SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma carta da entidade BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), assinada por personalidades como Chico Buarque e outras figuras das artes, da política e da academia, foi enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira (28) com um pedido de ruptura com Israel. “É indispensável que o Brasil se junte às demais nações que aplicaram sanções ao regime israelense, rompendo relações diplomáticas e comerciais com o estado sionista de Israel”, afirma o documento.
Além de Chico Buarque, entre os signatários há nomes como Carol Proner, Arlene Clemesha, Manuela D’Ávila, Emir Sader, Erika Hilton e Francisco Rezek. A carta recomenda ao governo brasileiro um “embargo militar bilateral e embargo energético” contra a gestão de Binyamin Netanyahu.
Ao menos 113 pessoas, seis partidos, sete entidades sindicais, 29 organizações e comitês árabes e palestinos e 89 organizações da sociedade civil já firmaram o documento, que segue aberto à adesão pública.
O texto justifica os pedidos a Lula a partir do que classifica de violação e desrespeito de Tel Aviv. “Israel viola abertamente deliberações emanadas da Corte Internacional de Justiça, colocando-se à margem do direito, além de desrespeitar o Conselho de Segurança e a Assembleia Geral da ONU”. Por isso, segundo a carta, as sanções são o “mecanismo adequado e essencial para endereçar a situação”. “Sem embargo, o Brasil segue exportando petróleo e negociando compra e venda de equipamentos militares com o Estado israelense e suas empresas.”
O documento fala em pronunciamentos “firmes e coerentes” do presidente contra a ofensiva de Israel em Gaza e justifica o pedido por mais medidas com “a crescente violência imposta pelo estado sionista de Israel aos civis palestinos, a violação do frágil acordo de cessar-fogo, o bloqueio desumano e cruel que ameaça a vida de 2,3 milhões de pessoas em Gaza, em especial 14 mil bebês que se encontram em risco iminente de morte, o ataque a diplomatas de diferentes países”.
O objetivo, com isso, seria provocar “uma onda necessária para que se encerre essa carnificina e para que os direitos inalienáveis do povo palestino sejam respeitados e garantidos em sua totalidade”.
Após o envio e a publicação do material, a Fisesp (Federação Israelita do Estado de São Paulo) publicou uma nota em que “manifesta profunda preocupação” sobre o texto. A organização classifica de inadmissível o fato de a carta não mencionar os ataques do grupo terrorista Hamas, as consequentes mortes e os reféns que ainda permanecem na Faixa de Gaza.
A Fisesp defende que “Israel tem o direito inalienável de existir em paz e de se defender de ameaças existenciais, especialmente quando essas ameaças partem de organizações que, publicamente, negam o direito à vida do povo judeu e pregam sua aniquilação”. Ainda acrescenta que Tel Aviv “é uma democracia plural, comprometida com os direitos de seus cidadãos, judeus, árabes, cristãos, drusos e outros e com os valores que fundamentam o Ocidente democrático”.
Redação / Folhapress
