BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, deu por resolvida a crise iniciada pelo CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, ao criticar questões de segurança sanitária e de qualidade sobre a carne brasileira.
Ao falar com jornalistas após a divulgação do pedido de desculpas enviado por Bompard ao ministério, Fávaro disse que ficou satisfeito com a retratação.
“Ele se retratou no ponto mais importante, em que ele diz que o Brasil cumpre as normas, tem qualidade, tem sabor”, disse Fávaro. “Foi uma atitude intempestiva do presidente global do Carrefour, mas corrigida a bom tempo. Agora, vida que segue. É um episódio superado e que deixa um legado. Eu dou o assunto por encerrado.”
O ministro agradeceu às reações das associações de produtores rurais e empresariais que se manifestaram sobre o assunto. “É um episódio que marcou um momento muito altivo das empresas brasileiras”, comentou. “Todos tiveram uma posição altiva em relação à carta infeliz do presidente global do Carrefour.”
Fávaro voltou a dizer que o Brasil tem responsabilidade com os produtos que entrega. “Fruto disso é que somos líderes mundiais no fornecimento de carne bovina, suína, aves, arroz, feijão, soja, cana, algodão. Isso é fruto de uma competência da indústria”, disse.
O ministro afirmou que o governo está aberto a dialogar sobre transparência, rastreabilidade, falar de compromissos de sustentabilidade e meio ambiente. “Estamos fazendo a recuperação de 40 milhões de hectares de pastagem. Em hipótese alguma vamos aceitar que alguém venha falar da qualidade de nosso produto, que venha deturpar o que fazemos com excelência”, comentou.
Segundo Fávaro, o posicionamento nacional delimitou um limite. “Foi uma resposta à altura e com eficiência. Isso marca um grande momento, um risco no chão. Até aqui, nós vamos dialogar, com respeito ao meio ambiente, à sanidade, boas práticas, rastreabilidade. Quem quiser ofender, terá resposta à altura, como o grupo francês tomou.”
A carta de desculpas foi costurada entre a Embaixada da França no Brasil e o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luís Rua, que assumiu o posto no mês passado. “O Carrefour tem 130 mil colaboradores no Brasil, é parceiro da agropecuária brasileira. Temos de separar isso”, disse Fávaro.
A crise com o Carrefour pode até ter sido encerrada com o Ministério da Agricultura, mas ainda é assunto em ebulição no Congresso. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que a resposta dada por Bompard não convenceu ninguém e ficou muito abaixo do esperado, se considerado o estrago feito.
“A carta ficou muito fraca, dado o estrago de imagem que produziu”, disse Lira, em encontro realizado na sede da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), em Brasília.
O presidente da Câmara confirmou que vai requerer urgência para votação do Projeto de Lei da Reciprocidade Ambiental, como está sendo chamado o PL 1406/2024, que tramita na Câmara.
ANDRÉ BORGES / Folhapress