CBDA afrouxa regras e levará a Paris nadadores com índice fora da seletiva

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) anunciou nesta quarta-feira (9) uma flexibilização nos critérios previamente anunciados de classificação aos Jogos Olímpicos de Paris na natação. Atletas que fizerem o índice olímpico exigido internacionalmente fora da seletiva olímpica brasileira também poderão ser convocados.

Depois do fracasso da campanha brasileira na Rio-2016, a CBDA passou a adotar o modelo de seletiva única, comum nos países mais fortes da natação mundial. Ainda que a World Aquatics aceite índices feitos em diversos torneios, o Brasil só convocaria quem conseguisse o tempo mínimo na final da seletiva.

A regra valeu para os últimos Mundiais e para os Jogos de Tóquio, quando a seletiva foi na piscina aberta do Maria Lenk, e nadadores reclamaram de as provas deles terem sido realizadas sob chuva, ventos fortes e tempo frio, o que dificulta a obtenção de índices. Brandonn Almeida, Felipe França e João Luiz Gomes Jr chegaram a pedir uma segunda seletiva, mas não foram atendidos.

Agora, considerando também o mal momento vivido pela natação brasileira, que teve resultados ruins no Mundial, a CBDA decidiu aceitar índices feitos fora da seletiva para ocupar vagas remanescentes na delegação. Nas provas em que o Brasil não tiver dois classificados pela seletiva, outros nadadores podem ser convocados por resultados prévios.

Valem como tomada de índice as semifinais e finais do Mundial de Fukuoka, da Universíade (que já aconteceram) e do Mundial Júnior, as finais do Troféu José Finkel e dos Jogos Pan-Americanos, ainda este ano, semi e final do Mundial do ano que vem, em Doha, e a final da própria seletiva olímpica.

Os resultados do Mundial e da Universíade mostraram que o Brasil correria o risco de levar uma delegação muito pequena a Paris se adotasse o critério da seletiva única. Em Fukuoka, onde estava a elite da natação brasileira, só cinco atletas nadaram abaixo do índice: Guilherme Costa (400m e 800m livre), Beatriz Dizotti (1.500m livre), Guilherme Caribé (100m livre) e Kayky Mota (100m borboleta).

No Troféu Brasil deste ano, nadaram abaixo do índice também Marcelo Chierighini (100m livre), Leo de Deus (200m borboleta), Gabi Roncatto e Maria Fernanda Costa (ambas nos 400m livre).

Os revezamentos dependem de um ranking formado a partir dos resultados dos Mundiais de 2023 e 2024 para se classificarem. Precisam, na prática, terminar entre os 16 melhores tempos. É muito provável que o 4x100m livre masculino (sexto em Fukuoka), e os dois 4x200m livre (ambos oitavo) se classifiquem independentemente do resultado do Mundial do ano que vem. O 4x100m livre feminino, 11º em Fukuoka, também tem boas chances. Já os revezamentos medley precisarão melhorar de desempenho em Doha.

Nem todos os revezamentos classificados, porém, deverão ir a Paris — e a CBDA não detalhou qual a ordem de prioridade. Isso porque cada país pode levar só uma proporção de dois atletas extras para cada revezamento classificado.

Entre os nadadores de 100m e 200m livre (os revezamentos mais prováveis de se classificar), só Caribé, Maria Fernanda, Roncatto e Cachorrão estão, por enquanto, qualificados. Seriam necessários mais 12 atletas para que os quatro revezamentos nadem. E o Brasil só teria oito vagas.

DEMÉTRIO VECCHIOLI / Folhapress

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