SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após quase duas semanas sem debates, os candidatos à Prefeitura de São Paulo voltam a se enfrentar na noite deste domingo (15), na TV Cultura.
Além do endurecimento de regras para evitar um ringue diante do clima bélico em encontros anteriores, candidatos também adaptaram estratégias em meio ao novo cenário eleitoral.
A última pesquisa Datafolha, divulgada na quinta-feira (12), aponta a liderança de Ricardo Nunes (MDB), com 27%, e Guilherme Boulos (PSOL), com 25%. A tendência é que, desta vez, Nunes não parta para o ataque, mas tampouco deixe os adversários sem resposta.
Auxiliares avaliam que não cabe ao líder dar início aos bate-bocas –pelo contrário, deve demonstrar serenidade. Também há o entendimento, por outro lado, de que a disputa tem exigido maior contundência e que não há como escapar disso.
No último debate, realizado por TV Gazeta e MyNews, Nunes foi mais duro com os adversários do que nas primeiras rodadas, quando ainda não estava pressionado pelo crescimento de Pablo Marçal (PRTB).
Boulos usará o programa deste domingo para ampliar o confronto com Nunes e Marçal, já que considera que um deles deverá ser seu oponente no segundo turno. A linha é manter a associação dos dois com Jair Bolsonaro (PL), tachando-os como “duas faces da mesma moeda”, e expor aspectos negativos de ambos.
O embate é ainda mais importante para Marçal, que não tem direito ao horário eleitoral em rádio e TV e que recuou para a terceira posição na última pesquisa Datafolha, com 19% das intenções de votos.
Aliados do autodenominado ex-coach observam que ele tem tido uma postura mais comedida em entrevistas a podcasts, mas não arriscam dizer se esse será o tom do debate. Com a rejeição em alta, adversários do influenciador ponderam que um caminho agressivo pode reforçar essa tendência.
Marçal é o candidato mais rejeitado pelo eleitor –na última pesquisa Datafolha, marcou 44% nesse quesito, seis pontos a mais que uma semana antes.
A deputada Tabata Amaral (PSB), que apareceu com 8% de intenções de voto, associou a oscilação negativa de um ponto percentual à falta de debates nas últimas semanas e relembrou ter avançado nos períodos marcados por sabatinas e debates.
Tabata deve manter a postura de combate contra Marçal e Nunes. A campanha avalia que as regras do debate obrigaram que os candidatos mudassem o treinamento, uma vez que eles não poderão escolher a quem perguntar, pois será com base em um sorteio. Assim, a expectativa é que a agressividade seja mais controlada pela falta de previsibilidade estratégica.
Datena, que vive um momento delicado na campanha, confirmou sua presença no debate e com uma intenção própria de evitar conflitos –como ocorreu no evento da Gazeta, quando o tucano partiu para cima de Marçal. “Temos que dar exemplo”, afirma o candidato.
Quinto colocado nas pesquisas, o apresentador pretende utilizar seu tempo para insistir em suas propostas, sobretudo direcionada ao eleitorado de baixa renda.
Entre elas, a concessão da tarifa zero nos ônibus, de segunda a sábado, para famílias inscritas no Bolsa Família (hoje, são 715 mil famílias) e a entrega de remédios na casa dos pacientes atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) com a contratação de motoboys.
A ida ao debate é mais um aceno de Datena de que não deverá desistir do pleito, contrariando apelos de amigos como o senador Jorge Kajuru (PSB-GO). Apesar da dificuldade em angariar votos, lideranças nacionais do PSDB, como Aécio Neves e o atual presidente do partido, Marconi Perillo, estimulam Datena a continuar independentemente do resultado.
A candidata do partido Novo, Marina Helena, também está confirmada para o embate. A candidata aparece com 3% no mais recente Datafolha.
Uma das questões centrais nos pedidos que as campanhas adversárias de Marçal fizeram às emissoras foi o veto a plateia no estúdio, o que acontecerá tanto no debate deste domingo quanto no promovido pela RedeTV! e UOL na próxima terça-feira (17).
O programa da TV Cultura prevê sanções aos participantes como advertência e perda de tempo na resposta seguinte. Na terceira infração, o candidato e/ou seus assessores poderão ser expulsos.
Além disso, o debate não terá plateia, e cada candidato terá direito a três assessores, sendo que apenas um pode ter acesso ao palco. Os postulantes estão proibidos de manusear o celular, usar acessórios como bonés e adesivos, exibir objetos e falar palavrões. Já os assessores não podem fazer filmagens. Os candidatos devem permanecer em seus lugares durante todo o debate.
As regras rígidas buscam evitar que se repitam episódios relacionados a Marçal, como a exibição de uma carteira de trabalho para Boulos, o uso de boné, as filmagens feitas por seus assessores e a manifestação efusiva da plateia a seu favor.
A avaliação das demais campanhas era que a atitude de Marçal nos debates, em que chegou a não fazer perguntas ou não responder, acabava transformando o encontro em um palco para que ele divulgasse sua versão por meio dos seus cortes nas redes sociais.
Para evitar que os candidatos não comparecessem, como fizeram Nunes, Boulos e Datena no terceiro debate, as emissoras endureceram regras para enquadrar Marçal. Isso não impediu, no entanto, que Datena saísse do seu lugar no debate mais recente com objetivo de enfrentar o influenciador, o que era proibido.
Debate na TV Cultura
Quando: Domingo, 15 de setembro, às 22h
Acompanhe: site da Folha, TV Cultura ou pelo canal do YouTube da emissora
CARLOS PETROCILO, CAROLINA LINHARES, ISABELLA MENON E JOELMIR TAVARES / Folhapress