SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em vídeo divulgado nas redes sociais nesta sexta-feira (15), o influenciador Renato Cariani, 47, voltou a negar as acusações de desvio de produtos químicos para a fabricação de drogas, que motivou buscas da Polícia Federal na última terça (11).
Com sete milhões de seguidores, Cariani afirmou que é uma vítima, que tem inimigos e que seu sucesso profissional incomodou outros empresários da área em que trabalha. “Não vou adiar meu depoimento, não tenho motivo para adiar, quero logo prestar esse depoimento”, diz o empresário.
De acordo com a PF, o influenciador abastecia uma rede criminosa de tráfico de drogas comandada por criminosos do PCC, como Fábio Spinola Mota, que é apontado como membro da facção e foi preso no início deste ano na Operação Downfall, que investigou esquema de “tráfico internacional e interestadual de drogas, com diversas ramificações no país”.
Cariani não nega que mantinha uma relação com Mota, mas diz que o conhecia devido a uma loja automotiva, para onde o influenciador levava carros para manutenção ou reparos estéticos. “Ele é um empresário de Diadema, dono de uma loja referência na cidade. Essa é a atividade econômica que eu sempre conheci o Fábio”, afirmou o influenciador, que não citou no vídeo a prisão de Mota no início do ano.
O influenciador afirma que eles não tinham uma relação de intimidade e que nunca visitou a casa do lojista e nem ele a sua. Porém, como ambos são donos de propriedades em um condomínio em Guarujá, no litoral paulista, acabam se encontrando.
Cariani diz ainda que Mota é muito conhecido e, por isso, há imagens anexadas ao processo em que ele aparece ao lado do empresário, em ocasiões como almoços. “Ele é muito conhecido, tive a oportunidade de encontrar ele em ações sociais.”
A relação financeira citada na investigação, diz o influenciador, se deve porque ele teria feito uma transferência de R$ 75 mil para o cinegrafista Mauricio Lavorato, que por sua vez transferiu para Mota o mesmo valor. Segundo Cariani, o cinegrafista comprou uma BMW do lojista e isso justificaria a transferência.
Ele explica que o automóvel custaria R$ 150 mil, e Lavorato teria transferido metade e financiado o restante do valor. Cariani nega que o lojista se apresentasse como representante da multinacional farmacêutica AstraZeneca.
Cariani é suspeito de desviar produtos químicos para produção de crack e cocaína. Para justificar a saída dos produtos, segundo a PF, eram emitidas notas fiscais falsas e feitos depósitos em nome de laranjas, usando indevidamente o nome da AstraZeneca.
Ao longo da apuração, Cariani apresentou troca de mensagens com um suposto funcionário do laboratório, Augusto Guerra. A análise telemática demonstrou, contudo, que teria sido Mota quem havia registrado um domínio na internet em nome da AstraZeneca, com extensão com.br, e criado um email em nome desse funcionário fantasma.
Cariani nega. “Isso é mentira. Não tem um apontamento no inquérito que diga isso”, afirma o influenciador. Ele diz que existe um padrão a ser cumprido para a venda de produtos controlados. “Quando uma empresa tem licença para vender produtos químicos, ela tem um regulatório para cumprir, uma regra a cumprir. Tenho que lançar mensalmente tudo o que foi vendido daquele produto. Todas as notas fiscais apontadas pela investigação foram encontradas no mapa.”
“Não é bagunçado, existe toda uma mecânica, o processo”, diz ele, que rebate também a suspeita de pagamentos feitos em espécie. “Havia duas formas de pagamentos, boleto bancário ou pagamento identificado para que tenha rastreabilidade. Todos eram identificados. Que espécie? Nunca recebi em espécie.”
Relatou, ainda, que pessoas se afastaram dele após a operação da PF. “Nada como um dia após o outro, meus amigos”, desabafou ele. “Tudo na vida é um aprendizado. O que eu estou falando é verdade, eu nunca fiz nada, não faço parte deste esquema, nem minha sócia e nem a empresa que eu sou sócio.”
Cariani ainda também que seu sucesso incomoda “Quando eu levanto muito uma empresa, outros empresários se incomodam, eu tenho inimigos. Levantei muito um mercado e tirei de outros”, diz ele, que dá a entender que foi denunciado por algum desafeto.
“Isso é fruto de uma denúncia, mas são essas as evidências? Será que quem denunciou apresentou essas evidências? Estão aqui as provas. É muito fácil realizar uma defesa quando se está com a verdade.”
Redação / Folhapress