BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do presidente Lula (PT) prestigiaram, na noite desta quarta-feira (10), a festa de aniversário do presidente nacional do Republicanos e bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, Marcos Pereira.
Ecumênica, a celebração ganhou ares de lançamento extraoficial da candidatura de Pereira à presidência da Câmara. Ele decidiu festejar o aniversário seis dias após a data.
O presidente do Republicanos completou 52 anos no dia 4 de abril, na semana em que a Câmara não funcionou para que os deputados se valessem da brecha para a troca de partidos aberta na janela partidária.
Cerca de 500 convidados circulavam pelos jardins da mansão cedida por um empresário do setor de logística, em uma festa capaz de reunir na mesma roda os deputados Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) e Guilherme Boulos (PSOL-SP), ladeados pelo ministro Luiz Marinho (Trabalho e Emprego).
Pelo menos 12 ministros marcaram presença na festa, dos petistas Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) a expoentes do centrão, como Juscelino Filho (Comunicações) e André Fufuca (Esportes), da União Brasil e do PP, respectivamente.
Ministros no governo Bolsonaro, o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Jorge Oliveira e o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), também compareceram à festa.
Regada a black label, vinho e espumante, a comemoração teve a presença do governador do Rio, Cláudio Castro, e do pré-candidato do bolsonarismo à Prefeitura do Rio, Alexandre Ramagem, ambos do PL.
Abatidos em decorrência de investigações de corrupção, os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e João Paulo Cunha estavam entre os convidados.
Pereira tenta se viabilizar candidato à presidência da Câmara há pelo menos duas legislaturas. Desta vez, seus aliados esperam que ele ganhe força porque o próprio governo tem interesse em tirar Lira e seus aliados do cargo.
O deputado do Republicanos é próximo do presidente da Câmara, mas há outro nome considerado mais próximo dele, que é o de Elmar Nascimento (BA), líder da União Brasil.
Lira é amigo pessoal de Elmar, que espera contar com seu apoio. O presidente da Câmara, por sua vez, tem evitado declarar apoio a qualquer candidato, sob pena de atropelar o processo e acabar se enfraquecendo para fazer o sucessor.
Nas rodas, um tema de debate era o impacto da votação de horas antes, quando decisão da Câmara manteve sob prisão o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), denunciado como suposto mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco.
Elmar votou contra a manutenção da prisão, tendo sido derrotado em plenário. Em conversas, seus apoiadores repetiam que ele ganhou força entre os deputados por permanecer ao lado da Casa.
Para outros parlamentares, Elmar e Lira saíram enfraquecidos do episódio. Um dos principais articuladores em favor da manutenção da prisão, Alexandre Padilha cumprimentou efusivamente Elmar.
Além de Pereira e Elmar, também são considerados pré-candidatos o deputado Antônio Brito (PSD-BA) e o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), que também é candidato à presidência.
CATIA SEABRA E JULIA CHAIB / Folhapress