SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Caixa Econômica Federal segue demonstrando preocupação com uma possível falta de recursos para a concessão de financiamento imobiliário a partir do ano que vem.
Em coletiva de imprensa na semana passada, o presidente do banco, Carlos Vieira, afirmou que “os recursos estão no limite da capacidade de financiamento da habitação”. Ele cobrou do governo federal alternativas para que não haja uma crise no setor.
Uma saída seria a emissão de títulos verdes. O banco prepara sua primeira emissão no exterior. Ainda não há um valor definido.
O vice-presidente de sustentabilidade e cidadania digital da Caixa, Paulo Rodrigo, disse, na coletiva, que o banco terá um road show (apresentações a investidores) nos Estados Unidos e que o valor vai depender dos interesses dos investidores.
A carteira de crédito da Caixa atingiu R$ 1,144 trilhão, sendo 65,9% correspondente à carteira imobiliária, que encerrou o trimestre com saldo de R$ 754,3 bilhões. O resultado mostra um crescimento de 14,4% em 12 meses.
Desse total, R$ 438 bilhões foram de recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviços) e R$ 316,3 bilhões de recursos do SPBE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo).
A Caixa detém quase 70% do mercado de crédito imobiliário do país. Segundo a vice-presidente de habitação da Caixa, Inês Magalhães, são liberados por dia, em média, 2.800 novos financiamentos.
Com a alta da Selic nos últimos anos, e regastes recordes na caderneta de poupança -de onde vem a maior parte dos recursos para habitação, o banco estatal preencheu o espaço ocupado pelos bancos privados e teve que aumentar a sua captação por meio de LCIs (letras de crédito imobiliário), que são mais caras.
Pela regra do Banco Central, os bancos devem destinar 65% dos valores que são coletados nas contas-poupança dos clientes à mais conhecida linha de financiamento de imóveis: o SPBE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo).
Uma das principais vantagens do empréstimo SBPE é financiar até 80% do valor do imóvel. Os juros são limitados a 12% ao ano, e a dívida deve ser quitada em até 35 anos (420 meses).
A Caixa afirma que as linhas de crédito do banco estão ativas e as contratações seguem dentro da normalidade, obedecendo os critérios internos de governança, com base no contexto de mercado, no monitoramento de seus produtos e nas estratégias do banco.
O aumento da demanda por essa linha de crédito advém da retração da oferta de crédito imobiliário dos demais agentes financeiros, o que trouxe uma demanda adicional de clientes à CAIXA.
“Importante destacar que foram adotadas medidas de aumento de orçamento das linhas Pró-Cotista [para imóveis até R$ 1,5 milhão] e elevação do limite de valor de imóvel do Programa Minha Casa, Minha Vida, de R$ 264 mil para R$ 350 mil”, disse a Caixa, em nota.
“Essas medidas, aprovadas pelo Conselho Curador do FGTS, permitem um atendimento complementar a clientes que originalmente seriam atendidos exclusivamente com recursos do SBPE”, afirma o banco.
ANA PAULA BRANCO / Folhapress