SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Brasil tinha 160.784 pessoas morando em asilos em 2022, segundo levantamento do Censo 2022 divulgado nesta sexta-feira (6). Esse contingente é maior do que a população de 5.386 cidades do país.
Os residentes de asilos ou outras instituições de longa permanência para idosos fazem parte do grupo de domicílios coletivos, cuja população foi detalhada nesta divulgação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Ao todo, o país tinha 837.251 desses moradores em 2022, número 22% mais alto do que os 682.896 mapeados em 2010. Mais da metade 479.191 pessoas vivia em penitenciárias, centros de detenção e similares. Foram considerados os encarcerados com alguma sentença, que estavam na prisão havia mais de um ano e que dormiam nos presídios.
Depois das penitenciárias e asilos, os maiores contingentes estão em hotéis e pensões (46.269), alojamentos (30.090) e clínicas psiquiátricas, comunidades terapêuticas e similares (24.287).
Ainda, os dados mostram 24.110 pessoas vivendo em abrigos, casas de passagem ou repúblicas assistenciais, 14.374 em orfanatos, 11.295 em abrigos, albergues e casas de passagem para pessoas em situação de rua, 7.514 em unidades de internação de menores, 845 em quartéis e 38.492 no grupo “outros”.
A última categoria abrange, por exemplo, pessoas em algum tipo de instalação médica que demandam internações longas ou mulheres vítimas de violência que ficam em repúblicas ou abrigos específicos.
O IBGE aponta que o levantamento dos residentes nessas situações não pode ser comparado com outras pesquisas, como o censo da Prefeitura de São Paulo, com 31.884 pessoas em situação de rua na cidade em 2021, e os números do CadÚnico (Cadastro Único), que somam 227.087 nesta situação em 2023, segundo estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
O mesmo vale para os dados de penitenciárias, já que os números mais recentes são informados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. A pasta aponta que o país tinha cerca de 580 mil pessoas presas em 2023.
Regiões mais envelhecidas, Sul e Sudeste concentram 82,3% dos moradores de asilos, e o Norte, no outro extremo, 1,3%. As três maiores populações do grupo estão em São Paulo (50.538), Minas Gerais (27.472) e Rio Grande do Sul (22.359).
Segundo Isabel Moreira, coordenadora do curso de Serviço Social do Centro Universitário UniDomBosco, a principal preocupação no acolhimento desse grupo, que tem maioria feminina e com 80 anos ou mais, é fortalecer vínculos familiares.
“O idoso recebe a família, e com esse trabalho convida a família para dentro da instituição para acompanhamento, fazer atividades e esses resgates desses vínculos.”
Em casos de abandono, não são apenas dificuldades financeiras que fazem a família a se afastar do idoso, mas uma visão de que a pessoa vai atrapalhar.
Para enfrentar essa situação, a professora defende a fiscalização contínua nos estabelecimentos, além de um acompanhamento próximo da família. Ainda, ela aponta que, a partir da divulgação dos números do Censo, é preciso verificar onde é necessário ampliar a instalação de equipamentos de referência que respeitem o Estatuto da Pessoa Idosa e promovam atividades para manter o desenvolvimento e o bem-estar dos residentes.
LUCAS LACERDA / Folhapress