BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, criticou nesta quinta-feira (27) a movimentação de militares bolivianos contra o governo de Luis Arce. “A democracia é um valor fundamental para o Brasil como reafirmamos ontem ao rechaçar a inaceitável tentativa de golpe de Estado na Bolívia”, afirmou o chanceler.
Outro ministro do governo Lula (PT), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), também condenou a tentativa de derrubar o presidente boliviano e afirmou que não há espaço para “ditaduras e tentativas de golpe de Estado na América Latina”.
As declarações ocorreram durante a abertura da 3ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o chamado Conselhão.
Primeiro a discursar, Alexandre Padilha exaltou a atuação de Lula e da diplomacia ao se posicionar prontamente para rechaçar a movimentação de militares na Bolívia. E declarou que não se aceitam mais golpes e ditaduras no continente.
“[Queria] agradecer a postura firme da diplomacia brasileira e do presidente Lula no fato recente de ontem, onde mais uma vez a democracia na América Latina esteve em risco. E a posição do presidente Lula e do ministro Mauro Vieira foi decisiva para apoiar as forças democráticas na Bolívia e dizer que não aceitamos mais ditaduras e golpes na América Latina”, afirmou.
Nesta quarta-feira (26), militares das Forças Armadas da Bolívia chegaram a tomar a praça em La Paz onde fica o palácio presidencial, com soldados adentrando o prédio liderados por um general que havia sido destituído do cargo na véspera.
Arce ordenou que o general Juan José Zúñiga desmobilizasse as tropas imediatamente e em seguida demitiu os três chefes das Forças Armadas e nomeou seus substitutos. O novo comandante do Exército, José Wilson Sánchez, repetiu a ordem para que as tropas se retirassem.
Depois de horas de tensão, os soldados obedeceram e deixaram a praça Murillo.
O general, por sua vez, foi preso pelas autoridades bolivianas, mas afirmou que a ação foi incentivada pelo próprio Arce, que teria arquitetado um autogolpe para aumentar sua popularidade. O presidente não respondeu diretamente a esta acusação.
JULIA CHAIB E RENATO MACHADO / Folhapress