Chineses saúdam e ironizam Trump após ele anunciar vitória

PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – A rede CCTV e a agência Xinhua, os dois principais meios estatais da China, noticiaram a iminente vitória de Donald Trump assim que ela foi anunciada pelo próprio -—sem esperar as projeções dos meios tradicionais americanos. No título do jornal Pengpai Xinwen (The Paper) para o despacho da Xinhua, “Trump declarou vitória”.

“O ex-presidente dos EUA e candidato presidencial republicano Donald Trump, no Centro de Convenções de Palm Beach, na Flórida, EUA, durante a festa da eleição, fez um discurso anunciando que venceu a eleição presidencial de 2024 e expressou gratidão aos seus apoiadores”, leu o apresentador da CCTV, reproduzido por plataformas como Douyin, o TikTok original.

A rede de TV e a agência não foram além do registro breve, como sempre à espera da manifestação oficial de Pequim, possivelmente do próprio líder Xi Jinping. A chancelaria chinesa já havia se manifestado, antes da definição do vencedor, dizendo esperar “convivência pacífica”.

A notícia abriu o caminho para Trump ocupar o alto dos tópicos da rede social Weibo e de canais como Ifeng (Phoenix), que abrange a chamada Grande Área da Baía, de grandes cidades como Guangzhou, Shenzhen e Hong Kong.

No Weibo, em que o tom é agressivo como nas plataformas americanas tipo X, usuários criticaram a divulgação do resultado supostamente antes da hora, “Sério, CCTV?”, e partiram para comentar o presidente eleito, tanto positiva como negativamente.

“Os tempos felizes de Trump estão de volta”, escreveu uma, de Hubei. “Vai terminar Rússia-Ucrânia em 24 horas?”, ironizou outro, de Guandong. Houve cobranças para “não interferir na reunificação da China com Taiwan” e lamentos porque “a situação [dos EUA] em relação à China não vai mudar”. Também atenção para Elon Musk, da Tesla e da SpaceX, que “aposta para vencer”.

Entre os seguidores do controverso jornalista e influenciador Hu Xijin, que acaba de sair de uma suspensão de três meses em mídia social, um comentário conclamava Trump, com sarcasmo, a “aproveitar o momento e iniciar a guerra civil ou a guerra mundial”.

Mais séria, a análise imediata no Ifeng projetou as “grandes mudanças” de Trump. Entre outras, deve iniciar a “guerra mundial de tarifas”, intensificar a crise climática, revirar a Guerra da Ucrânia e tornar mais urgente aquela no Oriente Médio. “Pobre Gaza, pobre Líbano”, anotou o veículo.

O fascínio com Trump nas plataformas chinesas não começou com a vitória. Vídeos dele em campanha ou de sua família, sobretudo os filhos Barron e Ivanka, ocupam há semanas tanto o Douyin como o concorrente Kuaishou.

NELSON DE SÁ / Folhapress

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