SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Gabriel Vareta, zagueiro de 19 anos do Palmeiras, já no clube há dez anos e com a conquista do Brasileiro sub-20 no final do mês passado chegou ao seu 13º título na base palestrina. O defensor foi capitão em alguns momentos da geração que tinha Endrick e Luis Guilherme, e neste sábado (12) se vê em condições de brigar por uma lacuna que existe no elenco de Abel Ferreira.
“Já treinei algumas vezes com o Abel e os profissionais, e eu vejo que tem a oportunidade de estar lá. Eu tento não ficar com essa ansiedade de ficar pensando nisso, pode acabar um pouquinho com a gente, meio que se desvirtua um pouco do verdadeiro foco, mas sim, tem essa oportunidade. Vou sempre trabalhar mais para que possa ter a oportunidade e abraçar ela”, afirma Gabriel, em entrevista ao UOL.
No início da temporada, Abel Ferreira falou publicamente sobre a necessidade de um zagueiro canhoto no elenco. Naves, Vitor Reis, Gustavo Gómez e Murilo são destros, e ele queria um defensor canhoto para dar mais fluidez ao elenco. Vareta é canhoto e muito bem avaliado por pessoas que acompanham a rotina da base palmeirense.
Assim como Endrick e outro nomes badalados da base palmeirense, Vareta também pulou muitas etapas quando era mais novo. Em 2020, ele foi promovido ao time sub-20 com apenas 15 anos. Ele também acumulou convocações para seleção brasileira sub-15 e sub-17.
Vareta assinou primeiro contrato com o Palmeiras em 2021. O vínculo foi por três anos e com uma multa de 80 milhões de euros (R$ 492 milhões na cotação atual). Nesta temporada ele renovou seu contrato com o Alviverde até abril de 2027.
O defensor afirma que a presença de meninos da base no time profissional é um combustível a mais para os jovens que sonham em treinar com Abel Ferreira. Vareta é titular absoluto do time sub-20, e na atual temporada tem 29 jogos disputados e três gols.
“A gente estava junto com os meninos [Endrick e Luis Guilherme] até pouco tempo atrás. Tanto eles quanto o Vitor Reis também, o zagueiro. Ele estava com a gente até agora, em maio mais ou menos, e do nada virou a chave para estar lá no profissional. Então a gente, vendo que eles estão lá, fica com o ar de que podemos chegar lá também. Eles tiveram oportunidade, todo mundo tem oportunidade. Você consegue ver o sonho um pouquinho mais visível. Quando você vê seus amigos, seus colegas de trabalho chegando lá, você consegue ver um pouquinho mais visível o seu objetivo.”
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VEJA A ENTREVISTA COM GABRIEL VARETA
PERGUNTA – Por que Gabriel Vareta?
GABRIEL VARETA – “Quando criança, oito anos mais ou menos, eu jogava no centro da coroa, que era aquele que fazia campeonatinho de várzea, essas coisas assim, e tinha um treinador lá, o Tadeu, ele viu que eu era bem pequenininho e quando comecei a saltar de cabeça, ainda não tinha aquelas malícias normais de atleta. Eu saltava com os braços grudados, né? Então realmente parecia uma vareta. Em vez de saltar com o braço aberto, fazer tal movimento, eu saltava com o braço grudado. Aí ele me chamava de vareta. Aí começou a me chamar de vareta. Nossa, parece uma vareta, parece uma vareta. Aí ficou. Aí os moleques começaram a chamar”.
P – Treinos com os profissionais
GV – “Vou ser sincero que é um negócio talvez que é difícil de explicar. Porque eu estou há tanto tempo no clube, esse ano eu fiz 10 anos que estou no Palmeiras, e você sempre vê passando por todos esses anos diversos jogadores, diversos zagueiros muito bons como o Mina, o Vitor Hugo, o próprio Gustavo Gomez, o Luan, e você vê que, do nada, você está lá, precisa ir pra treinar profissional, você vai lá e treina, olha pro lado, você tá sentado ao lado dos caras, você cumprimenta, você fica imaginando umas coisas completamente diferentes… É um negócio muito legal”.
P – Importância de JP Sampaio
GV – “É muito bom ter ele nos nossos jogos, ele nos incentiva bastante, quando ele está presente queremos mostrar mais. Tem momentos que precisamos dele por lá, às vezes ele fala com a gente durante o jogo, nos incentiva e dá uns toques para colocarmos em prática. Se o cara está falando, realmente tem alguma coisa de errado. A gente tem que melhorar nisso. Se ele tá falando, você fica com uma pulga atrás da orelha e fica pensando, você tem que melhorar naquilo. Então eu acho que é algo que incentiva a gente bastante também”.
P – O peso de ser um dos jovens da geração do bilhão
GV – “É legal saber dessas coisas, mas eu acho que o que vai fazer a gente ser vendido, talvez, nessa grande quantia, é muito trabalho. É muito trabalho o que a gente vem fazendo, no sentido de ganhar sempre. Estar sempre em evidência que é ganhar no Brasileiro sub-17, ganhar no Brasileiro sub-20, ganhar um evento da Copa do Brasil. Tem sempre que estar se preparando e se desafiando para que a gente possa ganhar e possa pensar, tipo, realmente, dá para ser vendido nesse valor porque eles são bons, dá para ser vendido porque eles resolvem problemas, são decisivos. Acho que é essa a linha”.
P – Experiências que o Palmeiras proporciona para os meninos da base
GV – “Eu acho que isso é muito importante, falo pelas condições financeiras da minha família mesmo, dos meus pais. Meus pais nunca viajaram de avião, mas você vê que o Palmeiras me proporcionou viajar uma primeira vez de avião, me proporcionou conhecer países diferentes, culturas diferentes e isso é ótimo, porque você consegue ver o mundo de uma forma diferente, né? A gente foi pro Japão duas vezes, 2018 e 2019, e você vê lá que as coisas são completamente diferentes, o país totalmente limpo, as pessoas totalmente educadas, e você vê que é muito legal, querendo ou não, às vezes você acaba querendo trazer pra sua vida, mesmo com pouca idade, pelo menos proporciona diversas coisas pra gente, e faz com que a gente analise a vida e a carreira em si como algo muito mais do que futebol, muito mais do que qualquer outra coisa”.
FLAVIO LATIF / Folhapress