responsável por outros projetos icônicos da paisagem carioca, como os hotéis Copacabana Palace e Glória.

Do alto do prédio, que fica localizado de frente para a praça Mauá, é possível observar empreendimentos como a ponte Rio-Niterói e o Museu do Amanhã, além da baía de Guanabara.

LEONARDO VIECELI / Folhapress

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