China bate recorde em exportações, opção mais barata para o azeite e o que importa no mercado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – China expande seu domínio nas exportações de produtos manufaturados e é barrada de importar chips americanos, opção mais barata para o azeite e outros destaques do mercado nesta terça-feira (14).

**A BALANÇA MAIS PESADA DO MUNDO**

A balança comercial é a medida que relaciona as importações e exportações que um país faz em um determinado período de tempo. Quando há mais exportações do que importações, dizemos que houve superávit. Caso contrário, houve déficit.

Com o anúncio de seus resultados nesta segunda-feira (13), a China zerou o jogo. Divulgou que seu superávit em 2024 foi de US$ 990 bilhões (R$ 20,81 trilhões) em vantagem comercial.

O país exportou US$ 3,58 trilhões (R$ 21,8 trilhões) e importou US$ 2,59 trilhões (R$ 15,8 trilhões).

Tamanho do feito: o superávit chinês do ano passado foi o maior entre todos os países neste século. Superou gigantes da exportação como Alemanha, Japão e EUA.

“As fábricas chinesas estão dominando a manufatura global em uma escala que não é vista desde o que os EUA fizeram depois da 2ª Guerra Mundial”, escreveu o repórter Keith Bradsher para o New York Times.

A título de comparação, o Brasil terminou o ano de 2024 com um superávit de US$ 74,6 bilhões (R$ 455,1 bilhões) . Especialistas avaliam como um bom resultado, mas ainda é quase catorze vezes menor que o chinês.

COMO CHEGAMOS AQUI?

Vamos por partes…

Uma fatia do resultado pode ser atribuída ao desincentivo às importações que o governo chinês tem exercido nos últimos anos –o consumo de produtos domésticos foi priorizado.

De forma geral, os chineses importam commodities e exportam bens manufaturados, ou seja, produzidos pela indústria.

Com o plano Made in China 2025, o governo comprometeu US$ 300 bilhões (R$ 1,8 trilhão) para promover a manufatura de produtos tecnológicos.

O país deixou de importar carros para tornar-se a maior exportadora de carros do mundo, superando Japão, Coreia do Sul, México e Alemanha.

SABEMOS BEM…

A BYD, chinesa que produz veículos elétricos, fez com que o Brasil importasse mais veículos do que exportasse. A empresa constrói sua fábrica em Camaçari, na Bahia.

Outra montadora chinesa, a GWM começa a produzir no Brasil em maio, em Iracemápolis, no interior de São Paulo.

ACABOU A FARRA (?)

As exportações aumentaram em dezembro, batendo o recorde para um resultado mensal: vantagem de US$ 104,8 bilhões (R$ 639,3 bilhões).

Uma das hipóteses é que americanos e importadores de outras nacionalidades tenham corrido para adquirir bens chineses antes que Donald Trump assuma a presidência dos Estados Unidos, em 20 de janeiro.

O novo-antigo presidente prometeu taxar a importação de produtos chineses em até 60%.

**O XADREZ CONTINUA**

Com o que já discutimos hoje, dá para dizer que a guerra comercial entre China e EUA continua a todo vapor. Nenhum dos lados parece querer recuar.

Nesta segunda-feira (13), os americanos deram mais um passo na restrição do acesso de chineses à alta tecnologia produzida no país ocidental: anunciaram novas regras de exportação para chips usados para inteligência artificial (IA).

Restrições do tipo são anunciadas desde de 2023. Certos tipos de chips de IA não podem ser exportados para a China, com a justificativa de proteção da economia e dos avanços dos americanos.

“Os EUA precisam agir para liderar essa transição [da IA], assegurando que a tecnologia americana suporte a inteligência artificial global e que os adversários não possam abusar facilmente de IA avançada”, lê-se nos documentos.

As exportações para Rússia, Cuba, Coreia do Norte, Venezuela, Síria, entre outros países, também foram obstruídas.

REAÇÃO

Pequim diz que os novos obstáculos são uma “violação flagrante” das regras de comércio internacional. Entidades do mercado da tecnologia também manifestaram-se contra a decisão.

“Disfarçadas como uma medida ‘anti-China’, essas regras não farão nada para melhorar a segurança dos EUA (…). Em vez de mitigar ameaças, as novas regras de Biden enfraquecerão a competitividade americana globalmente, minando a inovação que sempre os manteve à frente”, publicou a gigante Nvidia em seu blog.

Líder em chips para IA no mundo, a Nvidia viu seus papéis terminarem o pregão da segunda-feira em queda de 2% na Nasdaq, uma das bolsas de valores americanas.

POR QUE A RAIVA?

As empresas sediadas nos EUA que desenvolvem chips de IA veem nas medidas uma restrição de seus lucros. Como citei anteriormente, a China está investindo em tecnologia avançada, o que envolve, é claro, inteligência artificial.

A Nvidia tem interesse em vender para o país asiático, que expande seu interesse em modernização.

No mandato de Trump, a tendência é que a situação ferva ainda mais. Estaremos atentos.

**AZEITE QUE NÃO É BEM AZEITE…**

Marcas de azeite se adaptam à nova realidade dos preços do produto, que acumula altas históricas (já explico por que). Elas lançaram produtos oriundos da oliva, mas que não são exatamente…azeite.

SALGADO

Só em 2024, o azeite acumulou uma inflação de 21,53%, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). De repente (ou nem tanto), o item culinário virou artigo de luxo.

Redes de supermercado chegaram a colocar lacres antifurto nas embalagens.

O item culinário chegou ser o produto mais buscado na semana anterior à Black Friday no Brasil.

ENTENDA

O problema é global. Surgiu após quebras nas safras em países produtores (Portugal, Espanha, Grécia, Itália, etc.), atribuídos ao aumento das temperaturas e às mudanças climáticas.

Menos azeitona, menos azeite. O produto ficou mais caro devido à escassez da matéria prima.

A RESPOSTA

Marcas como a Gallo estão trazendo para o Brasil uma forma de consumir o produto que já é comum em países como os EUA e na Europa.

Ela trouxe um rótulo de óleo de oliva, chamado ‘de olliva’. O produto é menos sofisticado que o azeite, mas que tem preços mais baixos –em média, menos de R$ 30 a garrafa.

O óleo de oliva é feito a partir dos componentes restantes das produções de azeite virgem e extravirgem.

Depois do recolhimento, passa por um processo de refinamento para garantir a qualidade.

ORIGINAL

Ainda que seja menos sofisticado que um azeite, o óleo é seguro para consumo e uma opção viável para quem não quer pagar tanto em um condimento. O mesmo não pode ser dito para marcas de azeites falsificados, que ficaram mais comuns com a escalada do preço.

Em outubro de 2024, o Ministério da Agricultura proibiu a venda de 12 marcas ao detectar a presença de óleos vegetais não identificados na composição do produto.

NOVOS TEMPOS?

As colheitas de oliva em 2024 foram melhores na Espanha, país que mais produz azeite no mundo. Isso alivia a expectativa de mais aumentos. Com a melhora nos preços dos produtores, o alívio deve chegar no Brasil nos próximos meses.

“A redução deve acontecer principalmente no segundo semestre deste ano, mas os preços não devem voltar a ser igual aos que eram antigamente”, diz Cristiane Souza, CEO do grupo Gallo no Brasil.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

INSS

Veja a nova tabela de contribuição ao INSS para MEI, servidor e CLT. Recolhimento obrigatório dá direito a benefícios previdenciários como auxílio-doença e aposentadoria.

ENERGIA

Mineradora australiana chega a MG para cutucar monopólio dos Moreira Salles. St. George quer extrair nióbio em Araxá, de onde vem importante receita do estado.

LUANA FRANZÃO / Folhapress

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