SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O projeto que pretende tornar ilegais as corridas de cavalos realizadas pelo Jockey Club de São Paulo foi tirado da pauta de votações desta quarta-feira (13) da Câmara Municipal de São Paulo.
Autor da proposta, o vereador Xexéu Tripoli (PSDB) optou pelo adiamento para incluir laudos sobre o prejuízo causado pelas competições aos animais. A intenção é tornar mais robusto o argumento quanto aos maus tratos, segundo Tripoli.
“Recebemos contribuições de veterinários que são contra as corridas”, disse o vereador. “Quero deixar o projeto mais embasado, ele está, mas é importante ter isso”, comentou.
Aprovado em uma das duas votações necessárias, o projeto precisa receber aprovação no segundo turno para, depois, ser encaminhado para a sanção do prefeito Ricardo Nunes (MDB) para que se torne lei.
“Eu vejo 90% de concordância [dos vereadores] para aprovar esse projeto no começo do ano que vem”, disse.
Tripoli ainda afirmou que a proposta tem o o apoio do presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União), que é defensor da ideia de fechar o hipódromo.
Leite foi o responsável incluir na revisão do Plano Diretor um artigo que transforma em parque o terreno de quase 600 mil metros quadrados onde desde 1941 funciona o hipódromo da Cidade Jardim, na zona oeste paulistana.
A criação do parque abre o caminho para a prefeitura declarar a utilidade pública do imóvel.
Segundo o presidente da Câmara, o local seria tomado pelo município como pagamento da dívida de R$ 400 milhões em IPTU e de R$ 240 milhões de ISS. A prefeitura não confirma o plano.
O Jockey questiona a dívida na Justiça. Procurado, o advogado que representa o clube disse que a entidade não se pronunciaria sobre a ação.
Ocupando uma grande área do bairro com sua muralha e atraindo pouco movimento durante a semana, o hipódromo é hoje considerado um vazio urbano que é fonte de desvalorização de mansões da avenida Lineu de Paula Machado e adjacências.
A criação do parque em uma área nobre da cidade gera especulações sobre a possibilidade de construção de edifícios de alto padrão, mas a verticalização naquela via é impraticável atualmente devido às regras de zoneamento.
Quanto ao espaço dentro dos muros do Jockey, o terreno ficará potencialmente inviabilizado para a construção civil caso a área venha a ser completamente transformada em parque, como prevê a proposta da Câmara. Isso transformará o terreno em uma Zepam, a zona especial de preservação ambiental onde não se pode construir.
CLAYTON CASTELANI / Folhapress