Candidatos a vereador de SP divergem sobre papel da mulher e máfia das creches em debate da Folha

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – No primeiro debate entre candidatos à Câmara Municipal de São Paulo promovido pela Folha de S.Paulo, os postulantes se dividiram em relação a temas como o papel da mulher na sociedade e a máfia da creches.

O evento reuniu Adriana Vasconcellos (MDB), Lucas Pavanato (PL) e Marina Bragante (Rede). Mais três candidatos debatem na quarta (25), e outros três na quinta-feira (26).

Durante a troca de propostas, Pavanato buscou identificar as oponentes como sendo de extrema esquerda. Ambas ignoraram as colocações do candidato na maior parte do programa, mas, em uma pergunta sobre educação, Pavanato e Vasconcellos se desentenderam.

Ele afirmou que a dificuldade das mães de conciliar o trabalho com o horário de funcionamento das creches é causado por um “comportamento sexual mais libertino”, que gerou mais mães solteiras.

A emedebista questionou: “Você sabe o valor do salário mínimo? A gente está falando sobre a pessoa morar próximo, ter necessidade de deixar [os filhos]. A gente vive em um país em que as coisas não são tão tranquilas”, diz.

Ele manteve a posição mesmo assim. “Se você tivesse um maior papel masculino dentro dos lares, se você tivesse famílias mais sólidas, certamente a mulher teria mais tempo para cuidar da família, porque o homem poderia correr atrás de sustento.”

O candidato do PL minimizou casos de violência e criticou a cobertura da imprensa. “Há uma desproporção quando se trata de casos de violência. Quando a violência parte de alguém da direita, tem uma repercussão gigantesca, a pessoa é responsabilizada, é tratada como radical, extremista, etc. Quando parte da esquerda, nada acontece, a repercussão é mínima”, disse.

Em relação à segurança, Vasconcellos defendeu uma atuação transversal que envolva várias secretarias, como a da Educação. Bragante sublinhou a importância do papel do vereador de fiscalizar os problemas de segurança, mas criticou quem faz isso nas redes sociais de forma sensacionalista.

Em uma pergunta sobre saúde, a candidata do MDB defendeu o prefeito Ricardo Nunes, do seu partido. “A gente ouve muita reclamação de atendimento. Fiscalizar não é só você esperar a coisa explodir e depois colocar a culpa no prefeito. A função do vereador é também estar presente nesses espaços.”

Os candidatos foram indagados sobre possíveis temas de CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) que proporiam na Câmara Municipal.

Pavanato afirmou que poderia propor a abertura de uma CPI das invasões a prédios públicos na cidade e também uma CPI das ONGs, já proposta e rechaçada no início deste ano. O candidato também acusou a ONG Craco Resiste de distribuir seringas e cachimbos de crack para moradores de rua, sem apresentar provas.

Bragante afirmou que gostaria de abrir uma CPI das creches, relembrando as acusações de corrupção contra Nunes no esquema conhecido como “máfia das creches”.

Vasconcellos defendeu o padrinho e minimizou a importância da investigação sobre o tema. “Se é algo que tenha que ser investigado, que seja. A gente precisa saber qual a necessidade da sociedade, se a gente for levar esse questionamento para essas pessoas, qual é a colocação que vai ser feita?”

A Folha de S.Paulo está promovendo três debates com candidatos a vereador na cidade de São Paulo. No total, nove postulantes ao cargo discutirão ao vivo temas como educação, saúde, urbanismo, segurança e transporte nesta terça (24), quarta (25) e quinta-feira (26), sempre das 15h às 16h.

A escolha dos debatedores seguiu critérios de diversidade, com um representante de direita, centro e esquerda em cada dia e número equilibrado de mulheres, homens, negros e brancos. Além disso, levou-se em conta indicações das legendas e sua representação atual na Câmara.

Cada roda de conversa terá três participantes, com a mediação da jornalista Júlia Barbon, repórter de Política. A ideia é apresentar nomes majoritariamente novos -8 dos 9 não são postulantes à reeleição-, seguindo a diversidade de partidos, espectro ideológico, gênero e cor.

Na quarta, será a vez do advogado e especialista em direito ambiental Alessandro Azzoni (Republicanos), da economista e empresária Cynthia Michels (PSD) e da líder sem teto Débora Lima (PSOL), presidente da legenda no estado.

Já na quinta, os confirmados são o ex-deputado estadual bolsonarista Douglas Garcia (União Brasil), a vereadora e advogada Janaína Lima (PP) e Raimundo Bonfim (PT), coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP) e da Frente Brasil Popular (FBP).

BRUNO XAVIER / Folhapress

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