Campos Neto diz que parcelamento sem juros é ‘muito importante’

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou nesta terça-feira (15) que estão em debate soluções para o rotativo do cartão de crédito. No entanto, ele não deu detalhes das medidas em análise.

Campos Neto se limitou a dizer que é preciso encontrar um reequilíbrio na equação e afirmou que a modalidade do parcelamento sem juros é “muito importante” para a economia e para o consumo.

As declarações foram dadas após ele ter dito a senadores na semana passada sobre a possibilidade de criar uma tarifa para frear o parcelamento sem juros e ter levado um “puxão de orelha” por ter antecipado o tema. Campos Neto participou de almoço da FPE (Frente Parlamentar do Empreendedorismo).

“Se você simplesmente limita os juros do cartão, você tem um risco de ter os bancos retirando os cartões de circulação. Por outro lado, a função do parcelado sem juros é muito importante para a economia e para o consumo, então precisa achar uma equação que reequilibre”, afirmou o chefe da autoridade monetária nesta terça durante sua

“Porque o problema é que, se nada for feito, pode afetar a existência do produto. Não fazer nada pode ser muito ruim nesse nível, nesse estágio que estamos. Vou me limitar a falar isso, porque a gente está discutindo as soluções ainda”, continuou Campos Neto.

Em audiência no Senado no último dia 10, Campos Neto disse ainda que acabar com o rotativo do cartão de crédito pode ser a solução para os juros altos e para a inadimplência da modalidade.

“A gente cria algum tipo de tarifa para desincentivar esse parcelamento sem juros tão longo. Não é proibir o parcelamento sem juros, é simplesmente tentar fazer com que ele fique um pouco mais disciplinado, de uma forma bem faseada para não afetar o consumo”, afirmou Campos Neto a senadores na semana passada.

O rotativo do cartão é acionado quando o cliente não paga o valor integral da fatura na data de vencimento. Desde 2017, os bancos são obrigados a transferir a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, que possui juros mais baixos, após um mês.

Na mira do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a taxa média de juros cobrada pelos bancos de pessoas físicas no rotativo do cartão de crédito em junho foi de 437,3% ao ano, segundo dados do BC. Naquele mês (último dado disponível), a inadimplência na modalidade ficou em 49,1%. O rotativo é a linha de crédito mais cara do mercado, recomendada por especialistas apenas em casos emergenciais.

VICTORIA AZEVEDO / Folhapress

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