SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Hugo Calderano, como boa parte dos atletas que se propõem a atuar no esporte de alto rendimento, sempre alimentou o anseio de conquistar uma medalha nos Jogos Olímpicos. Mas, em suas próprias palavras, “era um sonho”.
Já não é apenas isso. Único atleta do tênis de mesa tricampeão em Jogos Pan-Americanos, principal nome do Brasil na modalidade e número sete do ranking mundial, o carioca de 27 anos tem motivos para acreditar na possibilidade de estar no pódio em Paris-2024.
“Virou uma meta quando vi que tinha chance de pelo menos brigar por uma medalha”, afirmou, em entrevista à Folha concedida por vídeo, de Ochsenhausen, Ele defende a equipe da pequena cidade alemã, com cerca de 8.000 habitantes, que disputa a primeira divisão do campeonato nacional, a Table Tennis Bundesliga.
Em sua avaliação, todos os atletas que estão entre os dez melhores do ranking e venceram competições de nível internacional estão aptos a brigar pelo pódio na capital francesa.
Nos Jogos de Tóquio-2020, adiados para 2021 por conta da pandemia de Covid-19, Calderano já obteve o melhor resultado do país na modalidade em uma edição olímpica. Avançou até as quartas de final, superando a ida de Hugo Hoyama às oitavas em Atlanta-1996.
Hugo julga não ter mantido a intensidade em todas as partidas no Japão e, por isso, nos últimos três anos, dedicou-se a um trabalho de fortalecimento. “Evoluí bastante no aspecto físico desde Tóquio”.
O brasileiro vem de dois triunfos continentais em sequência. Em setembro, triunfou no Pan-Americano específico do tênis de mesa, em Havana. Em novembro, em Santiago, recebeu a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos algo que já havia conseguido em 2015, em Toronto, e em 2019, em Lima.
Especialmente os resultados recentes elevaram a confiança. Ao longo da última temporada, no circuito mundial, teve como principais conquistas três títulos internacionais: os torneios da série WTT (World Table Tennis) Contender de Durban, na África do Sul, de Doha, no Qatar, e de Muscat, em Omã.
“Não posso controlar o que os outros vão fazer, mas o mais importante é fazer tudo o que posso para chegar a Paris com condições de brigar por uma medalha, se essa oportunidade aparecer”, afirmou.
O caminho até os Jogos Olímpicos é considerado importante por Calderano. Ele trabalha para ficar entre os quatro primeiros colocados do ranking, o que lhe daria um caminho teoricamente mais fácil e possivelmente livre dos fortes chineses até as semifinais.
“Os chineses não são imbatíveis, mas estão um nível à frente dos adversários”, afirmou, observando que os cinco primeiros do ranking são da China. “Por isso, a corrida até as Olimpíadas vai ser bem importante.”
Inspirado em craques de outras modalidades como o tenista espanhol Rafael Nadal, por sua disciplina, perseverança e humildade, e o ex-jogador de basquete Shaquille O’Neal, pelo estilo de jogo agressivo, o carioca quer também ser fonte de inspiração.
“Espero que, mostrando o caminho para os que vêm depois de mim, possa ajudá-los a acreditar que realmente é possível”, afirmou. E só é possível, segundo ele, com mais do que preparo físico. É necessário equilíbrio mental.
“O mais importante é ter bem claro na minha mente o que tenho de fazer e continuar me dedicando ao máximo, procurando achar soluções quando as coisas não dão certo e aceitando as vitórias e as derrotas, que fazem parte do esporte.”
RAIO-X | HUGO CALDERANO, 27
Nascido em 22 de junho de 1996, no Rio de Janeiro, Calderano começou os treinos no tênis de mesa em 2005. Aos 14 anos, deixou a capital carioca para treinar e competir por São Caetano do Sul. Em 2013, foi o mais jovem campeão de uma etapa do Circuito Mundial Adulto da ITTF (Federação Internacional de Tênis de Mesa). Em 2014, mudou-se para a Alemanha, onde passou a defender a equipe de Ochsenhausen, na primeira divisão da Bundesliga.
LUCAS BOMBANA / Folhapress