Casal alvo de disparos de motorista nega perseguição e que estava armado

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O casal que teve o carro como alvo de disparos de um motorista durante uma briga de trânsito em Boituva (SP), na sexta-feira (14), negou que perseguiu o outro condutor e que estivesse com uma arma dentro do automóvel deles.

Casal publicou um vídeo ao lado da advogada para rebater as acusações, inclusive do defensor do atirador. Gabrielle Gimenez afirmou que não gostaria de ir a público para se explicar, mas o caso tomou grandes proporções, fazendo com que isso fosse necessário para esclarecer “inverdades” que estão sendo veiculadas na mídia.

Mulher diz que a confusão ocorreu após o motorista do outro carro bater, em alta velocidade, na lateral do automóvel deles. Gabrielle explicou que ela e o companheiro, o instrutor de tiro William Isidoro, pediram para o empresário Adriano Domingues da Costa parar no acostamento.

“Ele encostou atrás [do nosso carro] e já desceu armado, dando coronhadas no carro. E, na segunda parada [onde o automóvel dele ficou na frente do nosso], eu estou em contato com o 190, informando a localização do ocorrido para mandar uma viatura, aí já aconteceu o que vocês podem ver no vídeo”, conta Gabrielle.

William diz que é instrutor de tiro e conhece toda a legislação vigente no país. O homem negou que ele e Gabrielle estivessem armados no momento em que o carro deles foi atingido por Adriano, que está foragido após ter a prisão temporária decretada pela Justiça. O instrutor declarou que a polícia constatou que não havia nenhum armamento no carro quando eles pararam em um posto policial após a ocorrência.

“Nós também não estávamos perseguindo, seguindo ele, de forma alguma. Ele veio em alta velocidade, colidiu, a gente pediu para encostar. Logo em seguida, ele encostou e aconteceu o que aconteceu”, afirmou ainda Gabrielle.

ADVOGADO DE MOTORISTA DIZ QUE CLIENTE FOI PERSEGUIDO

Defensor de empresário foragido narra que veículo da frente impediu a ultrapassagem do cliente na Rodovia Castello Branco. Na sequência, Adriano teria deslocado o carro para a direita e insistido na ultrapassagem, mas o casal teria jogado o veículo deles na mesma faixa, não permitindo que o empresário seguisse adiante.

O advogado do empresário, Luiz Carlos Tucho de Souza e Castro, disse ao UOL no domingo (16) que o cliente conseguiu ultrapassar a dupla em uma nova tentativa. Porém, o casal teria provocado uma colisão no carro “rival”, que quase levou ao capotamento do automóvel. Ambos os veículos estariam a cerca de 120 quilômetros por hora. Mais adiante na estrada, Adriano desceu para discutir com o casal.

Souza e Castro diz que casal foi “o causador dos problemas na rodovia” e fala que o carro deles era blindado. Ele afirmou que houve o disparo e o porte ilegal de arma de fogo, mas negou a tentativa de homicídio -como o caso foi registrado pela polícia. “Até porque o vidro era blindado e quem é da área sabe que estamos diante de um crime impossível para a finalidade homicida”, argumentou.

Ainda não obtive acesso aos autos do processo e Adriano não está em São Paulo, diz advogado. O defensor declarou que buscará entender quem é a autoridade que decretou a ordem de prisão e se ela está adequadamente fundamentada para analisar se irá apresentar Adriano à polícia ou se pedirá uma liminar (decisão provisória) para cassar essa ordem de prisão.

POLÍCIA CIVIL FAZ BUSCAS

Agentes tentam achar Adriano após a Justiça decretar a prisão temporária dele. O pedido ao judiciário foi feito pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Itapetininga (SP), que investiga o caso, após análise das imagens.

Policiais estiveram em um hotel no município de Piraju (SP), no sábado (15). O carro do empresário foi encontrado no estabelecimento e apreendido pelas autoridades. Ele não estava mais no local quando os agentes chegaram.

No domingo (16), os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na casa de Adriano. O passaporte do empresário, um cofre e uma espécie de espada usada em artes marciais foram apreendidos na ocasião. Os agentes seguem em diligências para localizá-lo, informou a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo).

Informações sobre o paradeiro do foragido podem ser comunicadas através do número de telefone 181.

BRIGA COMEÇOU APÓS COLISÃO

De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo, um casal estava em um veículo quando sofreu uma ultrapassagem de outro carro, momento em que houve uma colisão. O caso ocorreu na altura do quilômetro 110 da Rodovia Castello Branco.

Nas imagens, é possível ver o casal, identificado como Gabrielle Gimenez e William Isidoro, discutindo com o autor dos disparos. No vídeo, o empresário Adriano Domingues da Costa, que dirigia uma caminhonete, grita com o casal sobre o acidente, segurando uma arma, e retorna ao carro. Uma mulher que acompanhava Adriano é questionada se ela era policial e se o empresário estava com a arma dela, e confirma -no entanto, não há nenhuma comprovação de que ela realmente seja uma agente.

Após a discussão inicial, o homem se reaproxima do carro do casal. Ele pede para os ocupantes do veículo abaixarem o vidro da janela e, após negativa do casal, começa a disparar. Ainda segundo a SSP, o para-brisa do carro -que é blindado- e o farol dianteiro foram atingidos pelos tiros.

No momento dos disparos, a vítima estava em contato com a Polícia Militar. É possível ouvir, pela chamada telefônica, que o agente da PM pede que o casal não abaixe o vidro.

O caso foi registrado como tentativa de homicídio. O boletim de ocorrência foi feito na delegacia de Boituva e as investigações estão a cargo da Polícia Civil na Delegacia de Investigações Gerais de Itapetininga.

BEATRIZ GOMES / Folhapress

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