SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A casa onde o empresário Carlos Alberto Felice, 77, foi encontrado morto no bairro Jardim Europa, zona oeste de São Paulo, havia sido vendida em 2023 por R$ 4,5 milhões.
Carlos Alberto Felice recebeu R$ 350 mil como um sinal pela venda. Ele usou o dinheiro para quitar dívidas, segundo o delegado Fábio Pinheiro Lopes, diretor do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais). “Ele tinha que regularizar o inventário da casa”, afirmou.
Polícia descartou hipótese de que idoso teria uma grande quantia de dinheiro em casa. Ao UOL, o delegado explicou que ainda não sabe o valor em espécie que Carlos guardava, mas que se tivesse, seria algo em torno de R$ 10 mil e R$ 20 mil.
Imóvel onde ele foi morto tinha dívida de mais de R$ 1 milhão em IPTU. Carlos Alberto estava endividado e sua condição financeira piorou após a morte do seu pai e de sua esposa. Ele ficou viúvo há três anos. “Depois que ficou viúvo e após a morte do pai a vida deu uma desandada. A casa que ele vendeu tinha alguns débitos, incluindo mais de R$ 1 milhão de IPTU. Ele tinha muitas dívidas e por isso que a gente não acredita que ele tinha essa quantia em casa [os R$ 3 milhões]”, afirmou Fábio Pinheiro à TV Bandeirantes.
Ainda não há um suspeito do crime. Polícia ouviu oito pessoas, incluindo dois sobrinhos e um amigo de Carlos, de 85 anos, além de um advogado do comprador da casa e o advogado da vítima. “Ainda não temos nada de concreto [sobre suspeitos], temos o contrato da venda e estamos ouvindo as testemunhas”, acrescentou o delegado.
Encanador que prestava serviço para o empresário também prestou depoimento. Segundo o delegado, o homem foi ouvido na condição de testemunha e não de suspeito.
Uma das hipóteses do delegado é que crime foi cometido após boato. Fábio Pinheiro detalhou que o criminoso ou os criminosos souberam que a vítima havia vendido o imóvel e imaginaram que ele estava com dinheiro em casa. “A motivação deve ter sido o fato dele ter vendido a casa dele e chegou a informação para os criminosos que ele guardava uma quantia grande de dinheiro”, disse.
Empresário foi morto a pauladas
Carlos Alberto Felice foi morto a pauladas, segundo investigação inicial da Polícia Civil de São Paulo.
Policiais encontraram um pedaço de madeira com manchas de sangue ao lado do corpo. Caso é investigado como latrocínio, roubo seguido de morte.
A polícia acredita que o idoso morreu no dia 12 de julho, último dia em que foi visto com vida. As informações foram reveladas pelo delegado Fábio Pinheiro Lopes ao programa Brasil Urgente.
O veículo do empresário não foi encontrado na casa dele, que foi toda revirada. “A casa foi todinha revirada, só que os policiais não conseguem ainda determinar o que ele tinha dentro da casa”, afirmou o delegado.
Testemunhas contaram à polícia que idoso levava vida modesta e que não tinha funcionários. “Ele era uma pessoa que vivia com bastante simplicidade, não tinha nem empregados para ajudar nos seus afazeres diários. As investigações estão começando, mas pelo jeito que aconteceu a polícia vai chegar logo nos autores”, garantiu Fábio Pinheiro.
Idoso pode ter sido torturado. Ele foi encontrado com mãos e pés amarrados por um fio elétrico. Pela experiência em casos semelhantes, o delegado acredita que a vítima pode ter sido torturada para falar onde estariam possíveis bens materiais. “Mas tudo que a gente falar agora ainda é muito prematuro”, disse.
O empresário foi encontrado morto com ferimento na cabeça às 20h21 de ontem em sua casa na rua Prudente Correia. Inicialmente, o sobrinho afirmou que R$ 3,5 milhões foram levados da casa.
O corpo estava amarrado na garagem e foi achado pelo sobrinho da vítima. O sobrinho de Felice contou à polícia que chegou à casa por volta das 20h15 e não notou sinais de arrombamento ou de crime patrimonial. Ele acrescentou que chamou pelo tio várias vezes e, como o empresário não atendeu, telefonou para a Polícia Militar.
No local foi encontrado um pedaço de madeira com manchas de sangue na extremidade. O material foi apreendido para perícia. Segundo declarações do sobrinho, um amigo da vítima disse à mãe dele, irmã de Felice, que o tio não havia ido à igreja na semana passada e que ao tentar falar com ele, por telefone, não teve retorno.
Enquanto esteve na casa do tio ontem à noite – acrescentou o sobrinho – um homem se aproximou, sem se identificar, e disse que era amigo de Felice. O desconhecido teria informado ainda que a vítima teria vendido a casa e estaria com um “bom dinheiro lá dentro”.
Felice -acrescentou o sobrinho- era viúvo havia três anos e não tinha filhos. A polícia apurou que ele estava endividado e possuía um automóvel Hyundai. O veículo não estava na garagem da casa. Um vigia da rua revelou aos policiais que Felice saiu com o carro quinta-feira (11) e retornou com ele.
EDUARDA ESTEVES, JOSMAR JOZINO E LUANA TAKAHASHI / Folhapress