Casa Branca diz que departamento de Musk vai investigar caso de mensagens vazadas

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – A Casa Branca informou nesta quarta-feira (26) que o Doge (Departamento de Eficiência Governamental), liderado não oficialmente pelo bilionário Elon Musk, auxiliará na investigação sobre as mensagens de ataques contra rebeldes houthis no Iêmen vazadas acidentalmente a um jornalista.

A secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o Conselho de Segurança Nacional também apura o caso para saber como o editor-chefe da revista The Atlantic, Jeffrey Goldberg, foi incluído no grupo de conversas do aplicativo Signal.

Musk não tem um cargo oficial no governo, mas tem tido cada vez mais influência em decisões e acesso a informações sensíveis, a despeito de um possível conflito de interesses.

Nesta quarta, a Atlantic publicou mais detalhes do que seriam as conversas entre as autoridades, que incluem mensagens do secretário de Defesa, Pete Hegseth, afirmando o horário de uma operação para assassinar um rebelde houthi no Iêmen.

“Há um claro interesse público em divulgar o tipo de informação que os conselheiros de Trump incluíram em canais de comunicação não seguros, especialmente porque figuras de alto escalão do governo estão tentando minimizar a importância das mensagens compartilhadas”, afirmaram os autores da nova reportagem.

O conselheiro de segurança nacional, Mike Waltz, disse nas redes sociais que não houve vazamento de nenhuma informação sigilosa. Em entrevista à Fox News, emissora amiga do governo Trump, Waltz admitiu “total responsabilidade” pela criação do grupo no Signal, mas continuou a minimizar a gravidade do vazamento, insinuando que ele pode ter ocorrido “por algum meio técnico” ou até mesmo por alguma manobra deliberada do jornalista —ele não apresentou nenhum elemento que embase suas teorias.

Esta tem sido a estratégia padrão do governo Trump e de sua equipe até aqui: minimizar e desviar o foco. A Casa Branca acusou a imprensa, por exemplo, de usar uma tática de distração para esconder os feitos bem-sucedidos da atual gestão.

Nesta terça e quarta, funcionários da área de inteligência, entre eles Tulsi Gabbard, diretora do órgão que trata do assunto, responderam a questionamentos de senadores e deputados e declararam que o teor das conversas e o fato de terem usado o Signal —em vez de um canal oficial de comunicações— não configurava algo grave.

Durante entrevista à imprensa, porém, Leavitt se referiu à troca de mensagens como uma “discussão de políticas sensíveis”. “Eu caracterizaria essa troca de mensagens como uma discussão de política, uma discussão de política sensível, certamente, entre altos funcionários do gabinete e equipe sênior.”

Questionada se ela poderia afirmar que ninguém seria demitido por conta do vazamento das informações, ela tergiversou. “O que posso afirmar com certeza é o que acabei de falar com o presidente, e ele continua a ter confiança em sua equipe de segurança nacional.”

O secretário de Estado, Marco Rubio, que comanda a diplomacia dos EUA e também estava no grupo no Signal, foi até agora um dos poucos a tratar o caso com alguma gravidade, embora tenha reiterado que as mensagens não tratavam de planos de guerra nem tampouco eram sigilosas. Durante visita à Jamaica, ele disse que alguém “cometeu um grande erro” ao adicionar um jornalista no grupo e que haverá reformas e mudanças para que isso nunca mais aconteça.

JULIA CHAIB / Folhapress

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