RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), da Promotoria do Distrito Federal, fazem nesta terça-feira (5) uma operação no Rio de Janeiro que apura possível manipulação de cartões para beneficiar apostadores esportivos.
O principal investigado é o atacante Bruno Henrique, do Flamengo. Familiares do atleta, entre eles irmão, prima e cunhada, são suspeitos de terem apostado em um cartão do jogador.
Policiais federais e agentes do Gaeco foram ao Ninho do Urubu, o Centro de Treinamento do Flamengo, em Vargem Grande, zona oeste do Rio, para cumprir mandados de busca e apreensão.
Bruno Henrique estava em casa, na Barra da Tijuca, no momento em que os agentes chegaram. Ele entregou aparelhos eletrônicos aos agentes. O Flamengo treina na manhã desta terça, no Ninho.
Procurada pela reportagem, a assessoria de Bruno Henrique informou que não vai emitir nenhum pronunciamento.
Em comunicado nas redes sociais, o Flamengo afirmou que “ao mesmo tempo em que apoiará as autoridades, dará total suporte ao atleta Bruno Henrique, que desfruta da nossa confiança e, como qualquer pessoa, goza de presunção de inocência”. O clube disse que não teve acesso aos autos.
A diretoria do clube está reunida para avaliar o caso. O Flamengo viaja para Belo Horizonte, cidade natal de Bruno Henrique, nesta terça para disputar partidas contra o Cruzeiro, na quarta (6), pelo Brasileiro, e contra o Atlético-MG, no domingo (10), pela final da Copa do Brasil.
Bruno Henrique, segundo o clube, participa do treino desta terça e viaja com a delegação.
Outros 11 mandados estão sendo cumpridos em endereços ligados a Bruno Henrique e familiares, no Rio, em Belo Horizonte, Vespasiano (MG), Lagoa Santa (MG) e Ribeirão das Neves (MG).
Mais de 50 policiais federais e seis promotores de justiça participam da ação.
Bruno Henrique é investigado por um cartão amarelo que recebeu aos 50 minutos do segundo tempo da partida entre Flamengo e Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2023. O jogo foi disputado no Mané Garrincha, em Brasília.
No lance, o então atleta do Santos, Soteldo, está perto da bandeirinha de escanteio e arrisca um drible sobre Bruno Henrique. O jogador rubro-negro tenta pará-lo e o árbitro Rafael Rodrigo Klein marca falta.
Depois do amarelo, Bruno Henrique recebeu cartão vermelho por reclamação. O Santos venceu por 2 a 1.
Suspenso, o atacante não participou do jogo seguinte, contra o Fortaleza, e voltou a estar disponível na 33ª rodada, contra o Palmeiras, no Maracanã.
Dirigentes afirmam sob reserva que entenderam, à época, que Bruno Henrique tinha forçado o terceiro cartão amarelo para cumprir a suspensão automática e estar livre contra o Palmeiras.
A possível manipulação no jogo contra o Santos foi apurada a partir de um relatório da Ibia (International Betting Integrity Association) e da Sportradar, que fazem análises de risco do mercado de apostas. A suspeita foi levada à CBF (Confederação Brasileira de Futebol), que comunicou a polícia.
Segundo a PF, no decorrer da investigação, os dados obtidos junto às casas de bets apontaram que as apostas foram efetuadas por parentes do jogador e por outro grupo de amigos ainda não identificado.
YURI EIRAS / Folhapress