SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com um lance de R$ 1,601 bilhão, a CCR arrematou a Rota Sorocabana no leilão realizado pelo Governo de São Paulo nesta quarta-feira (30) na B3 (a Bolsa de Valores). A concessão abrange 12 rodovias, incluindo trechos da Raposo Tavares (SP-270) e da Castelo Branco (SP-280).
A outorga mínima fixada pelo governo estadual era de aproximadamente R$ 597,5 mil. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) estava no evento.
A EcoRodovias propôs R$ 1,6 bilhão pelo lote, a segunda maior oferta.
Em discurso após o leilão, Tarcísio disse que pretende deixar as privatizações como um dos legados de sua gestão. Ele citou como exemplos a privatização da Sabesp, da Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia) e o projeto de PPP (parceria público-privada) para construção e manutenção de escolas estaduais, que foi leiloado ontem sob protestos de movimentos estudantis e sindicatos.
“A gente está com a nata das concessionárias de rodovias aqui. Para nós, é um sinal de prestígio e confiança. A gente está apostando muito no capital privado aqui em São Paulo”, disse.
Com volume de investimentos de R$ 8,8 bilhões e extensão de 460 km, a Rota Sorocabana faz parte dos 1.800 km de rodovias qualificadas no PPI-SP (Programa de Parcerias de Investimentos do Estado de São Paulo). O lote inclui trechos rurais operados atualmente pela CCR ViaOeste e outras estradas sob gestão do DER-SP (Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo).
A concessão abrange 12 rodovias, entre elas a Castelo Branco (SP-280), a Santos Dumont (SP-075), a Raposo Tavares (SP-270) e a Dr. Celso Charuri (SPI-091/270).
Na entrada, alguns manifestantes faziam um protesto tímido contra as mudanças previstas na Nova Raposo, concessão que será leiloada pelo governo estadual no fim de novembro. O projeto, que conta com outro trecho da Raposo Tavares (mais próximo à capital), prevê pistas marginais que passarão por zonas residenciais.
Ernesto Maeda, que faz parte da coordenação do movimento (chamado de “Nova Raposo, Não!”), diz que o grupo se antecipa e já protesta contra o leilão do próximo mês. “É um projeto rodoviarista que vai dar mais espaço para carros”, afirmou à reportagem antes do leilão. Os manifestantes distribuíram folhetos com os dizeres “Metrô, sim! Pedágio, não!”.
Na primeira etapa do leilão desta quarta, as maiores ofertas foram propostas pela CCR (R$ 1,45 bilhão) e pela EcoRodovias (R$ 1,38 bilhão). As duas concessionárias seguiram para o viva-voz, quando os proponentes vão aumentando suas propostas, até chegarem ao valor final.
A CCR já detém, atualmente, parte das estradas leiloadas no projeto. Esses contratos estão perto do fim e, por isso, serão ofertados novamente ao mercado.
As estradas da carteira da CCR ViaOeste foram divididas em duas concessões: a Rota Sorocabana e a Nova Raposo. Quando o atual contrato de concessão acabar, a ViaOeste deixará de existir.
Outra concorrente, a gestora Pátria Investimentos ofereceu R$ 1,09 bilhão pela concessão.
A EPR, por sua vez, tentou abocanhar sua primeira concessão em São Paulo, sem sucesso. A empresa apresentou um lance de R$ 864 milhões.
O número de concorrentes é visto como satisfatório para o setor, que nos últimos anos vem presenciando leilões esvaziados, com poucas proponentes.
Especialistas já projetavam boa atratividade na Rota Sorocabana. Segundo eles, as estradas concedidas possuem características conhecidas, o que garante maior previsibilidade aos investidores.
A CCR vinha fazendo participação mais tímida nos últimos leilões de rodovias. No último certame, que leiloou a chamada Rota dos Cristais (entre Belo Horizonte a Cristalina, em Goiás) à iniciativa privada, a concessionária ofertou um desconto de 1,75% sobre a tarifa básica de pedágio, o menor valor entre as participantes. Na ocasião, saiu vencedor o grupo francês Vinci, que propôs um corte de 14,32%.
Em abril deste ano, na relicitação da BR-040, a CCR ofertou um corte de 1% na tarifa básica de pedágio e foi superada pela EPR (parceria entre Equipav e Perfin), cujo desconto oferecido foi de 11,21%.
A disputa marca, mais uma vez, a presença de uma gestora de recursos (nesta ocasião, o Pátria Investimentos) entre os proponentes, cenário que tem se tornado cada vez mais comum. Em agosto deste ano, a chamada Rodovia da Morte (BR-381) foi arrematada pela administradora curitibana 4UM, que desbancou a outra única concorrente, a gestora Opportunity.
Por meio do consórcio Infraestrutura Brasil Holding XXI, o Grupo Pátria levou, no ano passado, 473 km de rodovias no Paraná, ao oferecer um desconto de 18,25% na tarifa por quilômetro rodado. A outra única concorrente, a Infraestrutura PR, do Grupo Equipav, apresentou um desconto de 8,30%.
PAULO RICARDO MARTINS / Folhapress