Buraco no asfalto é problema mais comum de SP para 8 de cada 10 moradores, diz Datafolha

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – No momento em que São Paulo passa por um programa de recapeamento asfáltico anunciado pela gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) como o maior da história, os buracos nas vias públicas representam o transtorno urbano lembrado com mais frequência pelos paulistanos, segundo pesquisa Datafolha sobre problemas e prioridades da cidade.

Ao serem questionados quanto aos problemas ocorridos nos últimos 12 meses nos bairros onde residem, 84% dos entrevistados apontaram a existência de buracos no asfalto, de acordo com resultado da pesquisa estimulada -quando o entrevistador apresenta alternativas para a resposta.

Entre aqueles que afirmam haver algum problema no seu bairro, 78% citaram as quedas de energia, sendo este o segundo infortúnio mais presente na vida do morador da capital. Em terceiro lugar está a presença de usuários de drogas, apontada por 74%.

As demais questões relatadas pelos entrevistados foram lixo na rua (71%), presença de moradores de rua (68%), queda de árvore (62%), congestionamento (60%), enchente (50%), esgoto a céu aberto (42%), falta de água (41%) e ataques da gangue da bicicleta (21%).

O Datafolha entrevistou 1.090 moradores com 16 anos ou mais em todas as regiões da cidade no intervalo de 7 a 9 de março. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro de um nível de confiança de 95%.

Um dos motivos para que paulistanos mencionem o asfalto como principal problema da cidade é o período chuvoso, quando a deterioração do pavimento ocorre com mais frequência devido a infiltrações, segundo Kamilla Vasconcelos Savasini, coordenadora do Laboratório de Tecnologia de Pavimentação da Escola Politécnica da USP.

Isso não significa que o problema necessariamente deva aparecer a cada verão e que a cidade obrigatoriamente tenha de ser recapeada a cada ciclo eleitoral.

A durabilidade do pavimento reflete a escolha entre aplicar o orçamento disponível para cobrir uma ampla área com um material de qualidade inferior ou, em vez disso, priorizar um pavimento mais resistente, mas numa porção menor da cidade, segundo a especialista.

“O pavimento deve durar pouco tempo? Não necessariamente. A restauração do pavimento urbano pode acontecer a cada quatro anos, mas também pode ocorrer em oito anos, quatorze anos”, diz Savasini.

Reconhecendo que a escolha por projetos com maior durabilidade é dificultada pelo gigantismo da capital, Savasini afirma que pavimentos projetados para durar mais resultam em redução de custos aos munícipes, até mesmo quanto ao ônus que normalmente não entra nesse calculado, como os congestionamentos causados pelas obras.

Desde 2022, a gestão Nunes aplicou mais de R$ 4 bilhões em pavimentação ou restauração de vias da capital paulista, segundo a própria prefeitura.

O projeto de recapeamento em curso mira a recuperação de mais de 700 trechos que ocupam uma área de aproximadamente 20 milhões de metros quadrados.

A durabilidade da nova cobertura dependerá da tecnologia aplicada. A tecnologia mais eficiente resulta de uma combinação de materiais pétreos (as pedras trituradas utilizadas podem se encaixar melhor se tiverem formas e tamanhos específicos) e da adição de polímeros (material plástico) no asfalto, além da preparação adequada da base do pavimento ao volume de carga que ele irá suportar -o piso de um corredor de ônibus precisa aguentar muito mais peso do que uma pequena rua de bairro.

Além da tecnologia, a correta execução da obra de recapeamento é fundamental para a durabilidade no recapeamento. O asfalto precisa, por exemplo, ser mantido em temperatura elevada (até 180°) ao ser aplicado. Esse costuma ser um desafio devido ao tamanho da cidade, segundo Savasini.

Outra frente da gestão Nunes relacionada à pavimentação, a operação Tapa Buraco teve sua execução criticada pelo TCM (Tribunal de Contas do Município) de São Paulo em setembro do ano passado.

Entre as falhas apontadas por auditores do TCM estão a falta de preparo da área para a aplicação do novo asfalto e áreas recortadas que superam o tamanho do buraco, o que eleva os gastos com os serviços contratados.

O asfalto é uma das apostas de Nunes, que disputará a reeleição em outubro. Mas até mesmo entre aqueles que afirmaram que votarão no atual prefeito, 78% disseram ter problemas com buracos de rua, segundo o Datafolha.

CLAYTON CASTELANI / Folhapress

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