Califórnia quer limitar presença na água de composto tóxico famoso pelo filme ‘Erin Brockovich’

BOA VISTA, RR (FOLHAPRESS) – Um órgão regulatório da Califórnia votou na semana passada para estabelecer um limite de água potável para o cromo hexavalente, um composto químico tóxico que ganhou fama com o filme “Erin Brockovich” (2000) -que rendeu um Oscar de melhor atriz para Julia Roberts pelo papel baseado na história real da assistente jurídica e ativista que investiga contaminação da água no estado americano.

A regra é a primeira nos Estados Unidos que visa especificamente o composto, conhecido como cromo-6. Segundo autoridades, a expectativa é que a decisão reduza o número de casos de câncer e doenças renais, associados ao consumo da substância.

A proposta foi aprovada pelo Conselho de Controle de Recursos Hídricos do Estado, mas ainda precisa de aprovação do Gabinete de Lei Administrativa estadual para entrar em vigor, segundo a Associated Press.

Mais de 200 milhões de americanos bebem a substância na água potável, de acordo com análise a partir de dados federais de testes feitos pelo Environmental Working Group, uma organização sem fins lucrativos.

O novo limite da Califórnia para o cromo-6 é de 10 partes por bilhão. Moradores e ativistas se preocupam, no entanto, que a limitação não seja suficiente, e querem que o estado adote um limite mais próximo do objetivo de saúde pública de 0,02 partes por bilhão, valor aceito por cientistas para que a ingestão não represente riscos significativos à saúde.

Alguns fornecedores públicos de água alertaram em meio às discussões que, com o novo padrão, a oferta ficará mais cara e o ônus financeiro recairá de forma desproporcional sobre os mais pobres. Há críticas na indústria, ainda, que acusam o limite de não se basear nas pesquisas científicas mais recentes sobre o assunto.

As empresas fornecedoras de água precisarão começar a testar e acompanhar a presença do cromo-6, naturalmente presente e produzido em processos industriais, em outubro, quando o novo limite entra em vigor. Se os testes acusarem proporção acima do limite, as companhias precisarão apresentar plano de conformidade em três meses e cumpri-lo entre dois e quatro anos, dependendo de quantos clientes são atendidos.

O cromo é um mineral naturalmente presente no solo, plantas, animais e rochas, que pode chegar a águas subterrâneas pelo solo. Ele ocorre em diversas formas, incluindo o cromo-6, e é usado na produção de aço inoxidável, na indústria do couro, na fabricação têxtil e na preservação de madeira, o que pode contribuir para a contaminação da água potável, segundo o Escritório de Avaliação de Riscos à Saúde Ambiental da Califórnia.

Cientistas sabem há décadas que inalar cromo-6 pode causar câncer de pulmão, mas por muito tempo não se sabia ao certo se a ingestão da substância causaria a doença em alguma de suas formas.

Estudos do Programa Nacional de Toxicologia mudaram isso, mostrando resultados de experimentos em que roedores que beberam água com altos níveis de cromo-6 por dois anos desenvolveram câncer intestinal e oral. Há críticas de pesquisadores que sustentam que as concentrações do composto dadas aos roedores nos testes eram milhares de vezes maiores do que as que presentes na água potável dos EUA.

Redação / Folhapress

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